quinta-feira, 3 de julho de 2014

'Punição muito severa', diz italiano que vai deixar país após invadir jogo





Mario Ferri disse que 'valeu a pena' e conta que foi expulso de vários países.


Estrangeiro entrou em campo na Bahia durante partida entre EUA e Bélgica.

 Do G1 BA
Italiano (Foto: Ruan Melo/ G1)Italiano Mario Ferri esteve na Polícia Federal, em Salvador, nesta quinta-feira
 
O italiano Mario Ferri, de 27 anos, que invadiu o gramado da Arena Fonte Nova, em Salvador, durante o jogo entre Bélgica e Estados Unidos, falou com o G1 na manhã desta quinta-feira (3), quando deixava a sede da Polícia Federal na capital baiana e disse que a punição que recebeu foi muito "exagerada". O estrangeiro foi notificado pela PF a deixar o país, e deve fazer isso até o domingo (6). Mesmo com a obrigação de ir embora, o turista garante que sua atitude "valeu a pena".

"Penso que foi um pouco exagerado [a punição] porque meu propósito era o de passar uma mensagem positiva. Na camisa estava escrito ‘save the favelas children’ (salve as crianças da favela), porque eu vim para cá fazer um trabalho com as favelas como jornalista italiano", explicou-se. Ainda de acordo com o relato de Mario Ferri, sua intenção era fazer um gesto pacífico.
Italiano (Foto: Ruan Melo/ G1)Ele mostrou documento em que a PF o notificou a  deixar o país até domingo 
 
 
"Luto contra a Fifa porque a Fifa, para fazer essa Copa, passou por cima da dignidade das pessoas", opinou sobre a organização do Mundial.


O italiano conseguiu invadir o jogo porque estava bem próximo ao campo, em uma cadeira de rodas, em área reservada a torcedores portadores de deficiências físicas.
"A única coisa de que me arrependo é de ter usado a cadeira de rodas para entrar, mas quero esclarecer que o ingresso que comprei não era para deficientes, era um ingresso normal", garante.


De acordo com a PF, na manhã desta quinta-feira, Mario Ferri foi conduzido do hotel onde estava hospedado na Baixa dos Sapateiros, em Salvador, por volta das 8h40, até o posto de imigração da Polícia Federal, localizado no Corredor da Vitória, onde conversou com a reportagem do G1.

Ainda segundo Maria Ferri, esta não é a primeira vez que ele protaganiza atos como o que ocorreu na terça-feira (1º), na Arena Fonte Nova. "É a décima invasão que faço, sempre deixando mensagens positivas. Estou proibido de entrar na África do Sul, no Brasil, nos estádios italianos, em Londres, em Dubai, pois são todos lugares onde entrei no campo”, assume, mas não descarta que pode voltar a cometer a mesma infração. “Se houver a oportunidade e um motivo justo, eu posso fazer de novo em uma outra ocasião”, afirma.

A PF informou que, após a notificação, Mario Ferri será liberado e deve deixar o país em até três dias - do contrário, ele será preso e deportado. Segundo a Polícia Federal, “notificação” é um procedimento de natureza administrativa que a Delegacia de Imigração da Polícia Federal utiliza quando não nacionais praticam irregularidade no país. "O Brasil é um país muito bonito, foi uma bela experiência, a polícia me tratou bem", completa.
Mario Ferri invade campo da Fonte Nova (Foto: Rafael Santana/GloboEsporte.com) 
 
Mario Ferri em invasão a campo na Arena Fonte  Nova
 
Caso
Durante o jogo entre Bélgica e Estados Unidos, pela Copa do Mundo, Mario Ferri entrou na Arena Fonte Nova, em Salvador, em uma cadeira de rodas, simulando ter alguma deficiência. Aos 16min do primeiro tempo, ele se levantou da cadeira, atravessou uma barreira de proteção e invadiu o gramado. Depois, foi contido por seguranças.



A PF recebeu da Interpol (polícia internacional) e da polícia italiana informações sobre os antecedentes de Ferri, que já invadiu gramados ingleses e italianos. Segundo a polícia da Itália, ele está proibido de frequentar estádios nos dois países.

O chefe da Interpol no Brasil, delegado Luiz Navajas, afirmou que Ferri foi preso em flagrante por invasão do gramado da Arena Fonte Nova e por estelionato, já que ele entrou no estádio se passando por um cadeirante. Ele pagou fiança e foi liberado.
Navajas disse que, apesar dos antecedentes de invasão de gramados, a entrada de Ferri no Brasil não foi detectada porque o nome dele não constava da base de dados da Polícia Federal.

"Após o ocorrido – e aprofundando as pesquisas junto à polícia italiana – nós verificamos que ele tinha uma difusão verde [alerta] expedida sobre sua habitualidade de arranjar confusões em eventos esportivos, principalmente invasões de campo. E também tinha uma extensa ficha policial, tanto por desacato, perturbação da ordem, dano ao patrimônio privado e público e, principalmente, violência em estádios, brigas em estádios", declarou o advogado.

Segundo Navajas, os registros da polícia italiana indicam que, em razão de problemas causados em eventos futebolísticos em Roma, Ferri foi proibido neste ano pela Justiça da Itália de ingressar na cidade durante três anos.

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