domingo, 20 de julho de 2014

Europa falhou ao ignorar perigo a aviões sobre Ucrânia, dizem analistas

Divulgação/Instagram/esquire.com


De Paris para a BBC Brasil

Avião da Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo cai na Ucrânia

19.jun.2014 - Integrantes da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) investigam destroços do avião da Malaysia Airlines abatido na quinta-feira (17), perto da aldeia de Hrabove, leste da Ucrânia

 
Governos europeus minimizaram a gravidade dos conflitos no leste da Ucrânia e deveriam ter proibido voos comerciais sobre a região antes da queda do voo da Malaysia Airlines, que pode ter sido derrubado por um míssil, disseram especialistas ouvidos pela BBC Brasil.


O avião havia decolado na quinta-feira de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia, com 298 pessoas a bordo. A aeronave caiu em uma região da Ucrânia controlada por separatistas pró-Rússia. Não há sobreviventes


Após o acidente, o Eurocontrol, órgão que administra a navegação aérea na Europa, proibiu as companhias europeias de sobrevoar o leste da Ucrânia e informou que todas as rotas aéreas nessa região ficarão fechadas "até nova ordem".


Empresas aéreas evitam voar por espaço aéreo ucraniano
 
 
O governo francês anunciou, na sexta-feira, que as companhias do país não poderão mais sobrevoar todo o espaço aéreo da Ucrânia. "É uma medida de precaução indispensável e que permitirá evitar novos acidentes", declarou o ministro francês dos Transportes, Frédéric Cuvillier.


Autoridades ucranianas também fecharam as rotas aéreas no leste do país.


O voo MH17 da Malaysia Airlines era compartilhado ("code share") com a companhia holandesa KLM, do grupo Air France.


O sobrevoo da Ucrânia é a rota mais utilizada nos percursos entre a Europa e o sul da Ásia.

Para Jean Serrat, ex-piloto da Air France, o desvio da rota sobre o leste da Ucrânia não teria impacto financeiro significativo para as companhias aéreas, descartando que esse teria sido o motivo para que muitas delas continuassem a sobrevoar a área.

Vítimas do voo MH17 que caiu na Ucrânia com 298 pessoas a bordo

Três crianças australianas, a menina Mo Maslin, 12, (esq.), seu irmão Otis, 8, (centro), e sua irmã Evie Maslin, 10, (dir.) morreram na queda do voo MH17, da Malaysia Airlines, que caiu no leste da Ucrânia. 
 
 
Elas eram acompanhadas pelo avô, o australiano Nick Morris Leia mais Reprodução
 
"Voar um pouco mais ao norte ou ao sul da área de conflito representaria 5 a 10 minutos a mais de voo. Isso não é nada em um voo de quase 12 horas de duração como o da Malaysia Airlines", disse.

"Medidas de economia, por parte das companhias aéreas, para economizar combustível, utilizando a rota mais curta, não são um critério fundamental nesse caso. O problema é que as autoridades europeias ignoraram os riscos no leste da Ucrânia".

Sinais

Ele ressalta que dois aviões militares já haviam sido derrubados na região dias antes e que isso deveria ter servido de alerta aos líderes políticos e órgãos internacionais de aviação.

Além disso, havia informações de que separatistas pró-russos tinham se apoderado de equipamentos militares em uma caserna na Ucrânia.

Segundo Serrat, esse caso mostra que medidas de segurança tomadas antes do desastre pelo governo da Ucrânia, que havia fechado o espaço aéreo abaixo de cerca de 9 mil metros de altitude, se tornaram obsoletas.


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