sexta-feira, 14 de março de 2014

Decisão sobre continuidade do sistema de cotas raciais da UnB é adiada


Nova reunião ocorrerá em 3 de abril, a pedido dos estudantes



Publicação: 13/03/2014 17:08  Correio Braziliense
 

A decisão sobre a continuidade do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) foi adiada para 3 de abril. 

O Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe) se reuniu na tarde desta quinta-feira (13) para deliberar sobre a proposta apresentada na último encontro do conselho de manter o sistema, mas com redução de 20% para 5% da reserva de vagas.

O adiamento foi feito a pedido de um dos representantes discentes que tem cadeira no conselho, Vitor Reis, do Movimento Honestinas. 


A justificativa é de que não houve espaço para que os estudantes e a comunidade externa participassem das discussões sobre o tema. 


Antes do início da reunião, um grupo de aproximadamente 100 estudantes se reuniu para debater a proposta da universidade e decidiu pedir um prazo maior para a votação. 

Os outros conselheiros votaram a favor do adiamento.

A estudante do 4º semestre de direito Mariana Costa Barbosa, que é cotista, questinou o prazo curto de convocação do conselho - apenas dois dias - e o fato de o relatório da comissão responsável por avaliar o sistema de cotas ter sido apresentado durante o recesso, em fevereiro. "Como discutir o projeto sem a participação dos estudantes?", reclamou.

Antes do adiamento, alguns representantes dos institutos já haviam relatado as decisões das respectivas faculdades. 


Dois votaram pelo fim do sistema de cotas raciais e adoção apenas das cotas determinadas na Lei Federal nº 12.711/2012 - que determina a destinação de 50% das vagas em universidades federais a estudantes de escolas públicas e garante a reserva para pretos, pardos e índios -, dois votaram pela manutenção dos 20% de cotas raciais, outros dois pelo adiamento da deliberação e o restante votou pela redução da reserva de vagas para 5% (veja os votos abaixo).

O representante da Diretório Central dos Estudantes (DCE) Nicolas Powidayko apresentou o resultado de uma enquete feita pelo site do diretório entre os estudantes. 


No total, 636 votaram, 70% pela manutenção apenas das cotas federais; 16% pela manutenção das cotas raciais como estão hoje; 14% pela redução da reserva para 5%. 

Nicolas disse que, apesar de o número não ser muito representativo - a universidade tem cerca de 30 mil alunos - o DCE decidiu apresentá-los para ter a opinião dos estudantes representada.

Entenda o caso
 
O sistema de cotas raciais foi implantado na UnB em 2003 e, de acordo com a proposta inicial, deve ser reavaliado a cada 10 anos. Em fevereiro deste ano, a comissão designada para analisar as perspectivas futuras da ação, montada em 2013, apresentou o resultado do trabalho.

Em 2007, quando apenas um dos irmãos gêmeos foi aprovado para concorrer no vestibular por cota, a forma de avaliação foi transformada e passou a exigir entrevista pessoal. O sistema foi considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento que ocorreu em 2012.


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