sexta-feira, 14 de março de 2014

Polícia indicia militantes de PSOL e PSTU por vandalismo

Rio Grande do Sul

 

VEJA

 

Sete pessoas foram acusadas de destruição, furto qualificado, porte de explosivo e formação de milícia em protestos na capital gaúcha no ano passado

 

Eduardo Gonçalves
Protesto do dia 27 de junho terminou em conflito com a PM e cenas de vandalismo no centro de Porto Alegre
Protesto do dia 27 de junho terminou em conflito com a PM e cenas de vandalismo no centro de Porto Alegre (Agencia RBS)

 
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira sete pessoas acusadas de promover e incitar atos de vandalismo, furto qualificado, porte de material explosivo e formação de milícia privada em protestos ocorridos em junho do ano passado. 

Entre os indiciados, dois exercem cargos de liderança em grupos estudantis ligados a partidos de esquerda: Lucas Maróstica (PSOL) e Matheus Gomes (PSTU). 

Ambos já se candidataram a vereador pelas legendas e são figuras frequentes nos protestos realizados em Porto Alegre. 

Segundo o delegado Marco Antônio Duarte, responsável pela investigação, os indiciados formaram um grupo que planejou ataques e depredações ao patrimônio público e privado durante as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus na capital gaúcha.

 “Eles se organizaram antecipadamente e aproveitaram os protestos para promover depredações na cidade”, afirmou. 

De acordo com o Código Penal, o crime de formação de milícia privada prevê pena de quatro a oito anos de prisão para quem "constituir, organizar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular ou esquadrão com a finalidade" de cometer crimes. 

A lei, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2012, tem punição mais severa do que a prevista para formação de quadrilha — com pena estimada de 1 a 3 anos de reclusão.


Em oito meses de investigação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências e locais de encontro dos acusados, além de reunir depoimentos de testemunhas, imagens e vídeos para comprovar a autoria do grupo nos delitos. 

O resultado foi um relatório de três volumes com 192 páginas, que deve ser entregue à Justiça gaúcha nos próximos dias. Segundo o delegado, o grupo tem ligação com o Black Bloc de Porto Alegre.

Primeira destruição - 

O ponto de partida da investigação foi o protesto do dia 27 de junho, no centro da cidade. 

O ato convocado pelo Bloco de Lutas, grupo ao qual os acusados fazem parte, começou pacífico, mas terminou em confronto com a Polícia Militar e deixou um rastro de destruição. 

Na ocasião, o Palácio da Justiça foi danificado, lojas foram saqueadas, dois PMs ficaram feridos e oito manifestantes foram detidos — entre eles estava um dos indiciados no inquérito.

A ex-deputada Luciana Genro, filha do governador Tarso Genro (PT), que advoga para o militante do PSOL, classificou como “escandaloso” o indiciamento dos manifestantes. 

Em entrevista à Rádio Gaúcha, ela afirmou que a investigação é uma tentativa de "criminalizar movimentos sociais e partidos de esquerda", sobretudo o PSOL. 

“Tive acesso aos documentos [do processo], não há absolutamente nenhuma prova que mostre que eles [Maróstica e Gomes] fizeram parte de uma ação para promover depredação ou quebradeira”, disse Luciana.

Em seus perfis no Facebook, Maróstica e Gomes defenderam-se, dizendo que estão sendo perseguidos e que não há nenhuma prova contra eles.

 “Não somos milicianos, somos jovens em movimento. 

Mesmo sem provas, sem vídeos, sem imagens, a Polícia decidiu levar adiante o inquérito. Tudo para intimidar, acuar o processo de mobilizações. 

Essas ações policialescas colocam em xeque a "democracia" e escracham a perseguição política que estamos sofrendo”, publicou Maróstica nas redes sociais. 

Além de atuarem na juventude do PSOL e do PSTU, os dois estudam na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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