quinta-feira, 3 de julho de 2014

Círculo Vicioso



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç

A economia do país, condicionada às implicações políticas e eleitorais, vive uma espécie de paradoxo para o qual dificilmente se vislumbram a médio prazo soluções bem intencionadas e honestas. 

A queda anunciada nas vendas de automóveis pode prenunciar uma  onda de dispensa no setor, fato que, associado ao crédito mais amplo sonhado pelo governo mas resistido pelos agentes financeiros, em virtude da crescente inadimplência, poderá repercutir negativamente no resultado das urnas e colocar em risco a reeleição da atual chefe de estado, face ao curto intervalo de tempo até outubro. 

Diante deste cenário, as autoridades responsáveis pela política econômica do governo resolveram manter a isenção do IPI para a venda de veículos novos, renunciando, assim, à arrecadação de quantias expressivas, que deixam de ser investidas em segmentos importantes, como, entre outros, o da mobilidade urbana. 

Tal iniciativa deverá evidentemente aumentar ainda mais o estado de estrangulamento no fluxo de transportes das nossas metrópoles, com desperdício de combustíveis e reflexos na produtividade. 

Desta forma, se fecha o seguinte círculo vicioso: diminuição de imposto para tentar manter o nível de emprego na indústria automobilística e supostamente salvar a re-eleição, dificultando, no entanto, a implantação de sistemas de transporte público dignos nas cidades que, por precisarem de investimentos pesados e lentos, não possuem aportes eleitorais imediatos, o que leva à adoção de expedientes pragmáticos de redução de imposto para evitar desemprego, visando a vencer as eleições, e assim sucessivamente, fechando-se o circuito.

Há alguma perspectiva de rutura deste ciclo no qual o que se busca primordialmente é manter o poder político e não promover o crescimento consistente da economia? Esperemos que sim. 


Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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