Especial para a Revista Congresso em Foco
O comportamento dela na internet não é muito diferente do que se vê por aí. A moça de 30 anos abastece constantemente seus perfis nas redes sociais – com frequência, mais de uma vez no dia. Ultimamente, seu tema principal é o trabalho.
De vez em quando, comenta as notícias, fala de política, desabafa sobre o machismo, divulga mensagens religiosas. Compartilha o novo corte de cabelo, a roupa do dia, a arrumação da mesa para uma refeição especial, o beijo na boca do marido, a fofura do filho de três anos.
Nada fora do padrão do que se publica
nas mídias sociais nesta era de exibição da intimidade. São muitas,
muitas fotos. E público não lhe falta: mais de 7,7 mil seguidores no
Instagram e mais de 13 mil no Twitter. A exposição não é problema para
ela, jornalista e apresentadora de um programa de variedades na
televisão paraibana. Nunca foi. Na adolescência, trabalhou como modelo e
fez comerciais. Em 2005, conquistou o título de Miss Senhor do Bonfim,
município do interior da Bahia onde nasceu.
Alguns posts chamam mais a
atenção do que outros. O mais comentado é de setembro de 2012. Depois de
ganhar camisolas e conjuntos de calcinha e sutiã de presente de uma
marca, ela publicou no Instagram imagens das peças sobre a cama com a
seguinte frase na legenda: “Presente para mim, mas quem mais curte é o
maridão”. Poderia ter passado despercebido, não fosse o “maridão” o
governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).
“Ela é polêmica, jovem e sensual. Não se
espera esse tipo de performance de uma primeira-dama, ela tenta romper
paradigmas”, diz a mestre em Políticas Públicas e Sociedade Moíza
Siberia Silva de Medeiros, que estuda o papel social das
primeiras-damas. Para ela, Pâmela incomoda porque é uma figura pública
de quem se espera comportamento mais contido, num papel de coadjuvante,
acompanhante do marido.
“Expondo-se na internet, ela pode até angariar
jovens, mas moralistas veem incompatibilidade nisso. Parece que mulher
de político não pode ser bela e jovem.”
O “maridão”, o farmacêutico Ricardo
Coutinho, tem 53 anos, nasceu em João Pessoa, começou sua trajetória no
movimento sindical e elegeu-se vereador pela primeira vez em 1992, pelo
PT. Não deixou mais a vida pública. Foi reeleito vereador, elegeu-se
deputado estadual por dois mandatos e, já filiado ao PSB, comandou a
capital paraibana duas vezes. No começo da primeira gestão como
prefeito, se separou da primeira mulher, Aglaé Fernandes, com quem tem
um filho.
“Ele não tem carisma, charme e simpatia.
Precisava de uma primeira-dama dessas. Ela é belíssima”, diz um
experiente jornalista paraibano. Ainda prefeito, em 2009, Coutinho
conheceu a jornalista Pâmela Bório durante uma entrevista. Em outubro do
ano seguinte, o ex-prefeito comemorava a eleição para governador e o
nascimento do filho do casal, Henri Lorenzo. O casamento foi no mês
seguinte à posse, numa cerimônia reservada na capela da Granja Santana.
Para a doutora em História Ivana
Guilherme Simili, professora da Universidade Estadual de Maringá, Pâmela
representa um paradoxo entre o tradicional e o moderno. “Ela incorpora a
cultura do ‘primeiro-damismo’, cuidando da área social, promovendo
eventos e acompanhando o marido, e ao mesmo tempo é produto de uma
geração conectada, que se expõe e que tem como lema dessa modernidade
dar publicidade ao que faz”, resume a professora, autora de livro sobre a
trajetória de Darcy Vargas.
* Colaborou Adriana Bezerra, de João Pessoa
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