Revista destila ódio e responderá a processo sem precedentes
18/3/2014 14:45 Correio do Brasil
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Advogados do ex-ministro José Dirceu acompanham, de perto, as
investigações sobre o vazamento de fotos e ‘informações’ de dentro do
Complexo Penitenciário da Papuda, onde o líder petista cumpre pena em
regime fechado, quando foi condenado ao regime semiaberto.
Agentes da
Polícia Civil do Distrito Federal seguiram, nesta terça-feira, uma pista de origem não revelada, segundo apurou o Correio do Brasil, mas que aponta para a existência de contatos entre funcionários do presídio e a revista semanal de ultradireita Veja.
Uma vez comprovada a ligação entre a direção de jornalismo da empresa
e pessoas pagas para expor, ao arrepio da lei, detalhes da vida de um
prisioneiro, “o tamanho do processo será sem precedentes, equivalente ao
caráter de um jornalismo que destila ódio e não deve ter mais espaço na
vida nacional”, afirmou um dos advogados do CdB que,
por expressar um sentimento pessoal, optou por manter o anonimato.
A
capacidade de cometer tal ilegalidade, no entanto, já pesava sobre o
currículo do diretor de Redação da revista, Eurípedes Alcântara.
“Na tarde de 12 de abril de 2011, em aula da primeira edição do Curso
de Pós-Graduação em Jornalismo, da ESPM-SP, Eurípedes Alcântara,
diretor de Redação da Veja, na condição de professor-convidado,
declarou, para espanto dos 35 alunos presentes: ‘Tratamos o governo
Lula como um governo de exceção’.
Na capa da última edição do semanário
(nº 2365, de 19/3/2014), o jornalista ofereceu trepidante exemplo da sua
doutrina”, afirma o jornalista Alberto Dines, em artigo publicado nesta
terça-feira, na página que edita na internet: Observatório da Imprensa.
Leia, adiante, a íntegra do artigo:
Para comprovar a ilegalidade das regalias que gozaria o ex-ministro José Dirceu no Complexo da Papuda, Veja
cometeu ilegalidade ainda maior.
Detentos não podem ser fotografados ou
constrangidos, o ato configura abuso de poder, invasão da privacidade
e, principalmente, um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística.
Um
bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de
quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel)
não entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos
funcionários pelas fotos e as, digamos, “informações”.
“Exclusivo – José Dirceu, a Vida na Cadeia” não é
reportagem, é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual
quantidade de velhacaria em oito páginas artificialmente esticadas e
marombadas.
As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura),
feitas certamente com microcâmera, não comprovam regalia alguma.
Ao contrário: magro, rosto vincado, fortes olheiras, cabelo aparado,
de branco como exige o regulamento carcerário, não parece um
privilegiado.
Se as picanhas, peixadas e hambúrgueres do McDonald’s
supostamente servidos ao detento foram reais, Dirceu estaria reluzente,
redondo, corado.
Um preso em regime semiaberto pode frequentar a
biblioteca do presídio, não há crime algum.
Agentes provocadores
A grande imprensa desta vez não deu cobertura ao semanário como era habitual.
Constrangido, o Estado de S.Paulo
foi na direção contrária e já no domingo (16/3) relatava, com chamada
na primeira página, as providências das autoridades brasilienses para
descobrir os cúmplices do vazamento (ver “Dirceu teria mais regalias na
cadeia; DF nega“).
Na segunda-feira, na Folha de S.Paulo, Ricardo Melo lavou a alma dos jornalistas que repudiam este jornalismo marrom-escuro (ver “O linchamento de José Dirceu”).
O objetivo da cascata não era linchar Dirceu, o que se pretendia era
acirrar os ânimos, insuflar indignações contra uma suposta impunidade,
alimentar a agenda dos black-blocks (ou green-blocks?).
Os agitadores e agentes provocadores estão excitadíssimos às vésperas
dos 50 anos do golpe militar. O violento quebra-quebra na sexta-feira
(14/3), na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(Ceagesp) – o maior do gênero na América Latina – não foi provocado
pelos caminhoneiros que passariam a pagar pelo estacionamento.
Foi obra
de profissionais do ramo da agitação política com a inestimável ajuda da
PM, que demorou três horas para chegar ao campo de batalha.
As convocações para atos e passeatas destinadas a homenagear o golpe
de 1964 não falam na derrubada de Jango, falam em derrotar o PT.
Convém
lembrar que a rede Ceagesp é, desde 1997, federalizada, ligada ao
Ministério da Agricultura.
