A troca de amabilidades com a promessa de parcerias em palanques estaduais teve vida curta. Aécio Neves e Eduardo Campos já não fazem aquela dobradinha que ensaiaram no início da pré-campanha presidencial. O afastamento vem se dando dia após dia e pode resultar no fim das alianças entre o PSB e o PSDB em Minas e Pernambuco, articuladas no começo do ano como um novo sinal de que os dois adversários do PT andariam juntos na campanha. E de que, quem fosse para o segundo turno, teria o apoio do outro.
Eduardo Campos agora quer mostrar que tem diferenças com Aécio Neves. O estremecimento se deu na última semana, depois que ambos participaram de debate em encontro com empresários, em Comandatuba, na Bahia. Ali, Aécio falou para plateia amigável e Eduardo começou a sentir as primeiras dificuldades naquele público. Ao lado da candidata a vice, Marina Silva, Eduardo Campos foi obrigado a reagir quando Aécio falou das semelhanças entre eles. Eduardo Campos preferiu falar das diferenças. Até que Aécio disse. "Temos diferenças, mas não precisamos temer nossas semelhanças".
"Aécio estava tratando Eduardo Campos como o irmão mais novo, com um copo de leite na mão", traduziu um petista que está gostando do afastamento dos dois.
A partir daí, Eduardo Campos subiu o tom do discurso e tem apontado Aécio como candidato do campo conservador. Em conversas com aliados, tem dito que a política econômica de Aécio "é a política econômica da Casa das Garças" (onde se reúne um grupo de economistas muitos dos quais trabalharam no governo Fernando Henrique, entre eles Armínio Fraga) enquanto a sua preocupação seria a de compatibilizar política econômica com avanços sociais.
Essa mudança no tom do discurso de Eduardo Campos se dá neste período de queda de Dilma Rousseff nas pesquisas. O objetivo dele é conquistar o eleitor que votou no PT nas últimas eleições, mas não está satisfeito com os rumos do governo e identificar o discurso de Aécio com o discurso conservador.
O movimento de Eduardo Campos está sendo acompanhado por petistas. Segundo um importante petista, o partido prefere perder as eleições para Eduardo Campos do que para Aécio (revigorando o embate entre PT e PSDB); mas prefere ter Aécio como adversário no segundo turno porque o PT já venceu o PSDB nas últimas três eleições. Mas, entre os dois, é Eduardo Campos quem mais incomoda a presidente Dilma.
"Primeiro, porque até aqui ele era aliado; em segundo porque a crítica dele é mais pessoal. Na medida em que ele tenta preservar Lula, atinge Dilma mais fortemente", analisa o petista.
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