Rio Grande do Sul
VEJA
Sete pessoas foram acusadas de destruição, furto qualificado, porte de explosivo e formação de milícia em protestos na capital gaúcha no ano passado
Eduardo Gonçalves
Protesto do dia 27 de junho terminou em conflito com a PM e cenas de vandalismo no centro de Porto Alegre
(Agencia RBS)
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira
sete pessoas acusadas de promover e incitar atos de vandalismo, furto
qualificado, porte de material explosivo e formação de milícia privada
em protestos ocorridos em junho do ano passado.
Entre os
indiciados, dois exercem cargos de liderança em grupos estudantis
ligados a partidos de esquerda: Lucas Maróstica (PSOL) e Matheus Gomes
(PSTU).
Ambos já se candidataram a vereador pelas legendas e são figuras
frequentes nos protestos realizados em Porto Alegre.
Segundo o delegado Marco Antônio Duarte, responsável pela
investigação, os indiciados formaram um grupo que planejou ataques e
depredações ao patrimônio público e privado durante as manifestações
contra o aumento das tarifas de ônibus na capital gaúcha.
“Eles se
organizaram antecipadamente e aproveitaram os protestos para promover
depredações na cidade”, afirmou.
De acordo com o Código Penal, o crime
de formação de milícia privada prevê pena de quatro a oito anos de
prisão para quem "constituir, organizar, manter ou custear organização
paramilitar, milícia particular ou esquadrão com a finalidade" de
cometer crimes.
A lei, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em
2012, tem punição mais severa do que a prevista para formação de
quadrilha — com pena estimada de 1 a 3 anos de reclusão.
Em oito meses de investigação, a polícia cumpriu mandados de busca e
apreensão nas residências e locais de encontro dos acusados, além de
reunir depoimentos de testemunhas, imagens e vídeos para comprovar a
autoria do grupo nos delitos.
O resultado foi um relatório de três
volumes com 192 páginas, que deve ser entregue à Justiça gaúcha nos
próximos dias. Segundo o delegado, o grupo tem ligação com o Black
Bloc de Porto Alegre.
Primeira destruição -
O ponto de partida da
investigação foi o protesto do dia 27 de junho, no centro da cidade.
O
ato convocado pelo Bloco de Lutas, grupo ao qual os acusados fazem
parte, começou pacífico, mas terminou em confronto com a Polícia Militar
e deixou um rastro de destruição.
Na ocasião, o Palácio da Justiça foi
danificado, lojas foram saqueadas, dois PMs ficaram feridos e oito
manifestantes foram detidos — entre eles estava um dos indiciados no
inquérito.
A ex-deputada Luciana Genro, filha do governador Tarso Genro (PT),
que advoga para o militante do PSOL, classificou como “escandaloso” o
indiciamento dos manifestantes.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, ela
afirmou que a investigação é uma tentativa de "criminalizar movimentos
sociais e partidos de esquerda", sobretudo o PSOL.
“Tive acesso aos
documentos [do processo], não há absolutamente nenhuma prova que mostre
que eles [Maróstica e Gomes] fizeram parte de uma ação para promover
depredação ou quebradeira”, disse Luciana.
Em seus perfis no Facebook, Maróstica e Gomes defenderam-se, dizendo
que estão sendo perseguidos e que não há nenhuma prova contra eles.
“Não
somos milicianos, somos jovens em movimento.
Mesmo sem provas, sem
vídeos, sem imagens, a Polícia decidiu levar adiante o inquérito. Tudo
para intimidar, acuar o processo de mobilizações.
Essas ações
policialescas colocam em xeque a "democracia" e escracham a perseguição
política que estamos sofrendo”, publicou Maróstica nas redes sociais.
Além de atuarem na juventude do PSOL e do PSTU, os dois estudam na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário