quarta-feira, 18 de junho de 2014

As 22 grandes surpresas da Copa do Mundo do Brasil




Estádio do Maracanã

Nenhuma delas deveria ser surpresa, e não vamos considerar resultados em campo (a Copa do Mundo é um barato porque tudo o que pode acontecer acontece, principalmente na 1ª fase), mas vamos lá:

1) O mundo não se acabou.

2) As ruas agora vestem verde e amarelo.

3) As ruas também vestem o laranja da Holanda, o vermelho chileno, o celeste argentino...

4) A Copa não está sendo anestesiante de nada: manifestações estão ocorrendo de forma convicta, embora não seja surpresa alguma que a ação policial continue ocorrendo de forma desmedida e despreparada.

5) Não há negros em São Paulo - durante a transmissão do jogo de abertura para bilhões de pessoas em todo o planeta, eu teclava com uma amiga neozelandesa que acompanhava tudo pela TV. Primeiro comentário dela ao ver a imagem das arquibancadas do Itaqueirão: "ué, não há negros no Brasil?"

6) Não há negros no Ceará.

7) Os turistas são muito gente boa. Mais uma vez, "o outro" mostrou-se não ser o problema.

8) Torcedores japoneses limpam o próprio lixo ao sair do estádio.

9) Torcedores alemães recolhem lixo das praias de Copacabana.

10) Torcedores holandeses trocam camisa com garis cariocas, eles mesmo, invisíveis a nós no dia a dia, como se fossem para nós uma subgente.

11) Torcedores de Gana deram um rolezinho num shopping de Natal e os brasileiros não exerceram seu preconceito diário, não saíram correndo pensando que era assalto.

12) O futebol jogado foi não só de alto nível técnico. As seleções estão mostrando imensa alegria de jogar no Brasil, esse país de onde criou-se a impressão de ser exclusivamente apocalíptico.

13) O oba-oba em torno de nossa seleção levou um banho de água fria com um bem-vindo empate que muito lembrou as partidas mequetrefes que disputamos em 1994 e 2002, quando fomos campeões.

14) Um taxista paulistano devolveu 40 ingressos da Copa perdidos por turistas mexicanos cheios de tequila na cabeça. Adilson Luiz da Cruz é o melhor do Brasil.

15) A torcida brasileira que tem ido aos estádios torcer para o Brasil não sabe... torcer. A não ser pelo hino dos coxinhas: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", não sabem comportar-se como um coletivo e dominar um estádio.

16) A torcida fora dos estádios, não abastada e, principalmente, sem conexões, sabe torcer.

17) Não teremos, então, torcida de verdade em nossos jogos em nosso próprio país.

18) Nas redes sociais, deu-se uma trégua no muro das lamentações que elas se tornaram. Parou-se de reclamar de gripes e resfriados, do barulho do vizinho, do calor, do frio, da chuva e do sol.

19) O legado da Copa não será material. Será afetivo.

20) Estávamos precisando de afeto.

21) Estávamos nos esquecendo quem realmente somos.

22) Nos encontramos.

Esse é o nosso campeonato real. Se a tarefa do time de Felipão é ganhar esse campeonato, a nossa é essa: não nos perdermos mais.

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

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