quinta-feira, 26 de junho de 2014

Lula agora muda a versão e diz que Reinaldo Azevedo e outros oito não são os culpados pelas vaias e xingamentos a Dilma. O que dirão Trajano e suas melancias às avessas da ESPN, a “emissora estadunidense”?



Ai, ai… José Trajano, aquele senhor da ESPN que comanda os melancias às avessas — vermelhos por fora e verdinhos por dentro —, cuja existência descobri quando me atacou — e a mais três — de maneira vergonhosa, vai ficar chateado. Eles estavam convictos por lá, na emissora “estadunidense” (que é como devem falar esquerdistas autênticos como eles, certo?), que as vaias e os xingamentos a Dilma eram coisa dos leitores de Reinaldo Azevedo, entre outros. Coisa, como vituperaram por lá, da “elite branca de São Paulo”. 


Até cheguei a procurar por esses dias se a ESPN já havia emitido um comunicado renunciando a todos os seus assinantes da “elite branca de São Paulo”. Até agora, nada! Parece que se acovardaram. 


Eu entendo quando esquerdistas “autênticos” ficam de olho no caixa do Grupo Disney — e no Ibope. Até onde sei, parece que as acusações caíram como uma bomba na audiência. Que peninha! A do meu blog subiu pra caramba! Já bati o recorde antes de o mês acabar. Obrigado, Trajano e melancias às avessas amestradas! Bate que eu cresço! Adiante.


Quem também se acovardou foi Lula. Ora, ora, ora… Tão logo a tese da elite branca surgiu naquela “emissora estadunidense”, o Apedeuta saiu a repeti-la pelos cotovelos. Seria tudo coisa de reacionários. 


O jornalismo áulico reproduziu a patacoada segundo a qual as vaias e os xingamentos tinham sido uma beleza para Dilma. Na minha coluna na Folha de sexta-feira, tirei o sarro dessa mentira. Escrevi lá: “É evidente que o lado positivo da vaia é cascata. Essa versão é obra de ‘spin doctors’, cujo trabalho só é efetivo quando conta com a opinião abalizada de ‘especialistas’ e com a sujeição voluntária ou involuntária da imprensa”.


O primeiro a perceber a armadilha foi Gilberto Carvalho, que correu para negar a tese da elite branca. Pesquisas do Palácio do Planalto apontam que, ao contrário da versão que tentaram emplacar, o evento tinha sido ruim para a presidente, e a versão  tornava tudo pior.

Em entrevista nesta quarta ao “Jornal do SBT”, o ex-presidente mudou o tom — e sem combinar nada com Trajano, santo Deus! Agora ele afirma que “o governo, possivelmente, tem culpa” por não ter “cuidado com carinho” das insatisfações da população. Ah, bom!!! Com aquela sua inclinação natural para o pensamento de cunho filosófico, afirmou: 

“Eu digo sempre que a vaia e o aplauso é só começar que acontecem. Agora, aqueles palavrões me cheirou a coisa organizada, o preconceito, a raiva demonstrada. Possivelmente a gente tenha culpa. Vou repetir: que a gente tenha culpa de não ter cuidado disso com carinho”.


A fala é ainda um tanto confusa, e não se pode esperar nada melhor do que isso. Ou bem os palavrões “são coisa organizada” ou bem “o governo tem culpa”. De qualquer modo, trata-se de uma mudança de tom. 


Quem também foi desautorizado é o sr. Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, segundo quem os xingamentos eram consequência da pregação de pessoas como “Reinaldo Azevedo (este criado que escreve), Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Demétrio Magnoli, Danilo Gentili, Guilherme Fiuza, Marcelo Madureira e Arnaldo Jabor.”


Não deixa de ser divertido. Os petistas não perceberam que algo está mudando no país e que a eterna guerra promovida pelo PT do “nós”, que são eles, contra “eles”, que somos nós, não funciona mais. O petismo botocudo achou que poderia usar o episódio do Itaquerão para promover um arranca-rabo de classes e, se necessário, até um conflito racial, opondo branco a negros, ricos a pobres, paulistas ao resto do país.


Deu-se mal. O tiro saiu pela culatra. Os que embarcaram nessa canoa furada colheram o óbvio: a embarcação virou porque fez água. A versão de que a vaia era coisa da “elite branca” tornou pior para Dilma o que já estava ruim.


Eu bem que adverti aqui, como sabem, que não foi promovendo a guerra de todos contra todos que o PT chegou ao poder em 2003. Ao contrário: aquela linguagem beligerante era coisa do tempo em que o partido só perdia eleições. Lula está tentando consertar o estrago que ele próprio fez com a ajuda do jornalismo idiota ou comprado. 

De vítima, a gente sente pena, mas não lhe dá voto. Lula só foi eleito quando parou de posar de coitado e deixou que toda a sua autoestima, que é gigantesca, viesse à flor da pele, não é mesmo? O PT aprendeu a lição. E o jornalismo?


Por Reinaldo Azevedo

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