quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sem contrato assinado com a PDVSA de Chávez, Lula e Dilma autorizaram mudanças pedidas por ele que geraram milhões de prejuízo para a Petrobras.



 
 
A Petrobras teve de arcar com um prejuízo milionário na construção da refinaria Abreu e Lima, por ter sido obrigada a adequar o projeto da refinaria às exigências feitas pela estatal PDVSA, da Venezuela. 
 
 
Sem ter assinado nenhum contrato com a PDVSA, e baseando-se apenas em protocolos de intenções assumidos entre os países, a Petrobras deu início às obras, que já estavam desenhadas para refinar o óleo sintético extraído na Venezuela. 
 
 
Esse petróleo seria processado em uma unidade (trem) de refino específica. Como a estatal não entrou no negócio, restou à Petrobras assumir os gastos que já havia feito e readaptar a refinaria para atender o tipo de petróleo extraído no Brasil.

Uma das parcelas que a PDVSA deveria ter pago à Petrobras, mas não pagou, foi anunciada ainda em 2009 pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que voltou a ser preso na semana passada pela Polícia Federal, após o ministério público da Suíça bloquear US$ 23 milhões depositados em contas a ele atribuídas.

Em agosto de 2009, Costa disse que a petroleira venezuelana pagaria à Petrobras uma primeira parcela de US$ 400 milhões, como parte do acordo de sócios em Abreu e Lima. Essa primeira fatura estava relacionada à quitação de investimentos feitos desde o início das obras até o fim de 2008. Uma segunda parcela ainda estava sendo calculada, à época, para que os venezuelanos entrassem com a parte dos investimentos já realizados em 2009.

Em setembro daquele ano, a Petrobras chegou a anunciar que "todos os pontos em relação ao plano de investimentos, à compra de petróleo e distribuição foram acordados" e confirmou que o aporte de US$ 400 milhões "correspondia à parte da PDVSA nas obras". 
 
 
A estatal explicou ainda que uma consultoria, "contratada em conjunto pelas duas empresas", já estava atualizando a parte que cabia à PDVSA de desembolsos feitos entre janeiro e agosto de 2009. Esse valor, atualizado, seria somado aos US$ 400 milhões. O plano era que tudo fosse pago após a assinatura do acordo.

A Venezuela nunca colocou nenhum centavo em Abreu e Lima. Na quarta-feira da semana passada, o Valor enviou questionamentos à Petrobras sobre o investimento já feito pela companhia no trem de refino que atenderia a PDVSA, o percentual de execução física dessa unidade e o processo de readaptação da planta. A Petrobras não se manifestou sobre o assunto.

Na semana passada, em audiência à Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, a presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu ter aguardado a PDVSA durante cinco anos, entre 2008 e 2013. Neste período, Abreu Lima funcionava como uma empresa à parte da Petrobras, com a finalidade de receber o sócio estrangeiro. "Por cinco anos, trabalhamos firme para que a PDVSA viesse. 
 
 
Nós, Petrobras, tínhamos o maior interesse que a PDVSA viesse porque era 40% do investimento com a PDVSA. A PDVSA não veio, incorporamos a empresa, no fim de 2013."

Graça Foster não mencionou valores, mas informou que a Petrobras teve prejuízos ao levar adiante um projeto que jamais foi objeto de um contrato. "Poderia ter saído a um custo menor se nós estivéssemos sozinhos", declarou.

Durante quatro anos, o conselho de administração da refinaria foi presidido por Paulo Roberto Costa. O ex-diretor tinha papel ativo nas negociações com os venezuelanos e, em 2009, chegou a declarar que não havia mais nenhuma pendência nas negociações entre PDVSA e Petrobras e que "todos os pontos em relação ao plano de investimentos, à parte de compra de petróleo e distribuição foram acordados".

Abreu Lima, em seus estudos preliminares, em 2005, foi orçada em US$ 2,5 bilhões. Em 2008, o preço foi reajustado para US$ 13,3 bilhões. Hoje a estimativa da Petrobras é de que o empreendimento chegará a US$ 18,5 bilhões. (Valor Econômico)
 
 

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