Esquecendo-se
das falhas na preparação do país para a Copa do Mundo, a presidente
Dilma Rousseff adotou como tema de seus discursos a celebração do
Mundial no Brasil – e utiliza o torneio para atacar os adversários,
classificando aqueles que criticam a desorganização do governo como
“pessimistas”.
Dilma, porém, faz muito mais do que ignorar as obras que
não ficaram prontas a tempo. Ignora também a matemática. Ao afirmar que
os investimentos em educação e saúde superam em 212 vezes os gastos para
construção de estádios, a presidente distorce dados para usar os
números a seu favor, como demonstram levantamentos da ONG Contas Abertas.
Nesta segunda-feira, em seu programa semanal Café com a Presidenta,
Dilma repetiu o pronunciamento em rede nacional que foi ao ar na
terça-feira da semana passada. E voltou a apresentar números que não
dizem respeito à realidade.
Isso porque o que a presidente chama de
“investimento” nada mais é do que o valor corrente dos gastos com os
setores de saúde e educação – o que inclui pagamento de pessoas, além de
despesas com água, luz e vigilância.
Investimentos são, contudo, os
dispêndios com obras e compra de equipamentos, ou seja, aqueles que
contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de
capital. É nessa modalidade de despesa que se encaixam os gastos com os
estádios.
Ao contabilizar a despesa global, Dilma afirma que o país
investiu, entre 2010 e 2013, 1,7 trilhão de reais e saúde e educação –
muito mais do que os 8 bilhões de reais destinados aos estádios.
De
acordo com pesquisa realizada pelo Contas Abertas, com dados do
Ministério do Planejamento, de 2010 a 2014, 719,6 bilhões de reais foram
gastos nos ministérios da Saúde e Educação, considerados os valores
correntes de cada ano.
Os investimentos representam apenas 47,5 bilhões
de reais desse montante. Ainda segundo levantamento da ONG, os 8 bilhões
de reais gastos com a construção dos estádios para a Copa do Mundo
equivalem ao dobro do investido pelo governo federal em saúde em 2013,
3,9 bilhões de reais, e ficam acima dos 7,6 bilhões de reais gastos com
educação.
Assim como o "legado da Copa", tão propalado pela
presidente-candidata, os números oficiais são decepcionantes. Do site da revista Veja
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