quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Aécio diz que Dilma usou discurso na ONU para fazer campanha política


25/09/2014 11h23 - Atualizado em 25/09/2014 14h07


Presidente falou a outros chefes de Estado em Assembleia Geral da ONU.
Candidato do PSDB cumpriu agenda de campanha nesta quinta no RS.

Rafaella Fraga Do G1 RS
Candidato Aécio Neves, do PSDB, no Painel RBS (Foto: Maria Polo/G1)Candidato Aécio Neves, do PSDB, concedeu entrevista ao Grupo RBS nesta quinta (Foto: Maria Polo/G1)
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou nesta quinta-feira (24) o tom do discurso de Dilma Rousseff durante a abertura da 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na quarta-feira (24). Para ele, a presidente usou o espaço para fazer campanha eleitoral e afirmou que a história se lembrará do fato. O tucano está no Rio Grande do Sul para cumprir agenda de campanha em Porto Alegre, Santa Maria e Caxias do Sul.
"A história se lembrará do discurso da presidente na ONU. Ela esqueceu onde estava e para quem falava para fazer propaganda para o horário eleitoral. Um dia triste para o Brasil", afirmou a jornalistas após participar do Painel RBS especial de eleições, promovido pelo Grupo RBS, no qual foi sabatinado por uma hora.
Infelizmente, em relação também à política externa, a presidente da República deixa péssimos exemplos para os seus sucessores"
Aécio Neves
Aécio ainda fez críticas à política externa que vem sendo exercido pelo Brasil.
"Em especial, a manifestação da presidente em relação à postura das negociações, da postura dos Estados Unidos e da coalisão que se formou em relação às ações dos estados islâmicos. A presidente trocou diálogo com um grupo que está decapitando pessoas. Realmente essa não é a política externa que consagrou o Brasil ao longo de séculos. Infelizmente, em relação também à política externa, a presidente da República deixa péssimos exemplos para os seus sucessores", disse.
Durante o discurso, Dilma condenou  o uso de intervenções militares para tentar solucionar conflitos bélicos, como os que ocorrem atualmente na Síria, no Iraque e na Ucrânia. Segundo ela, o uso da força, em vez da diplomacia, gera o acirramento dos conflitos e a multiplicação de vítimas civis. Em tom duro, Dilma enfatizou que a comunidade internacional não pode aceitar "manifestações de bárbarie".
Críticas a Marina e Dilma marcam entrevista ao Painel RBS
As críticas as adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) dominaram boa parte da entrevista. O candidato do PSDB afirmou que o governo do PT "fracassou" e que deixou um legado perverso aos brasileiros. Ele também citou o escândalo de corrupção na Petrobras e se apresentou como o candidato que lutará pela renegociação da dívida dos estados.

