O ESTADO DE S.PAULO - 21/06
Campanha eleitoral - e não se trata de outra coisa - é assim mesmo, quando os poderosos de turno resolvem se beneficiar das fragilidades das instituições democráticas: vale o que parece, não o que é; importa a versão, danem-se os fatos.
Campanha eleitoral - e não se trata de outra coisa - é assim mesmo, quando os poderosos de turno resolvem se beneficiar das fragilidades das instituições democráticas: vale o que parece, não o que é; importa a versão, danem-se os fatos.
E nessa aventura marota, na qual mergulhou de
cabeça para evitar um desastre para o PT em outubro, Luiz Inácio Lula
da Silva é insuperável.
Por isso, não se pode negar razão ao senador
Aécio Neves, agora candidato oficial dos tucanos à Presidência, quando
declarou, na segunda-feira à noite em São Paulo: "Não vamos cair nessa
armadilha do debate que apequena a política, do nós contra eles, da
disputa de classes".
A pregação da luta de classes, mote desde sempre das campanhas eleitorais do PT, desvirtua um dos fundamentos da sociedade democrática, o de que para se conquistar o bem comum é preciso somar e não dividir. Desde suas origens políticas na luta sindical, Lula notabilizou-se por "partir para cima" de seus "inimigos", atacá-los sem trégua, eliminá-los sob qualquer pretexto.
A pregação da luta de classes, mote desde sempre das campanhas eleitorais do PT, desvirtua um dos fundamentos da sociedade democrática, o de que para se conquistar o bem comum é preciso somar e não dividir. Desde suas origens políticas na luta sindical, Lula notabilizou-se por "partir para cima" de seus "inimigos", atacá-los sem trégua, eliminá-los sob qualquer pretexto.
Houve apenas uma ocasião
em que mudou de tática: por recomendação de seus marqueteiros, para
consolidar a tendência de vitória nas eleições de 2002 passou a encenar o
"Lulinha paz e amor".
Tal como faria pouco depois, ao renegar, na
famosa Carta aos Brasileiros, a pregação estatizante com que até então
combatia a política econômica do governo FHC, Lula abandonou
temporariamente - só temporariamente - sua vocação visceral para "guerra
e ódio".
A mesmíssima prática marqueteira de manipular os fatos para impor a versão que mais lhe convém Lula adota agora na tentativa de transformar em limonada o intragável limão da manifestação anti-Dilma ocorrida na Arena Corinthians.
A mesmíssima prática marqueteira de manipular os fatos para impor a versão que mais lhe convém Lula adota agora na tentativa de transformar em limonada o intragável limão da manifestação anti-Dilma ocorrida na Arena Corinthians.
Ninguém provido de um mínimo de sensatez,
educação e civismo aprova o modo grosseiro, com o uso de expressões
chulas, com que a presidente foi ofendida pela multidão.
Feita a ressalva necessária, é preciso também repelir com veemência a canhestra tentativa lulopetista de apresentar o episódio do Itaquerão como prova de que Dilma é "vítima das elites".
Feita a ressalva necessária, é preciso também repelir com veemência a canhestra tentativa lulopetista de apresentar o episódio do Itaquerão como prova de que Dilma é "vítima das elites".
Absolutamente, não. Registre-se que o
ministro Gilberto Carvalho, homem de Lula dentro do Palácio do
Planalto, saiu-se na última quarta-feira com a aparentemente
surpreendente versão de que o episódio do Itaquerão não deve ser
debitado a uma iniciativa da "elite branca" presente no evento, mas é o
resultado da "pancadaria diária" de que o governo e o PT são vítimas nos
meios de comunicação. Trata-se de uma variante tática do jogo
lulopetista, que merece comentário à parte.
O fato é que a contundente manifestação no estádio corintiano foi o resultado do mesmíssimo sentimento de insatisfação difusa que desde junho do ano passado tem levado diariamente às ruas brasileiros que, frustrados por mais de uma década de um ufanismo mirabolante e vazio, começam a se dar conta de que caíram num enorme conto do Lula.
O fato é que a contundente manifestação no estádio corintiano foi o resultado do mesmíssimo sentimento de insatisfação difusa que desde junho do ano passado tem levado diariamente às ruas brasileiros que, frustrados por mais de uma década de um ufanismo mirabolante e vazio, começam a se dar conta de que caíram num enorme conto do Lula.
E mesmo que se admita,
apenas para argumentar, que a manifestação anti-Dilma no Itaquerão tenha
sido obra exclusiva da "zelite", esta pode ser condenada por se ter
comportado em relação à chefe do governo do PT exatamente da mesma forma
como o PT e seu governo se comportam em relação a ela, a "elite"?
Colhe-se o que se planta.
De qualquer modo, é profundamente lamentável que, faltando ainda quase quatro meses para o pleito de outubro, a campanha eleitoral esteja enveredando pelo descaminho da retórica belicosa com que Lula e o PT pretendem, em desespero, aprofundar entre os brasileiros a divisão alimentada pelo ódio.
De qualquer modo, é profundamente lamentável que, faltando ainda quase quatro meses para o pleito de outubro, a campanha eleitoral esteja enveredando pelo descaminho da retórica belicosa com que Lula e o PT pretendem, em desespero, aprofundar entre os brasileiros a divisão alimentada pelo ódio.
E por
essa perspectiva desanimadora é também responsável a oposição, que entra
no jogo do lulopetismo em vez de se concentrar numa campanha
propositiva, que desmistifique, com objetividade e clareza, a empulhação
populista de Lula e sua sucessora, aponte caminhos viáveis para
garantir as inegáveis conquistas sociais e econômicas dos últimos 20
anos e defina uma rota segura para devolver ao Brasil a certeza de que
estará rumando em direção à prosperidade econômica e à justiça social.
É preciso tirar o ódio do caminho e estimular a cidadania, valorizar a unidade na diversidade e lutar, com genuíno espírito democrático, por um Brasil de todos.
É preciso tirar o ódio do caminho e estimular a cidadania, valorizar a unidade na diversidade e lutar, com genuíno espírito democrático, por um Brasil de todos.
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