quarta-feira, 19 de março de 2014

O martírio de cada dia dos passageiros de ônibus da Região Metropolitana


Passageiros da Cidade Ocidental e de outras regiões aguardam melhorias
 
Patrícia Fernandes, Ludmila Rocha e Rayane Fernandes
redacao@jornaldebrasilia.com.br



O transporte público que liga a Região Metropolitana ao DF é um dos mais caros do Brasil, mas o serviço oferecido está longe de ser considerado eficiente. 

Na Cidade Ocidental (GO), por exemplo, a rotina dos passageiros é árdua. 


Ônibus sucateados, frota pequena e paradas de ônibus precárias compõem a realidade dos moradores. 

Para a população, a solução  está na quebra do monopólio da Viação Anapolina, responsável pelo transporte da região há 50 anos. Ontem foi publicado o Chamamento Público para selecionar até quatro empresas que vão operar   em caráter emergencial, até que haja  contratações definitivas.

 Com a paralisação dos rodoviários, a situação, que já era crítica, ficou ainda pior. Além disso, houve mais protestos ontem. A operadora de telemarketing Janaína Luzia de Melo, 24 anos, teme perder o emprego por conta da falta de ônibus. 

“Tem duas horas que nem o pirata passa aqui”, diz. Segundo ela, os moradores da Cidade Ocidental  acostumaram-se a serem deixados de lado. “Os governantes não enxergam o caos que vivemos”, afirmou.

Paradas ruinsA passageira, que espera o ônibus numa parada improvisada, acredita que o problema é crônico e atinge vários aspectos da mobilidade dos cidadãos. 

“A situação   é caótica nas paradas. As poucas que têm estão caindo aos pedaços. Nessa que estou, o dono desse comércio colocou um telhado para ajudar”, relatou.

De acordo com o estudante Wellington Pereira, 21 anos, a superlotação dos coletivos também incomoda. O jeito é se espremer para chegar a tempo no trabalho. “É difícil   se locomover dessa forma. Sempre foi complicado, mas vem piorando”.

Ele conta que paga caro pelo transporte e boa parte de sua renda tem essa finalidade. “A passagem é muito cara. Pagar R$ 3,45 para ser tratado como lixo é um absurdo”, reclama.

Para Wellington,  a tarifa elevada     dificulta até a conquista de emprego no DF. “Quando olham o currículo e se deparam com o endereço, logo mudam de ideia”, declara.

Sem salário há 2 meses

 Para os rodoviários, a situação também é crítica. Sem receber o salário e o auxílio-alimentação há dois meses, eles estão de braços cruzados desde a última sexta-feira. De acordo com o motorista Pedro Luíz, 48 anos, o objetivo dos profissionais é garantir condições dignas de trabalho. “Não estamos procurando melhorias. Nosso objetivo é unicamente garantir o básico, que é receber o nosso salário”, diz.


De acordo com o também motorista Helton Flávio de Melo, 32 anos, as péssimas condições dos veículos oferecem riscos à população. “Muitos ônibus não têm freio. Só vão resolver isso quando uma tragédia acontecer”, argumenta.

Segundo a cobradora Edileusa Galvão, 45 anos, alguns colegas estão enfrentando dificuldades. “Ninguém tem condições de ficar 60 dias sem receber o salário. Ganhamos muito pouco e o mínimo que esperamos é tê-lo em dia”, diz.

A Vian foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou.

Medida emergencial após protestos

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou ontem o Chamamento Público para selecionar a empresa que deverá operar em caráter emergencial. O resultado da seleção será divulgado em até dez dias. 

A   empresa irá operar junto com a Viação Anapolina, que atende 103 mil passageiros por dia. O início das atividades está previsto para  abril. Vão operar 200 veículos, até que seja concluída a licitação. Os critérios de seleção são  capacidade, regularidade e idade máxima da frota (até dez anos). 

Perguntada sobre porque tal medida não foi tomada antes, já que são problemas     antigos, a ANTT respondeu   que “a empresa não mais conseguia atender às necessidades da população e o instrumento adotado   é a forma de não deixar a população sem atendimento”.

O especialista em transporte  Carlos Penna   está descrente quanto à ação paliativa da ANTT. “Como se trata de uma medida provisória, a tendência é que se mantenha a situação de precariedade”, avalia.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


 

Protesto contra transporte público bloqueia saídas do Gama

Moradores do Gama fecharam as principais entradas da cidade em protesto contra a má qualidade do transporte público, na manhã desta quarta-feira (19).
Eles se queixam das mudanças no itinerário e do tempo médio de espera por um ônibus, que chega a uma hora.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília 19.03.2014

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