É inaceitável numa democracia que um presidente da República seja
xingado publicamente de modo grosseiro, especialmente num evento do
porte da abertura da Copa do Mundo, vista por mais de 3 bilhões de
pessoas em todo o planeta.
É grosseiro, merece nosso repúdio, mas não podemos esquecer o contexto
que levaram milhares de pessoas a xingar a presidente Dilma Rousseff no
Itaquerão. E muito menos aceitar a "vitimização" que o PT pretende impor
à sociedade em mais uma de suas "armadilhas" em lançar falsas questões
em falsos debates, com falsos argumentos.
Acreditar que aqueles que a xingaram são "cretinos", "facínoras", integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro e é imaginar que ele não tem memória ou capacidade de interpretar gestos políticos.
Por anos o PT e seus principais dirigentes atacaram duramente a figura do presidente da República, qualquer que fosse o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, todos eles sofreram agressões grosseiras de Lula e de outros próceres do partido. Na fila de desafetos petistas incluem-se Mário Covas (chegou a ser agredido fisicamente), José Agripino e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, inclusive ameaçado de morte.
Essa sempre foi a estratégia política do partido da atual presidente da República, desde a sua fundação. A de agredir quem pensa diferente, a de acirrar os conflitos em dicotomias simplistas –"elite branca" versus "maioria negra"– e a de não respeitar a decisão da maioria, como nos episódios da campanha do "Fora FHC" e da Constituição de 1988, que resistiram a assinar.
Agora tentam utilizar o episódio do Itaquerão para reverter a situação e "vitimizar" a presidente Dilma Rousseff na figura de mulher, "mãe de família", "avó indefesa", para obter ganhos políticos eleitoreiros.
Esquecem, propositadamente, que a própria Dilma Rousseff usou o dinheiro público na rede nacional de rádio e TV para estimular o conflito. Contribuiu com uma safra de ofensas que incluiu expressões pouco republicanas para a liturgia de seu cargo, como "derrotados", "fantasmas do passado".
Tentam, ao vitimizá-la, ludibriar a opinião pública e fazer com que se esqueça que, por trás das vaias e dos grosseiros xingamentos, existem insatisfações concretas na população, que já se materializaram nas ruas em junho do ano passado.
A economia vai mal, a inflação recrudesce, os juros sobem e a corrupção grassa solta. Os gastos astronômicos e superfaturados das obras da Copa, o inexistente legado e a incompetência em cumprir o prometido comprometeram a imagem do governo e do país, aqui e no exterior, como indicam as pesquisas.
Mesmo assim, numa vã tentativa de iludir a população, eles fingem que essas informações não se referem à gestão deles. Esse é o quadro, inaceitável numa democracia. Não podemos deixar mais esse exercício cínico de vitimologia do PT prosperar. Precisamos desmascará-lo e garantir um regime democrático pleno, sem xingamentos, mas sem mentiras nem vitimização.
Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Acreditar que aqueles que a xingaram são "cretinos", "facínoras", integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro e é imaginar que ele não tem memória ou capacidade de interpretar gestos políticos.
Por anos o PT e seus principais dirigentes atacaram duramente a figura do presidente da República, qualquer que fosse o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, todos eles sofreram agressões grosseiras de Lula e de outros próceres do partido. Na fila de desafetos petistas incluem-se Mário Covas (chegou a ser agredido fisicamente), José Agripino e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, inclusive ameaçado de morte.
Essa sempre foi a estratégia política do partido da atual presidente da República, desde a sua fundação. A de agredir quem pensa diferente, a de acirrar os conflitos em dicotomias simplistas –"elite branca" versus "maioria negra"– e a de não respeitar a decisão da maioria, como nos episódios da campanha do "Fora FHC" e da Constituição de 1988, que resistiram a assinar.
Agora tentam utilizar o episódio do Itaquerão para reverter a situação e "vitimizar" a presidente Dilma Rousseff na figura de mulher, "mãe de família", "avó indefesa", para obter ganhos políticos eleitoreiros.
Esquecem, propositadamente, que a própria Dilma Rousseff usou o dinheiro público na rede nacional de rádio e TV para estimular o conflito. Contribuiu com uma safra de ofensas que incluiu expressões pouco republicanas para a liturgia de seu cargo, como "derrotados", "fantasmas do passado".
Tentam, ao vitimizá-la, ludibriar a opinião pública e fazer com que se esqueça que, por trás das vaias e dos grosseiros xingamentos, existem insatisfações concretas na população, que já se materializaram nas ruas em junho do ano passado.
A economia vai mal, a inflação recrudesce, os juros sobem e a corrupção grassa solta. Os gastos astronômicos e superfaturados das obras da Copa, o inexistente legado e a incompetência em cumprir o prometido comprometeram a imagem do governo e do país, aqui e no exterior, como indicam as pesquisas.
Mesmo assim, numa vã tentativa de iludir a população, eles fingem que essas informações não se referem à gestão deles. Esse é o quadro, inaceitável numa democracia. Não podemos deixar mais esse exercício cínico de vitimologia do PT prosperar. Precisamos desmascará-lo e garantir um regime democrático pleno, sem xingamentos, mas sem mentiras nem vitimização.
RONALDO CAIADO, 64, deputado federal (DEM-GO), é líder da minoria do Congresso Nacional
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PARTICIPAÇÃO
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