Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Chagas
Sra Jornalista Miriam Leitão: Assisti, há
pouco, sua entrevista com o Ministro Celso Amorim, da Defesa. Não fui
surpreendido por seus objetivos, sempre destrutivos, quando se trata da imagem
das Forças Armadas.
A Sra, desta feita, usa como mote as
respostas das Forças às demandas da Comissão da Verdade, a respeito de
atividades repressivas ao terrorismo realizadas em instalações militares, no
período da “luta armada”.
Eu, ao discordar das suas posições, exerço
o direito de transmitir-lhe e de divulgar minha opinião crítica sobre o
conteúdo da sua conversa com o Sr Ministro.
Inicio, lembrando-a de que estávamos,
efetivamente, em guerra e que as instalações militares, em quaisquer
circunstâncias, servem para albergar recursos humanos e materiais destinados à
guerra, bem como para preparar contingentes para que nela sejam
empregados!
No tipo de guerra (Terrorismo) que se
travava no Brasil, iniciada por uma minoria de comunistas inconformados com a
rejeição de seus planos pela sociedade, os quartéis foram atacados,
agregando-lhes a condição de “praças de guerra”.
No combate ao terrorismo cresce de
importância a atividade de inteligência e esta pode e deve ser executada nos
quartéis. Portanto, não há ou houve desvio de finalidade dessas instalações no
período em que vivíamos em ambiente de guerra.
Simples e justificável, não lhe
parece?
Em outro ponto de sua entrevista a Sra
insiste na divisão das Forças em “de hoje” e “de ontem”. Para, definitivamente,
livrá-la desse pensamento, sugiro-lhe um rápido passeio pela história das
nossas FFAA, a Sra poderá constatar que os Militares, desde
Guararapes até o "Alemão" e a “Maré”, carregam e continuarão a
carregar a herança de feitos e que os mesmos não pertencem ao passado ou aos
que lá estiveram naqueles momentos, mas a todos os militares, de ontem, de hoje
e de amanhã, porque são heranças de honra, de glória e de
responsabilidade!
Cara Sra Miriam, o que está feito não pode
ser mudado e pertence a todos os militares. Não há como apagar a
história nem há como fugir à responsabilidade sem que os soldados deixem de ser
eles mesmos. Não há ordem ou desconforto, de quem quer que seja, que os possa
fazer esquecer ou ser menos responsáveis ou orgulhosos dos feitos e fatos que
compõem a sua história, sob pena de terem que abdicar do orgulho de serem
Militares Brasileiros!
Os militares não têm comemorado,
ostensivamente, o 31 de Março porque são disciplinados e cumprem as ordens
consideradas pelos Comandantes como compatíveis com os limites da autoridade
das pessoas que as emitem, mas isto não significa que tenham qualquer
arrependimento da atitude que tomaram naquela data, sob aclamação maciça da
Nação, nem tampouco que não se orgulhem da derrota que impuseram aos
terroristas.
Certamente que aí não se incluem os
excessos que eventualmente tenham sido cometidos sem a justificativa do
interesse maior da segurança coletiva.
Escarafunchar, desta forma, num passado de
meio século, além de perda de tempo, é desconsideração e descaso para com a
totalidade dos brasileiros honestos, pacíficos e trabalhadores que, hoje, são
torturados e mortos diuturnamente pela insegurança em todos os setores da vida
pública e privada sob a responsabilidade do Estado, inclusive no que se refere
à própria Defesa Nacional!
A Sra observou muito bem na entrevista que
as FFAA têm sido chamadas em demasia para acudir a Nação. É verdade, mas em um
país governado por falsos profetas, corruptos, demagogos e incompetentes, só os
militares, mantidos à distância da contaminação, são confiáveis a qualquer
hora, para quaisquer missões emanadas de qualquer dos poderes
constitucionais.
Antes de terminar, Sra Jornalista Miriam
Leitão, informo-lhe que, nos Colégios e nas Escolas Militares,
modelos de ensino para o Brasil e para o mundo todo, pratica-se não só a
verdade, mas a honestidade, a probidade, a lealdade e a
responsabilidade, portanto, não há ranço, vontade ou anseio autoritário que
possa impor-lhes versões da história!
Finalizando, devo, ainda, dizer-lhe que
pedido de desculpas é devido por quem deve, não por quem tem crédito, e,
copiando a voz do povo, nas ruas e nos estádios, com a censura que me impõe a
educação familiar e militar, eu lhe digo: “Ei, Dona Miriam, vá rever os seus
valores”!
Respeitosamente,
Paulo Chagas, General de Brigada na
reserva, é Presidente do Ternuma.
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