A
conta vai chegar, mesmo que tardar. Em mais uma medida atabalhoada e
reativa, o governo federal definiu como pretende pagar as contas
bilionárias que estão nascendo por causa do uso intensivo das
termelétricas no país.
De
bilhão em bilhão, o governo acabou juntando R$ 21 bilhões para cobrir
os gastos extras com a energia mais cara que vem da queima de óleo e
afins. Até agora, a reserva era de R$ 9 bilhões.
O reforço foi anunciado
pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega e a equipe do governo que cuida
do setor elétrico.
Esse extra todo deve cobrir o rombo no caixa das
distribuidoras de energia com o gasto excessivo e imprevisto da compra
da energia térmica.
Dos
R$ 12 bilhões a mais, R$ 4 bilhões virão do Tesouro Nacional – que
emite dívida para repassar o dinheiro às distribuidoras.
Os outros R$ 8
bilhões serão resultado de uma operação inédita entre o governo e o
setor privado.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é
uma organização que coordena o mercado de energia de curto prazo para a
compra e venda e megawatts entre as empresas.
Ela recebeu sinal verde do
governo para tomar esse dinheiro no “mercado” e cobrir os custos das
distribuidoras.
Segundo
o ministro Mantega, parte desse empréstimo assumido pela CCEE será
recompensado com aumento de tarifas e de impostos.
Que impostos? Eles só
vão contar os detalhes sórdidos mais para frente.
Essa
é a conta a ser paga – R$ 21 bilhões. Por quem?
Pelos
consumidores/contribuintes e uma parte pelas empresas do setor elétrico
(ah bom!).
Quando ela vai ser paga? A partir de 2015, claro, depois das
eleições.
Como ela vai ser paga? Ainda não está claro quanto será
cobrado de quem.
O que é certo é que na divisão desse bolo encruado, boa
parte vai sair do bolso dos brasileiros.
A
conta embaraçada apresentada pelo governo, que mais parece coisa do
professor Pardal, surgiu para evitar dois outros problemas.
O primeiro
deles é a inflação, que está alta e não tem espaço para acomodar
reajustes inesperados agora, sob o risco de haver estouro da meta, ou
seja, passar dos 6,5%. Imagine para onde teriam que ir os juros para
segurar essa pressão?
O
segundo é o famigerado superávit primário. O governo luta para
recuperar a credibilidade no trato das contas públicas e anunciou uma
meta bem difícil de economia de gastos este ano para o pagamento dos
juros da dívida pública.
A
pergunta que não quer calar é: será que foi precipitada a decisão do
governo de baixar as tarifas de energia em 20% (em média) há pouco mais
de um ano?
É preciso um pouco mais de tempo para responder com
convicção. Agora dá para dizer que a ideia foi boa porque o Brasil tem
um dos custos mais altos de energia elétrica no mundo.
Mas não dava para
contar apenas com a ajuda de São Pedro.
E agora também não vale
culpá-lo por tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário