Contratação da estatal pelo governo, sem licitação, para explorar campos do pré-sal desvaloriza ações e impõe perdas a investidores. Dilma diz que operação é legal
Simone Kafruni
Publicação: 26/06/2014 06:55Correio Braziliense
Plataforma na Bacia de Santos: exploração de petróleo contratada pelo governo dará resultado só em 2021 |
O valor de mercado da Petrobras despencou R$ 18,4 bilhões só esta semana, montante superior aos R$ 15 bilhões que desembolsará ao governo pelo direito de explorar o óleo excedente de quatro campos do pré-sal na Bacia de Santos (RJ). Só ontem, o recuo do preço de suas ações foi de R$ 4,56 bilhões.
Ontem, os papéis ordinários (ON) derreteram 3,34%, cotados a R$ 16,23, e os preferenciais (PN), 1,98%, a R$ 17,29. Esse desempenho da petroleira ajudou ao pregão tombar 1,58%, o pior resultado em quase um mês. A operação sem licitação, autorizada terça-feira pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), desagradou aos investidores na companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa).
Após duas quedas seguidas, o valor das ações da Petrobras caiu para R$ 225,5 bilhões. Hoje, a Petrobras vale R$ 129 bilhões menos que seu patrimônio líquido, de R$ 354,5 bilhões. A reação negativa é um claro indicativo de que a exploração de volumes extras do pré-sal pressiona ainda mais o caixa e consolida o intervencionismo político na empresa. A impressão é de que os recursos devidos à União visam melhorar a performance fiscal do governo.
O governo contratou a Petrobras, sem licitação, para explorar o óleo excedente em algumas áreas da chamada cessão onerosa — Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi —, o que deve garantir reservas adicionais de até 15,2 bilhões de barris.
O negócio, contudo, implica desembolso de R$ 15 bilhões em bônus e em antecipações até 2018, sendo que a estatal prevê que o primeiro óleo excedente seja extraído só em 2021. Além disso, será feito ainda este ano pagamento de R$ 2 bilhões à União na assinatura do contrato.
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