"Sou contra essa tentativa do PT de administrar a pobreza", afirmou, ao se referir à criação de programas sociais. "Vamos fazer ações na área de saneamento, de apoio psicológico, social. Vamos enfrentar a pobreza, a busca da sua superação. O PT se contenta em simplesmente administrar", sustentou, logo após afirmar que manterá alguns projetos que "deram certo". "Aprendi muito cedo que a boa administação é aproveitar as boas experiências e aprimorá-las. O que vem dando certo vamos manter", garantiu.
Aécio Neves, candidato à presidência da república, em entrevista ao Painel RBS (Foto: Maria Polo/G1)Aécio Neves, candidato à presidência da
República, em entrevista ao Painel RBS
(Foto: Maria Polo/G1)
Apresentando-se como o candidato da ética, o tucano prometeu "devolver" a Petrobras aos brasileiros e falou sobre o escândalo na empresa. "Expresso aqui a minha indignação. O que aconteceu com a Petrobras é o inimaginável. Quem diz isso não sou eu, é a PF. Tem uma organização criminosa atuando no seio da maior empresa brasileira. Quero ser presidente para encerrar esse ciclo de desrespeito ao dinheiro público. Quero devolver a Petrobras aos brasileiros", afirmou.
Questionado sobre se não havia nada que destacasse durante o governo do PT, Aécio citou duas questões: a mudança na gestão  econômica do governo Lula e o abandono do Fome Zero, afirmando que o programa não era compreeendido.
"Lula manteve os pilares macroeconômicos que nos trouxeram até aqui. Isso foi positivo no boom econômico. Outro ponto, quando ele abandonou o Fome Zero, unificou os programas de bolsa escola, alimentação e vale gás e transformou no Bolsa Família. Para mim, o Bolsa Família é um ponto de partida. Para o PT é quase um ponto de chegada”, afirmou.
Fator previdenciário
A exemplo do que já disse anteriormente, Aécio voltou a afirmar que buscará alternativas ao fator previdenciário e negou que tenha recuado em sua proposta original.
"A nossa proposta não mudou um milímetro sequer. Eu parto do pressuposto de admitir que o fator previdenciário pune de forma extremamente violenta os aposentados. Vamos substuir por outro mecanismo que  puna menos", salientou sem, no entanto, apresentar que mecanismo seria. Vamos discutir frente a frente com as centrais sindicais", resumiu. "É possível, necessário, e é esse o meu compromisso com os aposentados brasileiros", prometeu.
Pesquisas eleitorais
Embora em terceiro colocado nas principais pesquisas de intenção de voto, Aécio seguidamente reforça a confiança no pleito. “Estou absolutamente confiante que estarei no segundo turno. Eu tenho muita confiança que está chegando a onda da razão, onde as pessoas estão refletindo o que significa cada candidatura", observou.
E voltou a fazer críticas aos concorrentes: para ele, Dilma perdeu a capacidade de governar e Marina não as tem. "Temos uma que nos deixará de herança o crescimento baixo, inflação saindo do controle e perda da credibilidade do Brasil, na questão ética e moral. E outra candidatura que não se preparou. Agora nos percebemos que única candidatura que cresce em todas as pesquisas é a nossa", analisou.
Aécio Neves também afirmou que Marina Silva não está preparada para governar o país e  lembrou a passagem da candidata pelo PT. "A Marina esteve 24 anos no PT e agora critica. Não foram 24 horas, foram 24 anos. A Marina é muito dura com o PT. Eu posso ser porque não acredito em nada que o PT promete", disse, em seguida fazendo a analogia com um torcedor de Grêmio ou Inter que muda de time. "Governar não é você ir ao supermercado, pegar na prateleira esse produto ou aquele. Governar não é para amadores".
As críticas, entretanto, são apenas políticas, conforme o candidato do PSDB. "Cabe a mim não fazer ataques pessoais a candidatura marina, como não faço a Dilma. Meus ataques são políticos", sustentou.
Durante cerca de uma hora, o presidenciável tucano respondeu a perguntas dos jornalistas Rosane de Oliveira, Carolina Bahia e Moacir Pereira. A sabatina foi dividida em dois blocos. O ex-governador foi o quarto entrevistado da série de painéis do Grupo RBS com os presidenciáveis. Dilma Rousseff foi a primeira a ser sabatinada. Luciana Genro e Marina Silva participaram na sequência.
Mais cedo, em entrevista coletiva a jornalistas em um hotel em Porto Alegre, o candidato prometeu novamente encontrar alternativa para o fator previdenciário, porque, segundo ele o trabalhador está perdendo a capacidade de compra. “Temos um desafio: resgatar a confiança do Brasil. Para sair do buraco tem que parar de cavar”, declarou.
Aécio defendeu ainda que a proposta da sua coligação é a única que tem capacidade para gerar confiança e reverter a expectativa ruim na economia. Ele está confiante na ida ao segundo turno do pleito.
"Me preparei ao longo de toda minha vida para governar o Brasil. A única candidatura que cresce de dez dias para cá é a nossa e vai continuar a crescer", afirmou.

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