segunda-feira, 30 de junho de 2014

Contas do setor público têm pior resultado para o mês de maio, diz BC




No mês passado, houve déficit primário de R$ 11 bi nas contas públicas.


Até maio, superávit de R$ 31,4 bilhões é o menor em 12 anos, diz BC.



Alexandro Martello Do G1, em Brasília

 



As contas de todo o setor público, que incluem o governo, os estados, municípios e empresas estatais, registraram no mês passado o pior resultado da história para meses de maio, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (30). 

O valor foi influenciado pelo fraco comportamento da arrecadação federal.

No último mês, de acordo com a autoridade monetária, houve um déficit primário, ou seja, quando as despesas são maiores do que as receitas, sem contar os juros da dívida pública, de R$ 11 bilhões nas contas do setor público, o pior resultado para meses de maio desde o início da série histórica do BC - em dezembro de 2001. Até o momento, o pior resultado para este mês havia sido um superávit primário de R$ 487 milhões em 2010.


(Correção: na publicação desta reportagem, o G1 errou ao informar que o resultado das contas do setor público era o pior para o mês de maio e na parcial do ano. O pior resultado é apenas para o mês de maio. A informação foi corrigida às 9h37).

"Maio foi um resultado ruim, decorrente da concentração de despesas no mês. 


E também redução de receitas, em especial das receitas de dividendos. E também havíamos tido R$ 4 bilhões de depósitos judiciais em maio de 2013. Pelo lado das despesas, os investimentos praticamente dobraram em maio deste ano relativamente a maio de 2013", afirmou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Já nos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo números oficiais, o setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 31,48 bilhões, ou 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se do segundo pior resultado da série histórica para este período. O menor superávit para este período foi registrado em 2002 (R$ 26,04 bilhões). Deste modo, foi o pior valor em 12 anos.

Meta fiscal de 2014
A meta cheia de superávit primário – incluindo estados e municípios – para o ano de 2014 é de R$ 167,4 bilhões, ou 3,1% do PIB, conforme consta no orçamento da União aprovado pelo Congresso Nacional. Somente para o governo central, excluindo assim os estados, prefeituras e estatais, a meta é menor: de R$ 116,1 bilhões, ou 2,2% do PIB.


Ao anunciar em fevereiro o corte de R$ 44 bilhões no orçamento deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, porém, que o objetivo fiscal de todo o setor público, neste ano, é de R$ 99 bilhões – o equivalente a 1,9% do PIB, o mesmo percentual registrado em 2013. Deste modo, o esforço fiscal do primeiro quadrimestre deste ano equivale a 31,8% da meta para 2014 fechado.

Em doze meses até maio deste ano, o superávit primário do setor público consolidado somou R$ 76,05 bilhões, ou 1,52% do PIB, contra R$ 92,78 bilhões nos doze meses encerrados em abril de 2014 (1,87% do PIB).

Juros da dívida pública e resultado nominal
 
Segundo o Banco Central, apenas para pagar os juros da dívida pública, foram gastos R$ 101,5 bilhões (4,9% do PIB) nos cinco primeiros meses deste ano, contra R$ 100,4 bilhões (5,23% do PIB) no mesmo período de 2013.


Após as despesas com juros, as contas públicas registraram um déficit de R$ 70,07 bilhões de janeiro a maio deste ano, o equivalente a 3,38% do PIB. Em igual período do ano passado, o déficit nominal somou R$ 53,73 bilhões, ou 2,8% do PIB. Em doze meses até maio, o déficit nominal totalizou R$ 173,88 bilhões - 3,48% do PIB.

Dívida do setor público
 
A dívida líquida do setor público, indicador que fornece uma pista sobre o nível de solvência (capacidade de pagamento) de um país, somou R$ 1,72 trilhão (34,6% do PIB) em maio deste ano,  contra R$ 1,69 trilhão, ou 34,2% do PIB, em abril. No fechamento de 2013, estava em R$ 1,61 trilhão, ou 33,6% do PIB.


A dívida bruta do país, por sua vez, somou R$ 2,89 trilhões em maio, o equivalente a 58% do PIB. No fechamento do ano passado, esse indicador estava em R$ 56,8% do PIB.
Pelo conceito usado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), porém, a dívida bruta brasileira fechou abril deste ano em um patamar bem maior: 64,5% do PIB. 

O FMI contabiliza nesse cálculo os títulos públicos que estão na carteira do Banco Central, que somaram R$ 325 bilhões em maio deste ano, o equivalente a 6,5% do PIB.


Mercado baixa estimativa de alta do PIB de 2014 pela 5ª semana seguida

Previsão de crescimento para este ano cai de 1,16% para 1,10%, diz BC.


Expectativa para o IPCA de 2014 fica estável em 6,46% na última semana.

 Do G1, em Brasília
 
A expectativa do mercado financeiro para a expansão da economia brasileira neste ano recuou pela quinta vez seguida, informou nesta segunda-feira (30) o Banco Central.
Os analistas do mercado também mantiveram em 6,46% a previsão para 2014 do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
 
Segundo o boletim Focus, fruto de pesquisa feita pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, referente à semana passada, a previsão para 2014 é de um aumento de 1,10%. Na pesquisa anterior, os economistas esperavam alta de 1,16% no PIB deste ano. Para 2015, a previsão recuou de 1,6% para 1,5% na sexta queda consecutiva.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.

No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia do país registrou expansão de 0,2% nos três primeiros meses de 2014, em relação ao quarto trimestre de 2013, com destaque para o bom desempenho da agropecuária.

O aumento do PIB do país previsto para 2014 pelo mercado financeiro continua abaixo do estimado no orçamento federal, de 2,5%, e também menor que a previsão divulgada pelo Banco Central na semana passada, de alta de 1,6%.

Inflação
Os analistas do mercado também mantiveram, na semana passada, em 6,46% a previsão para 2014 do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país e calculado pelo IBGE.


Com isso, o valor permanece próximo do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação para o ano. A previsão chegou a ultrapassar o teto em abril, mas depois recuou. Para 2015, a expectativa do mercado para o IPCA permaneceu em 6,10% na semana passada. Foi a quarta elevação seguida neste indicador.

Pelo sistema que vigora atualmente no Brasil, a meta central tanto para 2014 quanto para 2015 é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta da autoridade monetária seja formalmente descumprida.

Taxa de juros
Os analistas do mercado financeiro também mantiveram a estimativa de que a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira ficará estável, no atual patamar de 11% ao ano, até o fechamento de 2014.


No fim de maio, a taxa foi mantida estável pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – o que interrompeu um ciclo de nove altas consecutivas ao longo de 13 meses. Para o fim de 2015, a previsão dos analistas para o juro básico da economia permaneceu em 12% ao ano.

Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2014 permaneceu em R$ 2,40 por dólar. Para o término de 2015, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio ficou estável em R$ 2,50 por dólar.


A projeção para o superávit da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2014 ficou inalterada em US$ 2 bilhões na semana passada. Para 2015, a previsão de superávit comercial recuou de US$ 10 bilhões para US$ 9,9 bilhões.

Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 60 bilhões. Para 2015, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros subiu de US$ 55,4 bilhões para US$ 55,6 bilhões.

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