sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Ataques do PT motivaram saída de Helena Chagas da Secom


qui, 30/01/14

por renan.ramalho |


Já há alguns meses que a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, vinha sofrendo pressão de setores do PT que queriam maior influência para liberar verbas de publicidade do governo federal, uma das atribuições da pasta. Outra queixa do partido se dava em relação à postura da ministra com a imprensa; alguns petistas desejam um enfrentamento maior em relação às notícias negativas envolvendo o governo.

Durante o ano de disputa eleitoral, dizem esses críticos, a postura mais conciliadora de Helena Chagas, entra em rota de colisão com a linha já definida pela cúpula de campanha.

Com a saída de Helena, ganha força o núcleo de coordenação de comunicação composto pelo marqueteiro João Santana e pelo jornalista Franklin Martins, que ocupava a pasta na gestão Lula.

Publicado às 17h07

BLOG do Camarotti


31/01/2014
às 2:31

PT pressiona, Dilma cede e entrega a cabeça de Helena Chagas; substituto é mais afinado com Franklin Martins. “Blogs sujos” esperam agora ter mais dinheiro

Por Luíza Damé, no Globo:

A presidente Dilma Rousseff deu início à reforma ministerial que consolidará o apoio partidário ao projeto da reeleição, mas, por enquanto, mexeu apenas em postos do PT, deixando em aberto a substituição dos ministros dos partidos aliados que disputarão as eleições. 

Foram oficializadas nesta quinta-feira mudanças na Casa Civil, na Educação e na Saúde. Dilma também fará mudança na Secretaria de Comunicação Social (Secom) para dar uma postura mais agressiva ao setor no ano eleitoral, como defende o PT. 

Essa troca não estava prevista para este momento, mas a ministra Helena Chagas, surpreendida pelo vazamento da notícia, entregou a carta de demissão nesta quinta-feira à tarde. Sua saída foi motivada por pressões do PT e, mais recentemente, pelo desgaste da falta de transparência com a agenda da presidente Dilma na polêmica “escala técnica” da comitiva presidencial em Lisboa, sábado passado.

O porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, vai substituir Helena, mas a oficialização dessa mudança só deve ocorrer nesta sexta-feira. A avaliação é que Traumann tem perfil mais agressivo e mais afinado com o ex-ministro Franklin Martins, que vai coordenar a área de comunicação da campanha de Dilma. 

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que já estava trabalhando no Planalto, foi confirmado na Casa Civil, no lugar de Gleisi Hoffmann. Pré-candidata ao governo do Paraná, Gleisi reassumirá sua vaga no Senado. O secretário executivo do MEC, José Henrique Paim, será o substituto de Mercadante. O secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, Arthur Chioro, assumirá a vaga de Alexandre Padilha, que deixará a Esplanada para disputar o governo de SP.

A manhã no Planalto começou agitada. Helena foi surpreendida com a informação de sua saída do governo, publicada na edição desta quinta-feira do jornal “Folha de S. Paulo”, e ligou para a presidente. Tão logo chegou ao Planalto, Dilma chamou Helena ao seu gabinete e negou que tenha autorizado o vazamento da decisão. Pediu que a ministra não confirmasse a saída e ficasse no cargo até a formalização da mudança.

A ministra ficou irritada com o vazamento, e coube a Mercadante apagar o incêndio no segundo andar do Planalto. Mesmo demissionária, ela cumpriu agenda. Entre um compromisso e outro, comentou com assessores que foi deselegante o vazamento da mudança na Secom. A avaliação de setores do Planalto é que o episódio de Portugal não foi decisivo para a substituição. Outro grupo, no entanto, considerou-o a gota d’água.

As polêmicas em torno da viagem a Portugal se deram não só pelo gasto com hotéis de luxo para mais de 40 pessoas ficarem em Lisboa por menos de 24 horas, mas também pela postura da Presidência de manter em sigilo a agenda da presidente em Portugal, só tornando-a pública no dia seguinte, domingo, depois que foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”

Em novembro do ano passado, em meio a críticas do PT à sua atuação, Helena colocou o cargo à disposição. Ela esperava deixar o governo na reforma ministerial, mas Dilma não lhe confirmou essa decisão. A ministra não irá para a campanha da presidente e deverá cumprir quarentena, como prevê a legislação.

 Em uma das reuniões do presidente do PT, Rui Falcão, com a bancada e integrantes do Diretório Nacional, para discutir saídas para a crise depois das manifestações de junho, houve um debate sobre pontos fracos na equipe ministerial, com críticas à comunicação do governo e da presidente. A reclamação era em relação à pequena margem de financiamento dos chamados “blogs sujos”, que fazem o enfrentamento com a mídia tradicional e atacam a oposição.

 “A comunicação do governo é uma porcaria! O governo não tem a estratégia de comunicação nas redes sociais. O Lula mantinha uma canalização de recursos para alguns blogs, mas a Dilma cortou tudo”, reclamou naquela reunião o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PR), segundo petistas presentes. 

Na época, Vargas desmentiu as críticas, mas nesta quinta-feira, diante da notícia da saída de Helena Chagas, disse ao GLOBO: “Não gosto dela. A Helena foi pro pau! Beleza”.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

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