quarta-feira, 18 de junho de 2014

(Excelente texto!) Carta aos mi-mi-mis



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fabrizio Albuja

Prezada anta mater capimunista de nove dedos. Passei os últimos dias refletindo sobre o real sentido da palavra “elite”, referendada aos contribuintes presentes num estádio de futebol financiado com recursos vindos inclusive dos impostos que eu pago com meu “trabalho”, palavra desconhecida para vossa senhoria, e que outrora poderiam ser usados em coisas muito mais importantes.
Elite quer dizer: “o melhor do melhor”, se começarmos a pensar, estamos muito longe disso, seja em qualquer sentido.

Não me relembro de nenhum representante do meu país que faça parte de alguma categoria que eu considero elite e que tenha sido encontrado nos arredores do bairro de Itaquera.

Aliás, me espanta esse descaso com a “elite”. Para alguém com pensamentos tão demagógicos em relação a direitos iguais, é uma atitude de pobreza de espírito, falta de capacidade de discernimento e uma postura preconceituosa absurda.
A “elite” referida nos seus discursos infames faz parte de uma estrutura social que deveria ser tão prioritária quanto às classes menos favorecidas.

A “elite” investe para que exista geração de empregos, para que as pessoas trabalhem e, mesmo ganhando pouco, adquiram algo que não tem preço chamado: dignidade.

A “elite” não tem culpa de herdar posses ou de possuir negócios de sucesso.
A “elite” gera rotatividade de divisas em nosso mercado, porque eles compram, gastam e garante lucro de outras elites, pagamento de salários de trabalhadores e oportunidades para empreendedores.

A maioria das pessoas ali presentes no estádio e que ofendiam a nossa PresidAnta fazem parte não de uma elite e sim da classe média que comprou ingresso se endividando no cartão de crédito, ou gastou parte da poupança ou ganhou o ingresso em algum concurso de posto de gasolina.

As frases gritadas pelo estádio soaram ofensa para os vossos ouvidos, porém há quase doze anos ouvimos ofensas vindas do governo que são muito piores do que: “Ei, Dilma vai tomá no c*”.

Quem realmente tomou no c* somos nós que vemos essa pouca vergonha de votos comprados com bolsa miséria, da corrupção escancarada do mensalão, das leis idiotas criadas com o intuito de calar o povo...

Aliás, “povo” não é só aquele que ganha salário mínimo.

Atenciosamente,

Um brasileiro com vergonha do país em que vive.

Fabrizio Albuja é Jornalista e Professor Universitário.

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