A maioria das pessoas de direita erra na interação com esquerdistas, pois tendem a pensar na linguagem como a usamos no cotidiano: como uma ferramenta. Como sempre digo, o esquerdista entende a linguagem como se fosse uma arma, a ser usada de forma política o tempo todo. Isso, é claro, em qualquer interação relacionada à política pública.
É aí, nesta comunicação estrategicamente planejada (por parte dos esquerdistas), junto com a falta de revide no mesmo nível em termos de estratégia política, que reside a maior parte do sucesso da esquerda.
A forma pela qual isso pode ser resolvido é pela compreensão de qualquer interação com o esquerdista como se fosse um jogo, no qual deve-se conquistar espaços na cabeça dos neutros e aqueles ao seu lado da plateia, a partir do controle de frame, dentro, é claro, dos paradigmas da guerra política.
Hora de partirmos para um estudo de caso. No Facebook, Marcelo Tas postou uma imagem de uma torcedora alemã que parecia muito bonita enquanto estava com a mão no rosto. Mas em outra imagem, a coisa não era bem assim…
Particularmente, eu achei a brincadeira deselegante. Mas não era para começar uma ladainha em torno do bullying e do discurso feminista, que um amigo meu rejeitou. Ao criticar o politicamente correto, esse meu amigo recebeu a seguinte mensagem de uma feminista que frequentava o fórum:
Nunca li tanta besteira em uma só frase, X (1). Primeiro: sim, fui doutrinada com a mentalidade do politicamente correta, pois meus pais me deram educação (2) e me ensinaram honestidade (3). Não era pra ser assim? Não sou perfeita mas sei como é sofrer bullying (4) – nunca sofri, mas me coloco na situação dos outros – e sei que isso DESTRÓI VIDAS (5).
Segundo: QUALQUER MOVIMENTO que pregue a igualdade e a liberdade, seja ele feminista ou não (não sei de onde você tirou essa idéia de que meu comentário é feminista (6), uma vez que estou defendendo a moça e em momento algum a igualdade de sexos) é bom (7). Seja grato por seus antepassados escravos e revolucionários por você estar onde está hoje (8).Enfim, você pensa que o bloquinho acima compõe comunicação sincera? Nem de longe. Tudo é arquitetado nos mínimos detalhes para gerar capitalização política.
Vamos aos estratagemas:
- Snark: método de ridicularização do oponente com desqualificação do que o outro fala, fazendo uso de um quantificador universal a la “Lula” (a técnica do “nunca antes”).
- Orgulho de posição: técnica onde alguém diz em público que sua posição deve ser digna de orgulho.
- Honestidade: rótulo positivo onde ela se auto-atribui honestidade. Lembre-se: toda rotulagem já é parte do controle de frame.
- “Amiga” de quem sofre bullying: princípio 6 da arte da guerra política (se posicionar do lado dos “oprimidos”).
- Lançamento de culpa: através da falácia da bola de neve, ela culpa o oponente por “vidas destruídas” por causa do bullying.
- Igualdade e liberdade: uso de rótulos a esmo, sem o menor sentido, apenas para obter o efeito psicológico na audiência.
- Monopólio da virtude: método onde alguém diz que sua posição é inerentemente boa, e, portanto acima de julgamento.
- Shaming: uma tacada ao final para dizer que o sujeito é contra aqueles (feministas) que lutaram para ele ter liberdade.
As palavras da esquerdista comprovam que eles tem plena noção de que estão em um jogo, enquanto a maioria de seus oponentes, da direita, muitas vezes não reconhecem a existência de um jogo.
Sugiro utilizarmos um framework onde transformamos a interação com os esquerdistas em uma espécie de jogo, cujas regras podem ser encontradas aqui.
Veja que tipo de resposta poderia ser dada a esta esquerdista:
Nunca vi tanta hipocrisia em tão poucas linhas. Tenho orgulho de ter uma educação que é contra hipocrisia e cinismo, ao contrário de você. Banalizar o bullying é um desrespeito com as verdadeiras vítimas de bullying.
Esse tipo de discurso totalitário, censurando a opinião alheia, causou a maior contagem de mortos da história, por isso temos que demonstrar para os outros que o uso de recursos sujos, como são os truques feministas, é sempre imoral.
Também é muito podre usurpar os méritos do iluminismo, que trouxe a igualdade de direitos para todos, sem precisar de discursos de ódio como fazem as feministas. Se hoje temos igualdade de direitos, os méritos vão para o livre mercado, e isso está provado em nossas sociedades.
Sou grato pelos meus antepassados iluministas, que são os únicos responsáveis por você poder falar livremente. Se dependessemos dos fundamentalistas da esquerda, como você, viveríamos igual países totalitários, que desvalorizam as mulheres e possuem escravos até hoje.Este é o tipo de resposta a ser dada ao esquerdista. Claro que os leitores podem sugerir variações, mas os componentes principais estão aqui:
- Não há defesa, praticamente, mas ataque, assim como a esquerdista havia feito. Este é o princípio 3 da guerra política, que nos diz que o agressor geralmente prevalece. Lembre-se: você pode se defender, mas sempre atacando.
- Acusando a oponente de banalizar o bullying, pode-se tirar a moral dela como “defensora de quem sofre bullying”.
- Posicionando o iluminismo como merecedor dos méritos pela liberdade que temos hoje, pode-se posicionar feministas como usurpadores de méritos alheios, o que configura hipocrisia.
- Ao posicionar o feminismo como esquerdista (e sempre foi), basta mostrar que o livre mercado é responsável pela nossa liberdade. Ou seja, se há liberdade e igualdade de direitos, nós ganhamos e os esquerdistas perderam.
- Ao mencionar a maior contagem de mortos da história, mostramos que é difícil existir mais devastação do que aquela causada por aqueles que usam hoje o discurso do politicamente correto.
- Demonstrar sempre que em termos éticos e morais, o oponente está em degrau inferior.
- Deve-se mostrar orgulho pela sua posição.
A partir do momento em que entendemos que o jogo começou a partir do momento em que um esquerdista iniciou sua interação conosco sobre qualquer questão da política pública, temos que jogar com as regras do mesmo jogo.
Após entendermos a interação com esquerdistas como se fosse um jogo, assim como assimilarmos que nossa missão é vencer tantas batalhas políticas quanto possível (e qualquer interação com eles diante de uma plateia é uma batalha), recomendo os vídeos abaixo. (Um é de Silvio Medeiros, abordando os métodos de David Horowitz, e outro com Ben Shapiro, sobre 11 regras de como debater com esquerdistas).
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