Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç
A economia do país, condicionada às
implicações políticas e eleitorais, vive uma espécie de paradoxo para o qual
dificilmente se vislumbram a médio prazo soluções bem intencionadas e
honestas.
A queda anunciada nas vendas de automóveis
pode prenunciar uma onda de dispensa no setor, fato que, associado ao
crédito mais amplo sonhado pelo governo mas resistido pelos agentes
financeiros, em virtude da crescente inadimplência, poderá repercutir negativamente
no resultado das urnas e colocar em risco a reeleição da atual chefe de estado,
face ao curto intervalo de tempo até outubro.
Diante deste cenário, as autoridades
responsáveis pela política econômica do governo resolveram manter a isenção do
IPI para a venda de veículos novos, renunciando, assim, à arrecadação de
quantias expressivas, que deixam de ser investidas em segmentos importantes,
como, entre outros, o da mobilidade urbana.
Tal iniciativa deverá evidentemente
aumentar ainda mais o estado de estrangulamento no fluxo de transportes das
nossas metrópoles, com desperdício de combustíveis e reflexos na
produtividade.
Desta forma, se fecha o seguinte círculo
vicioso: diminuição de imposto para tentar manter o nível de emprego na
indústria automobilística e supostamente salvar a re-eleição, dificultando, no
entanto, a implantação de sistemas de transporte público dignos nas cidades
que, por precisarem de investimentos pesados e lentos, não possuem aportes
eleitorais imediatos, o que leva à adoção de expedientes pragmáticos de redução
de imposto para evitar desemprego, visando a vencer as eleições, e assim
sucessivamente, fechando-se o circuito.
Há alguma perspectiva de rutura deste ciclo
no qual o que se busca primordialmente é manter o poder político e não promover
o crescimento consistente da economia? Esperemos que sim.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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