Assim como tentou melar o julgamento do Mensalão, constrangendo o ministro
do STF, Gilmar Mendes, em encontro furtivo no escritório do ex-ministro
da Defesa, Nelson Jobim, Lula também convocou para o seu escritório um
ministro por ele indicado para o TCU. Objetivo: pressionar o tribunal
para que isentasse Dilma Rousseff da responsabilidade sobre a
escandalosa compra de Pasadena. Desta vez, não era Mendes. Era Múcio.
Funcionou. A notícia abaixo é do Estadão.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou a
operação do governo para evitar que a presidente Dilma Rousseff fosse
responsabilizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por sua participação na
compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás. Lula recebeu o ministro do TCU
José Múcio Monteiro (foto) em um encontro na segunda-feira, em São Paulo, dois dias
antes de o assunto entrar na pauta da corte de contas.
Múcio confirmou ao Estado o encontro, mas negou que tivesse
tratado de Pasadena. "Eu estava em São Paulo, não via o ex-presidente Lula
desde o ano passado e resolvi fazer uma visita a ele de cortesia. Somos amigos.
Não falamos absolutamente em Pasadena, não sabia que estava em pauta. Se eu
soubesse, era capaz até de eu ter tocado no assunto. Conversamos sobre
política, eleição, Brasil, o governo dele, as perspectivas, blablabá, a vida
dele, a minha... conversa de compadre, foi exatamente o que aconteceu",
disse.
Após a conversa com Lula, porém, o ministro do TCU procurou
os colegas e ponderou que responsabilizar Dilma neste momento eleitoral seria
politizar demais o caso, além de repetir a defesa do governo de que a
presidente votou a favor da compra da refinaria com base em resumo incompleto
sobre o negócio.
Ex-ministro de Relações Institucionais no governo Lula e
conterrâneo do ex-presidente, Múcio foi nomeado para o TCU pelo petista. Até o
início da semana, havia a expectativa no governo e na campanha de Dilma de que
o ministro José Jorge, um ex-pefelista que se transformou no ministro
responsável por relatar o caso, iria indicar a responsabilidade dela por ter
votado a favor da compra da refinaria como presidente do Conselho de
Administração da Petrobrás. Ele responsabilizou o ex-presidente da Petrobrás
José Sergio Gabrielli, amigo de Lula, e os demais diretores da petroleira, mas
decidiu excluir Dilma.
A interlocutores justificou que foi avisado de que, se
incluísse a presidente, seu relatório seria todo rejeitado pela corte. Como
havia divergência na área técnica sobre responsabilizar o conselho de
administração, seria a justificativa para os votos contrários. Neste caso,
optou por "salvar" o relatório. Assim, o assunto se mantém na pauta
do tribunal e da imprensa, uma vez que se inicia a fase de defesa e há a
possibilidade de os "punidos" resolverem contar o que não veio à tona
até agora.
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