Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Eduardo da Rocha Paiva
A
jornalista Miriam Leitão move uma permanente campanha pela punição dos agentes
do Estado que derrotaram a luta armada, sendo seu alvo principal os militares.
No momento, ela procura ampliar os horizontes da campanha, de modo a motivar a
interferência do governo no ensino das escolas militares, impondo-lhes a
revisão facciosa da História do Brasil, particularmente a dos anos 1960 e 1970.
Em
sua visão distorcida e embotada pelo preconceito contra as Forças Armadas,
jamais procurou conhecer o sistema de ensino militar, que prepara jovens para o
exercício da cidadania cívica e patriótica. Pretende, ainda, que as Forças
Armadas peçam perdão por excessos eventualmente cometidos contra os grupos
armados socialistas revolucionários e totalitários nos anos 1960-1970.
Em
recente entrevista com o Ministro da Defesa, Miriam Leitão propôs a imposição
da bibliografia oficial do Ministério da Educação (MEC) no ensino da História
do Brasil nas escolas militares. Mas desde quando a versão chapa branca da história da luta
armada no País, transmitida em escolas civis com aval do MEC dominado por
socialistas, corresponde à verdade?
O
Ministro da Defesa concordou com a proposta pelo simples fato de ser filiado ao
PT, partido integrante do Foro de São Paulo, pois ela contribuirá para a
disseminação da ideologia socialista na juventude militar.
Ou
seja, a campanha vai ao encontro da estratégia de imobilização das Forças
Armadas, promovida pelo segmento majoritário do PT, que dita a pauta política
do governo e cujo propósito é implantar o socialismo no Brasil, ideologia
assumida publicamente pela Presidente da República[1].
Seria
falta de bom-senso, se não fosse proposital, transformar o ensino militar
tomando como base um sistema público falido em termos de organização,
disciplina, eficiência e valores, que vive em greve em grande parte do ano
letivo, e cuja cabeça é exatamente o MEC.
Um
sistema onde a cola é tolerada e o professor, desprestigiado, ameaçado e
agredido por alunos, não tem autoridade moral, seja por não ter respaldo de
seus superiores para exercê-la seja por não dar exemplos de cidadania.
São
escolas onde não há segurança física para os alunos, pois eles se agridem, se
ferem e, às vezes, se matam ou são assediados livremente por drogados e
traficantes. Um sistema onde as escolas são imundas, pichadas e os equipamentos
estão danificados e sem manutenção, pela falta de cuidado gerencial e de
educação de uma juventude sem freios.
No
ensino superior, vândalos travestidos de estudantes invadem e depredam
instalações, violam direitos humanos e intimidam a docência e a direção das
universidades e faculdades. Com essas credenciais, organizados em grupos
ideológicos, pretendem impor as condições de gestão do meio acadêmico, bem como
tornar campus universitários territórios livres
para drogas, abusos e outros desvios de conduta. Estudantes que violam a
dignidade de calouros em trotes violentos e desmoralizantes, sendo seus responsáveis,
via de regra, perdoados quando o tema sai da mídia.
É
essa matriz de falta de civismo, de ética e de valores, é esse modelo de
indisciplina, de desrespeito aos direitos humanos e de reconhecida ineficácia
como sistema de ensino que Miriam Leitão, cega pelo ódio revanchista, e certas
autoridades, como estratégia gramcista para implantação do socialismo no País,
pretendem transportar para o ensino militar. Logo o ensino militar, referência
nacional e internacional, onde não ocorre nenhuma das mazelas que ponteiam o
meio estudantil subordinado ou ligado ao MEC.
As
escolas militares dignificam o ser humano e preparam uma juventude sadia de
corpo e espírito, ciente de suas responsabilidades, direitos e deveres na
construção do futuro do Brasil. Ora, dona Miriam Leitão, seu discurso não convence a ninguém que
tenha um número mínimo de neurônios funcionando normalmente.
Quanto
às Forças Armadas de hoje não serem como as dos anos 1960 e 1970 e, assim,
deverem pedir perdão por abusos cometidos na repressão à luta armada, a
resposta do Ministro não considerou a secular cultura organizacional das
Instituições castrenses e o perfil psicológico do militar brasileiro. Por outro
lado, a autoridade pode ter preferido não manifestar claramente sua opinião por
outros motivos.
Foi
o Brasil que evoluiu e as Forças Armadas evoluíram com ele, o que não as obriga
a sepultar princípios, ideais, crenças e valores fundamentais. Portanto, se
ainda forem fiéis aos anseios e interesses da Nação, esta sim senhora absoluta
de sua lealdade, elas a defenderão contra ameaças sejam quais forem e venham de
onde vierem. Além disso, se ainda prezam o sagrado compromisso com sua
história, tradições, companheiros e chefes do passado, sem ferir preceitos
legais, não abandonarão os que “na hora da
agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e
terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia”[2], diante da injustiça contra eles em andamento, a partir
das investigações unilaterais da Comissão da Verdade,
ao arrepio da lei que a instituiu.
Quanto
ao pedido de perdão, para não haver hipocrisia, falsidade e facciosismo, sugiro
cobrá-lo do PCB, PCdoB e dos membros dos antigos grupos armados
revolucionários, isto é, dos ex-guerrilheiros, hoje anistiados e em importantes
posições na sociedade.
Eis
os que deveriam pedir perdão pela tentativa violenta de implantar um Estado
totalitário socialista; pelo terrorismo, sequestros, torturas e execuções que,
direta ou indiretamente, resultaram em centenas de vítimas entre agentes da lei
e cidadãos comuns; bem como pelo atraso na redemocratização do Brasil, fruto de
sua aventura irresponsável, liberticida e deletéria.
Eles
não têm legitimidade para fazer essa cobrança de quem os derrotou e anistiou ao
invés de promover um banho de sangue como eles fariam, pois assim foi o
desfecho dos conflitos onde o socialismo venceu, a exemplo de suas matrizes
diretoras soviética, chinesa e cubana.
[1] Consultar www.brasillivreedemocrata.blogspot.com.br/2010/10/dilma-e-socialista.html (entrevista de Dilma Rousseff à Folha de São Paulo de São Paulo em 2007. Acesso em 03/06/2014).
[2] General de Exército Walter Pires de Carvalho Albuquerque
– antigo Ministro do Exército.
Luiz
Eduardo Rocha Paiva, General na reserva, é Professor Emérito e ex-Comandante da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
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