quarta-feira, 19 de março de 2014

Sistema prisional norte-americano aposta na cobrança de diárias de seus presos.

Colunistas


Para enfrentar déficit orçamentário bilionário, sistema prisional norte-americano aposta na cobrança de diárias de seus presos. Será que essa moda vai chegar por aqui?



No não tão distante ano 2000 li uma interessante notícia sobre os já lotados presídios norte-americanos. Falou-se que, diante da sempre crescente população carcerária e da cada vez maior escassez de recursos, o estado do Kentucky estava autorizando os diretores dos seus 85 presídios a cobrar até US$ 50 de diária de cada preso.


O primeiro presídio a aderir foi o da cidade de Owensboro, que decidiu cobrar de cada preso uma “taxa de admissão” de US$ 20, além de uma diária no mesmo valor, através da qual ele arcaria com os custos de sua “hospedagem”.

Na época achei curiosa a idéia, mas fiquei a pensar se ela efetivamente vingaria. A resposta chegou-me há poucos dias, através de uma detalhada reportagem produzida pela conceituada rede MSNBC.


Assim, em New York, uma diária de US$ 90 foi apresentada como a mais adequada para os usuários de cada “quarto” do sistema penitenciário. Segundo o governo, com os recursos arrecadados será reduzido o gasto total de US$ 1 bilhão com o sistema penitenciário.

No Arizona, em um condado chamado Maricopa, as refeições dos presos passaram a ser cobradas – custam US$ 1,25 cada. 

No estado do Iowa, onde se enfrenta um déficit de incríveis US$ 1,7 bilhão no orçamento do sistema penitenciário, sugeriu-se que fosse cobrado dos presos o fornecimento de papel higiênico.

Em New Jersey decidiu-se que cada preso pagará uma diária de US$ 5 para ficar em uma cela, e US$ 10 caso necessite ir para a enfermaria. 

Calculou-se, lá, que esta pequena cobrança reduzirá as despesas do estado com o sistema penitenciário em robustos US$ 300 mil a cada ano.

No estado da Virginia, as prisões estaduais já começaram a cobrar diárias em um valor até “camarada”: US$ 1. Já as diárias do Condado de Taney, no estado do Missouri, são bem mais “salgadas”: US$ 45.
O fato é que os norte-americanos estão convictos de que a prisão de criminosos é um sério fator de desestímulo ao crime. 

E, assim, segundo dados do Departamento de Justiça, relativos ao ano de 2003, um em cada 37 norte-americanos está ou já esteve preso em algum momento da vida. 

Constatou-se que 2,7% da população norte-americana, através de si ou de parentes, já tinha tido alguma “experiência com prisões”. Em números absolutos, no final do ano de 2002 incríveis 2,1 milhões de norte-americanos estavam a “ver o sol nascer quadrado”.


Como seria de se esperar, os custos que envolvem a manutenção da imensa quantidade de penitenciárias exigidas para a detenção de um tão grande número de pessoas explodiram – e o déficit orçamentário junto. Só para se ter uma idéia, no já citado estado do Kentucky o buraco orçamentário já estava em US$ 500 milhões – só para as prisões estaduais, bem entendido.
 

As consequências da escassez de recursos têm se manifestado na forma de falta de vagas nos presídios e na soltura antecipada de condenados, o que tem gerado críticas de diversos setores da Sociedade.


A política criminal do Brasil não é a mesma dos Estados Unidos, claro. Mas ainda assim nosso país tem investido como nunca na construção de novas prisões, e nossa população carcerária tem aumentado a olhos vistos. Será que brevemente chegaremos ao impasse a que chegaram os administradores das prisões norte-americanas? 

E será que é este realmente o caminho a ser seguido? Humildemente, acho que falta algo na política criminal da humanidade – um pouco mais de razão e um pouco menos de emoção!


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