Para eles, quem deve ser punido é o dono mal-educado
Publicação:20/06/2014 14:17 Correio Braziliense
Ela mal
desce do carro e o assédio já começa. Ainda na garagem do shopping,
Chanel ganha olhares curiosos e muitos chamegos. Também, pudera. Não é
todo dia que se vê uma shih-tzu de roupinha e laço de fita passeando por
aí, dentro de um carrinho.
Se na Europa e nos Estados Unidos os amigos de quatro patas costumam frequentar os mesmos locais que os donos – de centros comerciais a ônibus e metrô –, no Brasil são poucas as cidades em que o livre acesso de animais de estimação a espaços públicos e sociais é uma realidade.
Em Brasília, os proprietários de pets lutam para ser acompanhados por eles onde quer que estejam. Seja em shoppings, restaurantes, parques, seja à beira do Lago Paranoá. E ai de quem cogita cercear a liberdade de seus companheiros. Em maio, cerca de 500 pessoas participaram da Cãominhada do Parque da Cidade para protestar contra o projeto de lei que previa o uso obrigatório de focinheiras mesmo para raças de pequeno porte.
O texto, vetado pelo governador Agnelo Queiroz, também impedia o ingresso de cachorros a áreas de lazer e provocou um rebuliço nas redes sociais. Uma enquete no site do Correio Braziliense mostrou que a cidade é favorável à liberdade dos peludos: apenas 28% da população querem vê-los longe das áreas públicas.
“Mãe” de Chanel, a shih-tzu-celebridade dos shopping centers, a publicitária Marise Monteiro faz questão que a cachorrinha de 2 anos participe de todos os momentos de sua vida. “Ela está comigo em tudo. Não abro mão de ir com ela aonde for. O tempo que tenho, quero estar com a Chanel. Quem ama cachorros sabe o que eles representam na vida da gente”, explica Marise.
Para Alexandre Vazquez, dono
de cinco cães, eles têm direito à liberdade: "Se o cachorro sujar, tem
de limpar. É o dono que tem de ser responsável"
Se na Europa e nos Estados Unidos os amigos de quatro patas costumam frequentar os mesmos locais que os donos – de centros comerciais a ônibus e metrô –, no Brasil são poucas as cidades em que o livre acesso de animais de estimação a espaços públicos e sociais é uma realidade.
Em Brasília, os proprietários de pets lutam para ser acompanhados por eles onde quer que estejam. Seja em shoppings, restaurantes, parques, seja à beira do Lago Paranoá. E ai de quem cogita cercear a liberdade de seus companheiros. Em maio, cerca de 500 pessoas participaram da Cãominhada do Parque da Cidade para protestar contra o projeto de lei que previa o uso obrigatório de focinheiras mesmo para raças de pequeno porte.
O texto, vetado pelo governador Agnelo Queiroz, também impedia o ingresso de cachorros a áreas de lazer e provocou um rebuliço nas redes sociais. Uma enquete no site do Correio Braziliense mostrou que a cidade é favorável à liberdade dos peludos: apenas 28% da população querem vê-los longe das áreas públicas.
Maria Auxiliadora de Oliveira Martins, dona
de seis shih-tzu: "Assim como os seres
humanos, os cachorros têm direito de
passear, de transitar por todo lugar"
de seis shih-tzu: "Assim como os seres
humanos, os cachorros têm direito de
passear, de transitar por todo lugar"
“Mãe” de Chanel, a shih-tzu-celebridade dos shopping centers, a publicitária Marise Monteiro faz questão que a cachorrinha de 2 anos participe de todos os momentos de sua vida. “Ela está comigo em tudo. Não abro mão de ir com ela aonde for. O tempo que tenho, quero estar com a Chanel. Quem ama cachorros sabe o que eles representam na vida da gente”, explica Marise.
A fiel companheirinha vai com a dona para
festas, parques, restaurantes... Mas a publicitária já sabe que, quando
Chanel passeia no shopping, é difícil sair de lá com uma sacola. “Noutro
dia fui comprar uma blusa e não consegui. Todo mundo me parava, alguns
pediam para tirar foto com a Chanel”, conta Marise, orgulhosa.
