O empate técnico entre Dilma e Aécio em um eventual segundo turno tem efeito oposto: enquanto o PT admite rever estratégias, os tucanos acreditam ter encontrado o caminho para a vitória em outubro.
Aécio Neves se encontrou ontem com dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro: tucano promete aprimorar o Mais Médicos.
A petista Dilma Rousseff respondeu a questionamentos de internautas em uma rede social.
Campos acredita que vai crescer nas pesquisas com a propaganda eleitoral gratuita.
O indicativo de empate técnico entre
Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa à
Presidência — 44% e 40%, respectivamente — promoverá uma revisão nas
estratégias de campanha petista. A um mês do início das inserções
eleitorais na televisão e com apenas 4% de vantagem sobre o tucano no
hipotético embate, Dilma ainda amarga uma taxa de rejeição de 35%, a
maior entre os presidenciáveis. Enquanto petistas tentam digerir os
números, tucanos comemoram o resultado.
“Segundo turno cada vez mais próximo. É hora de aprofundarmos a
discussão das nossas propostas”, disse Aécio, que ontem deu a largada
oficial à candidatura, em Queimados (RJ). Para o vice-presidente na
chapa tucana, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o empate técnico tem duas
causas: “É reflexo da rejeição ao PT, assim como do acúmulo de
exposição dos candidatos de oposição, especialmente do Aécio”.
Para
Nunes, “não é necessária uma campanha muito agressiva, já que a
constatação dos eleitores é que o governo não funciona direito”. “O fato
de já merecer a confiança no segundo turno é um primeiro bom sinal pra
gente”, comemorou um integrante da equipe do tucano. Na tentativa de
amenizar o tom da campanha, o marqueteiro Paulo Vasconcelos reforçou as
equipes de filmagem para ter ampla variedade de imagens externas do
candidato.“O fato de já merecer a confiança no
segundo turno é um primeiro bom sinal pra gente”, comemorou um
integrante da equipe do tucano. Na tentativa de amenizar o tom da
campanha, o marqueteiro Paulo Vasconcelos reforçou as equipes de
filmagem para ter ampla variedade de imagens externas do candidato. ...
Apesar da vantagem de Dilma, o professor da Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo Rui Tavares Maluf vê a campanha da
petista quase no limite. “Dilma continua a favorita, mas está em um
patamar próximo ao desconfortável. A taxa de rejeição indica pessoas que
dificilmente serão sensíveis ao apelo da campanha”, analisou. “A
questão está um pouco fora da tevê e do rádio e mais nos indicadores
econômicos, que a população percebe no dia a dia, como a inflação.”
Dentro do PT, o resultado da pesquisa causou alarde. “O programa nem
começou e Aécio já tem 20% das intenções de voto. Isso porque ele ainda é
desconhecido, e a rejeição de Dilma está alta. O cenário que se desenha
é muito delicado”, diz um petista que preferiu anonimato. A
preocupação, segundo ele, aumenta conforme o segundo turno se projeta.
“Tem de ver quem vai apoiar quem e trabalhar para que não haja uma
debandada de partidos aliados depois de uma derrota no primeiro turno.
Diferentemente do pleito passado, há uma tendência de ascensão, e não de
queda, como tinha o José Serra. Esse é mais um fator que precisa ser
ponderado pelo núcleo da campanha”, avaliou.
Na disputa em primeiro turno, a pesquisa Datafolha divulgada na
quinta-feira mostrou Dilma com 36%, Aécio com 20% e Eduardo Campos (PSB)
com 8%. Mesmo assim, a equipe do socialista não pretende alterar o rumo
dos trabalhos. “A pesquisa não mudou nada no cenário dele. O que vamos
fazer é continuar com a campanha nas ruas, instalando os comitês
regionais”, afirmou o secretário-geral do partido, Carlos Siqueira.
Eduardo Campos vai investir em comitês próximos à população para se
tornar conhecido no país. “O resultado da pesquisa demonstra claramente a
candidata do governo em queda, o candidato da oposição parado e a gente
ainda sem apresentar a curva de crescimento por conta do
desconhecimento”, afirmou Eduardo Campos, que fez campanha em São Paulo
na sexta-feira.
Saúde
Dilma conversou ontem com internautas em uma rede social sobre o
programa Mais Médicos — vitrine da campanha e alvo de críticas da
oposição — e aproveitou para alfinetar São Paulo, administrado pelo
tucano Geraldo Alckmin. “O estado mais rico do país foi também aquele
que mais demandou médicos (do programa), 2.187 para ser exata”, disse a
presidente, que defendeu a presença de cubanos na iniciativa. Na
quarta-feira, Aécio criticou o fato de os profissionais do país
caribenho que trabalham no programa receberem cerca de R$ 2,8 mil,
enquanto os demais médicos ganham R$ 10 mil por mês.
Ontem, Aécio afirmou que Dilma “mentiu” ao criticá-lo. “A candidata
mentiu ao dizer que eu sou contra o Mais Médicos. Para que não haja
dúvidas: não vou acabar com o Mais Médicos, vou aprimorá-lo”, rebateu,
lamentando “que o resultado das pesquisas eleitorais afete tanto o
equilíbrio da candidata, que tem a responsabilidade de dirigir o país”.
A prioridade de Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a prioridade
dele atualmente é a reeleição da presidente Dilma Rousseff e a eleição
do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha para o cargo de governador de
São Paulo. Lula participou ontem de um ato de campanha ao lado de
Padilha, na Praça da Sé, na capital paulista. Em cima de um carro de
som, o petista desafiou o PSDB a provar se algum presidente já criou
mais mecanismos de combate à corrupção do que ele próprio.
Rejeição
Em qual desses candidatos* você não votaria de jeito nenhum no primeiro turno?
Dilma Rousseff (PT) 35%
Aécio Neves (PSDB) 17%
Eduardo Campos (PSB) 12%
*Considerando apenas os três principais presidenciáveis
Fonte: pesquisa Datafolha realizada entre os dias 15 e 16 de julho, com
5.337 entrevistados em 223 municípios. A margem de erro é de dois
pontos percentuais para mais ou para menos. Registro no TSE:
BR-00219/2014
Fonte: Por NAIRA TRINDADE, ÉTORE MEDEIROS E GRASIELLE CASTRO, Correio Braziliense - 19/07/2014 - - 09:13:10
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