Num governo de exceção vale tudo. Também no jornalismo de exceção.
Dirceu teria até podólogo na prisão; DF nega
Revista 'Veja' divulga fotos de ex-ministro e de Delúbio e relata dia a dia na Papuda
15 de março de 2014 | 13h 44
Nivaldo Sousa - Agência Estado
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
pretende abrir sindicância na próxima segunda-feira (17) para investigar
as condições em que o ex-ministro José Dirceu foi fotografado dentro do
Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena por
condenação no processo do mensalão. As fotos foram publicadas pela
revista Veja, mostrando um Dirceu bem mais magro e abatido, na
biblioteca do presídio.
A Secretaria de Segurança afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que
investigará se houve participação de servidores na produção e vazamento
das fotos. Os detentos não podem ser fotografados. A suspeita inicial é
de que as imagens tenham sido feitas por uma microcâmera, cuja entrada
no presídio pode ter ocorrido por falha de segurança da Papuda.
Dirceu cumpre lá, desde novembro do ano passado, a pena de 7 anos e 11 meses em regime semiaberto aplicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além dele, outros condenados do mensalão estão na Papuda. Entre eles o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-deputado João Paulo Cunha e o operador do mensalão, Marcos Valério.
A reportagem da revista afirma ainda que o ex-ministro da Casa Civil recebe tratamento diferenciado em relação aos demais presos do complexo da Papuda. Dirceu receberia visitas de um podólogo, alimentação diferente da dos demais internos e usufruiria de um horário especial de visitas. A Secretaria de Segurança nega que o ex-ministro receba privilégios.
No semiaberto, Dirceu tem direito a circular pelas dependências da Papuda durante o dia e deve se recolher à cela à noite, enquanto é aprovado um pedido de trabalho que o autorize a deixar o presídio durante o dia. Já os presos sob o regime fechado não podem andar pelo presídio livremente como os do semiaberto. Mas todos, incluindo o Dirceu, devem ser atendidos sem as ''regalias'' mostradas pela revista.
Celular. Dirceu já foi acusado de falar ao celular de dentro do presídio com o secretário da Indústria, Comércio e Mineração do estado da Bahia, James Correia. A denúncia está sendo investigada pela Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal. Em depoimento por videoconferência ao juiz Bruno Ribeiro esta semana, Dirceu negou ter usado o celular na prisão.
A conclusão do inquérito é esperada pela defesa do ex-ministro para que a VEP julgue o pedido de trabalho externo que pode autorizar Dirceu a passar o dia fora da Papuda. Ele recebeu uma proposta de emprego do escritório do advogado José Gerardo Grossi, que pretende pagar salário de R$ 2,1 mil para o antigo Chefe da Casa Civil do governo do ex-presidente Lula.
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Dirceu cumpre lá, desde novembro do ano passado, a pena de 7 anos e 11 meses em regime semiaberto aplicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além dele, outros condenados do mensalão estão na Papuda. Entre eles o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-deputado João Paulo Cunha e o operador do mensalão, Marcos Valério.
A reportagem da revista afirma ainda que o ex-ministro da Casa Civil recebe tratamento diferenciado em relação aos demais presos do complexo da Papuda. Dirceu receberia visitas de um podólogo, alimentação diferente da dos demais internos e usufruiria de um horário especial de visitas. A Secretaria de Segurança nega que o ex-ministro receba privilégios.
No semiaberto, Dirceu tem direito a circular pelas dependências da Papuda durante o dia e deve se recolher à cela à noite, enquanto é aprovado um pedido de trabalho que o autorize a deixar o presídio durante o dia. Já os presos sob o regime fechado não podem andar pelo presídio livremente como os do semiaberto. Mas todos, incluindo o Dirceu, devem ser atendidos sem as ''regalias'' mostradas pela revista.
Celular. Dirceu já foi acusado de falar ao celular de dentro do presídio com o secretário da Indústria, Comércio e Mineração do estado da Bahia, James Correia. A denúncia está sendo investigada pela Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal. Em depoimento por videoconferência ao juiz Bruno Ribeiro esta semana, Dirceu negou ter usado o celular na prisão.
A conclusão do inquérito é esperada pela defesa do ex-ministro para que a VEP julgue o pedido de trabalho externo que pode autorizar Dirceu a passar o dia fora da Papuda. Ele recebeu uma proposta de emprego do escritório do advogado José Gerardo Grossi, que pretende pagar salário de R$ 2,1 mil para o antigo Chefe da Casa Civil do governo do ex-presidente Lula.
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