Os R$ 15 bilhões em bônus e
antecipações, a serem pagos pela Petrobrás à União por quatro áreas do pré-sal
da Bacia de Santos, são pouco perto dos investimentos para explorar o petróleo.
A petroleira deverá gastar de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões na instalação
de plataformas e infraestrutura de escoamento da produção, segundo cálculo do
Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
O CBIE utilizou como base a
estimativa de gasto de US$ 200 bilhões para o campo de Libra, também no
pré-sal, licitado em 2013. A avaliação do mercado um dia após o anúncio da
contratação direta é de que o projeto exigirá muito mais do caixa da empresa, o
que contribuiu para desvalorizá-la.
A perspectiva de que os gastos da
estatal vão crescer nos próximos anos e de que faltam fontes de recursos
continuou incomodando o mercado nesta quarta-feira, 25, com quedas nas
cotações. As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 3,34% e as
preferenciais, 1,98%. Em dois dias, o valor de mercado (multiplicação do total
das ações pela cotação final do pregão) da Petrobrás recuou R$ 13,25 bilhões,
para R$ 217,65 bilhões.
Confirmado, o investimento em
plataformas e infraestrutura corresponderá a US$ 35 bilhões em cinco anos, no
mínimo, ou a um adicional na área de Exploração e Produção da Petrobrás de 22%,
considerando os US$ 153,9 bilhões previstos para a área no Plano de Negócios da
companhia, relativo ao período de 2014 a 2018.
As condições geológicas e
técnicas das áreas são parecidas, o que permite comparar as áreas envolvidas na
contratação direta - Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi - e
Libra, disse Adriano Pires, diretor do CBIE. A diferença está na dimensão das
reservas. Em Libra, são 8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, que
inclui gás natural) e nas quatro áreas variam de 9,8 bilhões a 15,2 bilhões.
“É claro que se trata de um
número aproximado, porque pode ser que a Petrobrás realmente consiga reduzir de
alguma forma o custo por aproveitar infraestruturas já existentes, como
mencionou a presidente da estatal, Graça Foster. Mas o investimento por barril
não fugirá muito daquele de Libra”, disse Pires. Na área licitada ano passado,
cada 1 bilhão de boe deve custar US$ 25 bilhões à Petrobrás e aos seus sócios.
Além de avaliações negativas pela
maioria dos analistas de bancos e corretoras que acompanham a empresa, o
anúncio gerou dois rebaixamentos de recomendação a investidores. O UBS mudou a recomendação
de compra para neutra, diante do aumento da percepção de risco relacionado à
governança corporativa. Já o Bradesco, segundo operadores de mercado, alterou a
avaliação de “desempenho acima da média do mercado” (outperform, no jargão da
Bolsa) para “em linha com o mercado” (market perform), diante da percepção de
que o contrato é ruim para a companhia.
O BTG Pactual alertou para o
aumento do risco de que a empresa recorra a novo aumento de capital em 2015. Os
analistas Gustavo Gattass e Andres Cardona avaliaram, em relatório, que o
mercado não deve gostar do novo acordo, mesmo que possa ser economicamente bom,
porque vai pressionar ainda mais o balanço da estatal.
Entre tantos questionamentos
sobre as condições da contratação direta da Petrobrás pela União está também o
quanto esse investimento irá prejudicar os demais projetos do pré-sal, segundo
um analista de banco que preferiu não se identificar.(Link Estadão)
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