A cadelinha não só parece acostumada, como dá sinais de que aprova muito o sucesso que faz. Assim que alguém se aproxima, Chanel fica na ponta das patas e balança o rabinho, toda animada.
“Ela é uma exibida”, brinca Marise. A publicitária nunca ouviu comentários contrários à presença de Chanel em áreas pouco frequentadas por pets. “Pelo contrário, as pessoas são sempre muito simpáticas”, garante.
No dia das fotos para Encontro Brasília, Chanel foi a um café e, em vez de olhares tortos, ganhou muitos beijos das funcionárias, encantadas com o charme da cachorrinha.
Nem sempre, porém, os pets despertam a simpatia de todos. Para o empresário do ramo pet Alexandre Sepúlveda Verlage Vazquez, é uma questão cultural. “Muita gente critica sem conhecimento. Esse projeto de lei mesmo não tinha nenhum embasamento, foi feito por quem não sabe nada de cachorro”, opina.
Ele e a noiva são “pais” de cinco cães de grande porte – quatro goldens retriever e uma labradora –, que costumam acompanhá-los pela cidade. Os peludos vão ao parque, à Ermida Dom Bosco, à Península dos Ministros...
Há poucos dias, um deles foi com Alexandre a uma loja de material de construção. “Ele tem direito de ajudar a escolher, a casa vai ser dele também”, brinca o empresário.
Para Alexandre, com o tempo, as pessoas vão se acostumar à presença canina em todos os lugares, como acontece no exterior. Ele conta que, na Europa e nos Estados Unidos, vê os peludos acompanharem os donos no dia a dia, sem serem incomodados. “Lá fora, eles são mais respeitados.
Em Orlando, viu um cachorro entrar com a dona no McDonalds e ninguém se incomodou”, recorda. Para Alexandre, muito do preconceito que ainda se tem com os cachorros é por causa da falta de educação de alguns proprietários.
“Se você tem um cachorro agressivo, não deve levar ao parque. Se o cachorro sujar, tem de limpar. É o dono que tem de ser responsável”, afirma.
A gestora educacional Maria Auxiliadora de Oliveira Martins concorda com Alexandre e acha que os animais não podem ser punidos pela irresponsabilidade de alguns donos. “Assim como os seres humanos, os cachorros têm direito de passear, de transitar por todo lugar”, defende.
Dona de um sexteto de shih-tzus, ela acredita que, no Brasil, há restrição demais à presença dos peludos, o que considera um preconceito. Contudo, Bela, Bob, Duque, Lady, Will e Gaia jamais foram discriminados em seus passeios. “Pelo contrário, eles só ganham elogios”, conta.
O
servidor público Bruno Tempesta abraçou a causa da liberdade de ir e
vir dos companheiros de quatro patas. Um dos organizadores da
Cãominhada, ele agora luta pelo Parcão, um espaço cercado onde os cães
poderão brincar, sem coleiras, dentro do Parque da Cidade.
A cadelinha não só parece acostumada, como dá sinais de que aprova muito o sucesso que faz. Assim que alguém se aproxima, Chanel fica na ponta das patas e balança o rabinho, toda animada.
“Ela é uma exibida”, brinca Marise. A publicitária nunca ouviu comentários contrários à presença de Chanel em áreas pouco frequentadas por pets. “Pelo contrário, as pessoas são sempre muito simpáticas”, garante.
No dia das fotos para Encontro Brasília, Chanel foi a um café e, em vez de olhares tortos, ganhou muitos beijos das funcionárias, encantadas com o charme da cachorrinha.
Nem sempre, porém, os pets despertam a simpatia de todos. Para o empresário do ramo pet Alexandre Sepúlveda Verlage Vazquez, é uma questão cultural. “Muita gente critica sem conhecimento. Esse projeto de lei mesmo não tinha nenhum embasamento, foi feito por quem não sabe nada de cachorro”, opina.
Ele e a noiva são “pais” de cinco cães de grande porte – quatro goldens retriever e uma labradora –, que costumam acompanhá-los pela cidade. Os peludos vão ao parque, à Ermida Dom Bosco, à Península dos Ministros...
