Quando a seleção brasileira de futebol estiver perfilada
entoando o hino nacional durante a abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, no
dia 12 de junho, os brasileiros já terão a certeza de que perderam o jogo fora
de campo. Isso porque, a exatos 30 dias do apito inicial para a bola rolar em
São Paulo, apenas 45% das obras de infraestrutura prometidas pelo governo
brasileiro estão prontas. O número inclui estádios, empreendimentos de
mobilidade urbana, aeroportos e portos.
De 30 obras nos 13 aeroportos, apenas 18 foram concluídas.
“Só oito das 35 obras de mobilidade urbana previstas (23%) foram entregues até
agora”, alerta o jornalista Rodrigo Prada, diretor do Portal 2014, responsável
pela pesquisa, obtida, nesta segunda-feira (12), com exclusividade pelo
Congresso em Foco. E completa: “sem contar as dez obras esperadas no entorno
das arenas restantes, das quais apenas seis foram concluídas”.
Como já havia mostrado a última edição da Revista Congresso
em Foco, não devem ficar prontas antes do Mundial obras como corredor de ônibus
exclusivo (BRT) Transcarioca, no Rio de Janeiro, o veículo leve sobre trilhos
(VLT) Parangaba-Mucuripe, em Fortaleza (CE), e o calçamento ao redor do estádio
da Fonte Nova, em Salvador (BA).
Mantido pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e da
Engenharia (Sinaenco) desde 2007 – quando a Copa foi anunciada pelo presidente
Lula como sendo de responsabilidade da iniciativa privada – para divulgar
notícias e informações sobre a infraestrutura relacionada ao megaevento
esportivo, o Portal 2014 se tornou uma pedra no sapato dos organizadores. O
estudo completo será publicado na terça-feira (13) no site portal2014.org.br.
Durante debate no Senado há dois meses, Rodrigo Prada já
havia anunciado que muitas obras estavam tão atrasadas que não seriam entregues
a tempo. Os dados divulgados hoje com exclusividade para o Congresso em Foco
apenas detalham em números o que o senso comum já percebia nas ruas durante os
protestos contra a Copa.
Para Rodrigo, faltou planejamento, projeto executivo e,
sobretudo, gestão eficiente. “O Brasil perdeu uma chance histórica de resolver
graves problemas estruturais nas 12 cidades-sedes da Copa”. Ainda segundo ele,
um dos maiores erros foi concentrar a coordenação dos projetos no Ministério do
Esporte. “A Copa espalhou obras de infraestrutura por todo o país e
se perdeu em sua própria divulgação. Independentemente do resultado dentro das
quatro linhas, essa ficará marcada como a Copa do desperdício”, disse o diretor
do portal.
Sem surpresas
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não se surpreende com a
ineficiência dos organizadores da Copa do Mundo. Segundo o parlamentar, o
governo sempre desrespeita seu compromisso com o povo. “Foram sete anos, maior
prazo já oferecido pela Fifa. E 45% é uma taxa execução muito pequena e vai
passar uma imagem de incompetência e irresponsabilidade para o país”, lamentou.
“Apesar do desperdício do dinheiro público em obras superfaturadas, o legado
está comprometido e a imagem do Brasil no exterior será um desastre”, conclui o
senador da oposição. (Congresso em Foco)
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