ZERO HORA - 20/07
Somos caça. Diariamente, ao colocarmos o pé na calçada, ao sairmos de nossa humilde toca ou de nosso bunker familiar, viramos caça. Se tudo correr bem, retornamos sãos e salvos por não termos sido alvo dos predadores. Nem por isso teremos deixado de ser caça. Tão caça quanto qualquer lebre corredeira. Saiba: no mundo civilizado não é assim.
Somos caça. Diariamente, ao colocarmos o pé na calçada, ao sairmos de nossa humilde toca ou de nosso bunker familiar, viramos caça. Se tudo correr bem, retornamos sãos e salvos por não termos sido alvo dos predadores. Nem por isso teremos deixado de ser caça. Tão caça quanto qualquer lebre corredeira. Saiba: no mundo civilizado não é assim.
O notório agravamento da insegurança socialmente percebida tem profundas raízes ideológicas. Aliás, no Brasil (e no RS mais do que em qualquer outra parte), tudo é desgraçadamente ideologizado. Da religião ao chimarrão. Então, algo que deveria merecer consistente unanimidade por urgente interesse público, ou seja, o combate ao crime e à impunidade, o encarceramento dos bandidos, o cumprimento das penas, a extinção da farsa do semiaberto, a redução da maioridade penal, a ampliação das forças humanas e materiais das corporações policiais, é travado por argumentos ideológicos. Quais? Ora, não ensinava Proudhon que a propriedade é um roubo?
Não frisaram, Marx e Engels, que abolir a
propriedade é o resumo do comunismo? Não creem os que abraçam essa
doutrina que a criminalidade ou se confunde inteiramente com a luta de
classes, ou é um subproduto dela? Quando tratava da luta de classes, não
abraçou-se Marx à frase de George Sand _ “Vitória ou morte! Guerra
sangrenta ou nada!”? Como pode um país saturado de marxismo
entusiasmar-se com a tarefa de sustar qualquer instrumento da
“reformulação da sociedade”?
Há poucos dias, assisti na tevê a entrevista feita com uma senhora cuja atividade econômica consistia em garimpar e revender rejeitos de um lixão. Com isso, cuidava dos filhos, comprou um automóvel e traçava projetos para cursar faculdade. Na perspectiva da luta de classes, essa admirável pessoa é uma burguesa alienada, ao passo que o assaltante de nossas ruas é um militante da justiça social, um soldado da causa. E merece toda a leniência que lhe é proporcionada pelas nossas instituições.
Não veem elas o criminoso como
um filho bastardo e infeliz da economia de mercado e do sistema de
livre empresa? É exatamente por isso que as instituições, maculadas por
uma ideologia insana, são tão indulgentes com os criminosos enquanto
assimetricamente, relegam ao mais tenebroso abandono as suas vítimas.
Qualquer
líder do PCC ou do Comando Vermelho, consultado sobre nossas leis
penais, instituições policiais e sistema penitenciário, dirá: “Melhorem a
hotelaria. E não mexam no resto que está bom demais”. Ou não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário