No primeiro grande ato de campanha do PT em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (18) que a reeleição da presidente Dilma Rousseff e a eleição de Alexandre Padilha em São Paulo são prioridade em sua vida.
Lula disse que, após ver o resultado da pesquisa Datafolha desta quinta (17) que aponta Padilha estacionado em 4% das intenções de voto, ficou "preocupado" em como trataria o assunto para a militância. O levantamento também apontou que a presidente Dilma Rousseff, que busca a reeleição, está empatada no Estado com Aécio Neves (PSDB), seu principal adversário.
"Nós, que fazemos política, muitas vezes falamos que não acreditamos em pesquisa quando a gente está por baixo e a gente acredita quando a gente está por cima", disse. "Mas, depois que a gente adquire a experiência que eu adquiri perdendo três eleições em situações muito difíceis, acho que a pesquisa serve apenas como referência do que a gente precisa fazer a partir do momento em que recebe a informação", acrescentou.
Alexandre Padilha (PT), o ex-Presidente Lula e Fernando Haddad em frente a Catedral Sé, em São Paulo |
Como a Folha mostrou no início do mês, sem avançar entre o eleitorado, Padilha mudou a estratégia de campanha, seguindo orientação de Lula, para buscar votos nos movimentos sindical e social, tradicionais redutos da legenda. A avaliação é de que o candidato do PMDB, Paulo Skaf, tem influência sobre parte desses votos.
"Eu não sei quantos votos eu poderia arrumar para você [Padilha], mas eu quero dizer que a sua campanha, junto com a campanha da Dilma é prioridade em minha vida", disse, em cima de um carro de som na praça da Sé, centro de São Paulo. "Pode estar certo que irei me dedicar para que a gente possa tirar São Paulo das mão dos tucanos", acrescentou.
"Quem elege governador nesse Estado, prefeito nesse Estado, presidente da República nesse Estado é o povo trabalhador desse país, é um setor médio da sociedade paulista, e é para essa gente que você precisa construir um discurso, para essa gente que você tem que assumir compromisso", disse Lula a Padilha.
E completou: "porque os tucanos já estão no poder há mais de 20 anos e nem água para beber eles estão garantindo para o povo de São Paulo", disse o ex-presidente em referência à crise hídrica do Estado.
Lula provocou o governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Eu não sei quantos banhos por dia está tomando o governador, mas tenho certeza que na periferia as pessoas não estão tomando banho para ter água para lavar roupa das crianças ou lavar a louça depois do almoço. Se ele [Alckmin] não sabe disso, é importante alguém contar. eu fico imaginando se fosse governador do PT aqui em São Paulo, o que a imprensa já teria feito com esse governador".
Em mais uma ofensiva para reabilitar o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Lula dedicou boa parte do seu discurso para defender iniciativas da administração da cidade e pediu que a militância também promova a gestão de seus afilhado político.
Ele citou o Bilhete Único Mensal, o fim da aprovação automática e a faixa exclusiva de ônibus. Pela terceira vez, ele cobrou publicamente que Haddad dê publicidade para suas ações e reclamou pelo prefeito ter feito um discurso simples.
"Eu, às vezes, estou no carro e xingo ele, fico vendo a faixa vazia e xingo. Eu posso xingar porque estou de carro, agora quem esta dentro do ônibus, quem está ganhando 40 minutos por dia para chegar em casa, não esta defendendo ele. Nós precisamos explicar para a população o que está acontecendo", disse o ex-presidente afirmando que o prefeito também é atacado e apanha da imprensa.
Haddad discursou por menos de um minuto para a plateia de militantes reunidos na praça, após uma caminhada de Padilha com diversas lideranças pelo centro da capital.
Aprovado por 17% da população paulistana, o desempenho de Haddad é apontado como um dos problemas para o crescimento de Padilha segundo petistas.
Nesta tarde, em evento na zona norte de São Paulo, Padilha disse que utilizará, em sua campanha, feitos da gestão Haddad como exemplo do que poderia ter sido feito no estado. "Eu, como paulistano, espero e vou ajudar o Fernando. Não só vamos pegar no programa o que o Haddad fez, mas vamos mostrar o que poderia ter sido feito pelo governo atual", disse Padilha.
CORRIDA NO ESTADO
Ao defender a indicação de Padilha para disputar o governo, Lula disse que o PT nunca teve um representante melhor para a corrida pelo Estado. Nas duas últimas eleições, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) foi o nome do partido.
"Eu conheço todos, ou quase todos os políticos de todos os partidos. O PT já teve vários candidatos a governador, inclusive eu, eu não tenho medo de olhar na cara de cada homem e cada mulher, do mais velho ao mais novo, e dizer que nenhum de nós que concorreu às eleições de governo tem a competência que tem o Padilha para cuidar do governo de São Paulo".
Em seu discurso, o candidato do PT ao governo paulista atacou áreas sensíveis ao governo Alckmin, apontando suas propostas para áreas da educação e segurança, além de atacar falta de obras que motivaram a crise de abastecimento do Estado.
Padilha circulou por quarteirões do centro ao lado de várias lideranças do PT, PCdoB e do PR, partidos de sua coligação. Por lá, fez o roteiro tradicional de candidatos, carregando crianças no colo, abraçou jovens, cumprimentou vários grupos de militantes e posou para fotos. Ele e Lula chegaram a usar chapéu de vaqueiro para aparecer em fotografias.
A passeata foi tumultuada e os seguranças do candidato trocaram empurrões com políticos, militantes e jornalistas. A multidão chegou a derrubar cercas de proteção de lanchonetes e quebrar jarros de plantas dos estabelecimentos.
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