Há poucos dias, um deles foi com Alexandre a uma loja de material de construção. “Ele tem direito de ajudar a escolher, a casa vai ser dele também”, brinca o empresário.
Para Alexandre, com o tempo, as pessoas vão se acostumar à presença canina em todos os lugares, como acontece no exterior. Ele conta que, na Europa e nos Estados Unidos, vê os peludos acompanharem os donos no dia a dia, sem serem incomodados. “Lá fora, eles são mais respeitados.
Em Orlando, viu um cachorro entrar com a dona no McDonalds e ninguém se incomodou”, recorda. Para Alexandre, muito do preconceito que ainda se tem com os cachorros é por causa da falta de educação de alguns proprietários.
“Se você tem um cachorro agressivo, não deve levar ao parque. Se o cachorro sujar, tem de limpar. É o dono que tem de ser responsável”, afirma.
A gestora educacional Maria Auxiliadora de Oliveira Martins concorda com Alexandre e acha que os animais não podem ser punidos pela irresponsabilidade de alguns donos. “Assim como os seres humanos, os cachorros têm direito de passear, de transitar por todo lugar”, defende.
Dona de um sexteto de shih-tzus, ela acredita que, no Brasil, há restrição demais à presença dos peludos, o que considera um preconceito. Contudo, Bela, Bob, Duque, Lady, Will e Gaia jamais foram discriminados em seus passeios. “Pelo contrário, eles só ganham elogios”, conta.
Chanel vai a todos os lugares
acompanhando a dona, Marise
Monteiro: "Quem ama cachorros sabe
o que eles representam na vida da gente"
acompanhando a dona, Marise
Monteiro: "Quem ama cachorros sabe
o que eles representam na vida da gente"
Em São Paulo
já existem iniciativas semelhantes e, em Porto Alegre, uma lei municipal
garante que 10% das áreas públicas de lazer, inclusive das praças,
sejam destinadas aos pets.
Em Brasília, o projeto do Parcão está sendo
discutido com a direção do Parque da Cidade, a Administração e a
Superintendência Geral de Parques do Instituto Brasília Ambiental.
“Ninguém é obrigado a gostar de cachorros, mas tem de respeitá-los. Uma
coisa que não entra na minha cabeça é que Brasília tem 74 parques, então
por que não pode ter um espaço para os cães?”, questiona, lembrando que
o Parque da Cidade é o maior parque urbano do mundo, com área de 4,2
km², o suficiente para abrigar todo tipo de frequentador.
Bruno tem um casal de golden retrievers e faz questão da presença da dupla onde quer que vá. Quando o servidor viaja, leva os dois, que se hospedam com ele em hotéis. Em Brasília, os companheiros vão até a restaurantes. “Se o gerente não aceita, não volto mais lá”, conta. “Se for parar para pensar, cada vez mais os animais fazem parte da família do brasileiro”, lembra Bruno.
Ainda não se sabe quantos moram em casas e apartamentos, uma dúvida que será sanada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): os animais domésticos passarão a ser incluídos nos levantamentos oficiais.
Mas os dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação indicam que Bruno está certo: o faturamento desse mercado aumentou 8,1% de 2012 para 2013, colocando o Brasil em segundo lugar mundial no ranking de consumo de produtos para os pets.
Bruno tem um casal de golden retrievers e faz questão da presença da dupla onde quer que vá. Quando o servidor viaja, leva os dois, que se hospedam com ele em hotéis. Em Brasília, os companheiros vão até a restaurantes. “Se o gerente não aceita, não volto mais lá”, conta. “Se for parar para pensar, cada vez mais os animais fazem parte da família do brasileiro”, lembra Bruno.
Ainda não se sabe quantos moram em casas e apartamentos, uma dúvida que será sanada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): os animais domésticos passarão a ser incluídos nos levantamentos oficiais.
Mas os dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação indicam que Bruno está certo: o faturamento desse mercado aumentou 8,1% de 2012 para 2013, colocando o Brasil em segundo lugar mundial no ranking de consumo de produtos para os pets.
A Cãominhada foi um protesto bem-sucedido dos donos dos animais: projeto que exigia focinheira foi vetado
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