MARTHA ALVES
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um terreno na rua Doutor Luiz Migliano, Jardim Caboré, próximo ao bairro do Morumbi, zona oeste de São Paulo, foi ocupado por sem-teto ligados ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), por volta da 0h deste sábado.
Segundo o Guilherme Boulos, do MTST, ao menos 700 pessoas ocuparam o terreno de aproximadamente 200 mil m2. " Não temos informações precisas, mas o terreno estaria abandonado há 30 anos e há suspeita que seja uma terra grilada que era do poder público", explica.
A PM não confirma o número exato dos sem-teto que invadiu o terreno porque quando os policiais chegaram a área já estava ocupada. Eles orientaram os sem-teto a não interditarem a rua para evitar confrontos e observaram a distância a ocupação durante a madrugada.
O vigilante de uma empresa disse à PM que viu quatro ônibus com sem-teto chegando ao local. Líderes do movimento disseram que as pessoas chegaram em ônibus de linha, outras caminhando e algumas de carro.
O MTST informou que a maioria das pessoas que ocupa a área são das comunidades Vila Praia, Olária e Viela da Paz, mas sem-teto de outros acampamentos também foram ao local para apoiar a ocupação.
ACAMPAMENTO
Em uma madrugada fria com termômetros marcando 15 ºC, mais de cem pessoas ouviam atentamente as orientações dos líderes do MTST sobre a rotina no acampamento, que não poderiam ser retirados do local e o horário que seria preparado café da manhã.
Intercalado com as orientações, os sem-teto gritavam palavras de ordem: "MTST, a luta é para valer", "o povo sem-teto vai morar no Morumbi" e "ocupar, resistir e morar aqui".
Após as orientações dos líderes, os sem-teto retornaram a sua rotina de montar as barracas utilizando lonas plásticas, bambu e madeira. Outros estenderam as lonas plásticas no chão para ser proteger do frio utilizando cobertores ou acendendo fogueiras.
O desempregado Luiz Cláudio dos Anjos, 26, que mora na casa do pai na favela de Paraisópolis, era um dos mais animados e gritava animado:"vou morar no Morumbi". Anjos disse que sempre quis ter uma casa própria e a ocupação do terreno chegou na hora certa." Soube da ocupação e pensei é aqui, não saio daqui", disse.
O eletricista Marcelo Lima, 39, disse que passava pela região e decidiu parar quando viu as bandeiras do MTST estendidas na entrada da ocupação.
Lima disse que antes não acreditava no movimento dos sem-teto e recusava convites para invadir imóveis, mas mudou de ideia quando viu amigos que vão receber as chaves de apartamentos construídos em uma área, anteriormente ocupada, no Jardim Salete, em Taboão da Serra.
"Hoje vou faltar ao trabalho para montar uma tenda", afirmou.
A manicure desempregada Elisabete Bispo, 28, é outra que passou a acreditar no movimento sem-teto após ver amigos conseguirem a casa própria com ajuda do MTST, em Taboão da Serra. " Agora passei a acreditar nas ocupações e vou passar a noite aqui para conseguir a minha moradia", falou com Elisabete.
O mecânico Josimar Pereira, 27, que mora na favela de Paraisópolis, recebeu a ligação de um amigo falando que tinha visto bandeiras dos sem-teto estendidas na entrada do terreno e correu para local.
Quando Pereira chegou ao local já tinha acabado os bambus e lonas, mas pediu para outros sem-teto para tomarem conta do espaço que reservou para montar a sua barraca ainda neste sábado. " Eu vou conseguir a minha casa própria", disse.
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Gutenberg
E assim nasce mais uma favela no Morumbi...
Flávia
Trabalhar
para pagar o aluguel e economizar para comprar o seu próprio imóvel
como a grande maioria faz nem pensar... pra quê? O Haddad logo logo
regularizará mais esse terreno...