quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Se reeleita, Dilma vai acabar com o abono do PIS-PASEP dos trabalhadores? Orçamento de 2015 já prevê corte de quase R$ 9 bilhões.


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O governo reduziu em R$ 8,8 bilhões --de R$ 18,9 bilhões para R$ 10,1 bilhões-- a previsão de gastos para 2015 com o pagamento do abono salarial do PIS/Pasep. O abono equivale a um salário mínimo e é pago a trabalhadores com carteira assinada que receberam, em média, até dois salários mínimos mensais no ano anterior. Alcança hoje mais de 20 milhões de trabalhadores. 
Especialistas ouvidos pela Folha avaliam que a nova previsão feita pelo Ministério do Planejamento é irreal. Isso significa que, para cobrir a real despesa com o abono, o presidente eleito terá que fazer créditos adicionais em 2015, com aumento da dívida pública ou uso de recursos como os do Fundo Soberano. 
Não fazer a correta previsão de uma despesa obrigatória, como é o abono salarial, também pode ser classificado como manobra contábil --mecanismo apelidado de "contabilidade criativa" pelos economistas críticos ao governo da presidente Dilma. Ou seja, ao desinflar as despesas previstas, o governo escamoteia a dificuldade que haverá para obter a economia necessária para o pagamento de juros da dívida pública (o chamado superavit primário). 
DESPESA SUBESTIMADA
No PLDO de 2015 (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, estimativa inicial de receitas e despesas para o exercício do ano seguinte), apresentado em abril, o governo destinou R$ 18,9 bilhões para o abono. Já em agosto, no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual, previsão final submetida ao Congresso), reduziu a estimativa para R$ 10,1 bilhões.
O aumento da formalização do mercado de trabalho fez o número de beneficiários do abono passar de 7,9 milhões de trabalhadores, em 2003, para 20,7 milhões em 2013, quando foram gastos R$ 14,7 bilhões com o benefício. Para 2014, o governo estima até R$ 17 bilhões, para 23 milhões de trabalhadores. 
Com o aumento do salário mínimo em 2015 acima da inflação, para R$ 788, a despesa real com o abono deve ser maior do que neste ano, ou seja, próxima dos R$ 18,9 bilhões previstos no PLDO.
"Não conseguimos vislumbrar justificativa para tão grande redução de gastos, quando o salário mínimo terá aumento real e o mercado de trabalho formal continua crescendo, embora em ritmo bem menos acelerado", afirmaram técnicos da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, num documento ao qual a Folha teve acesso. "Portanto, deve-se esperar um aumento nos gastos." 
Esta semana, o governo já havia informado que utilizará R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para tentar cumprir a meta do superavit primário.(Folha de São Paulo)
 
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