quinta-feira, 27 de março de 2014

Inversão de valores.Devemos destruir Brasilia para satisfazer as empreiteiras?

PPCUB e LUOS: Demissão é um dos efeitos colaterais 

Falta de regras freia a construção civil, o que provoca baixa no setor. Empresários aguardam definição


patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br


A construção civil, já apontada como um dos principais impulsionadores da economia, passa por uma situação delicada.

 Nos últimos dois anos, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), houve uma baixa de, aproximadamente, 45% no número de obras autorizadas no Distrito Federal. 

O esfriamento é refletido na contratação de funcionários. 

Segundo a entidade, o DF fechou 2013 com duas mil pessoas desempregadas no setor.

 O impasse se resume, em parte, em duas siglas: Lei   de Uso e Ocupação do Solo  (Luos) e Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico (PPCub). Ambas vão definir parâmetros para novas construções na capital e  estão em discussão para que os projetos de lei sejam encaminhados à Câmara Legislativa, para só então serem – ou não  – aprovados.

Desgaste

De acordo com o vice-presidente do Sinduscon-DF, João Accioly, a falta de regramento provocou o desgaste do setor. Segundo ele, o desaquecimento vem atingindo as construtoras de todos os portes. “É preciso saber qual a regra do jogo. A dúvida vai tornando as obras inviáveis”, afirma Accioly.

Segundo ele, a nebulosidade prejudica todas as partes envolvidas. “Quando a regra é obscura, nós ficamos sem saber. Os riscos de erros, intencionais ou não, são elevados”, salienta. Para Accioly, a regulamentação tem papel central na melhoria do cenário. “Com a aprovação do PPCub e da Luos, a insegurança jurídica diminui. Estamos numa situação crítica que precisa ser solucionada”, diz.

Ajustes

 Mesmo reconhecendo as limitações dos projetos, o vice-presidente do Sinduscon ressalta a necessidade de lutar contra o tempo. “As propostas podem ser aperfeiçoadas, mas, sem dúvida, está melhor do que a realidade que vivemos hoje. Alguns pontos podem ser ajustados depois”, declara.

Ritmo tem diminuído

A visão do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) vai ao encontro do que sentem os profissionais do setor. Segundo operários ouvidos pela reportagem, com a lentidão no surgimento de obras, o ritmo de trabalho tem recuado nos últimos anos. 

“Antes o profissional era disputado pelo mercado, agora a oferta é muito pequena. Trabalhamos alguns meses e não sabemos como será o seguinte”, afirma o operário José Filho Silva, 30 anos.

 Com oito anos de experiência no segmento, ele confessa que a falta de estabilidade profissional tem sido motivo de preocupação. “Tenho uma esposa e dois filhos para criar. Um deles acabou de nascer. Preciso de trabalho para garantir o sustento”, pontua.

Otimismo

Apesar dos anseios, o operário revela que a crise ainda não faz parte de sua realidade. “A gente sabe que existe crise, vemos os patrões e os próprios colegas falarem, mas ainda não fiquei sem emprego”, destaca.

Para o futuro, as previsões do operário são otimistas. “Não posso desacreditar. Acho que a situação pode sempre melhorar. As obras vão aumentar e não vai falta emprego pra gente”, pontua José Filho Silva.

Trabalhadores estão preocupados

Com 42 anos de experiência na construção civil, o operário Daniel Pereira Santos, 60 anos, revela ter presenciado um período em que faltava mão de obra para atender a demanda. Hoje, segundo ele, a realidade é diferente. “A queda é bem visível. 

Antes havia obras espalhadas pela cidade e nós, trabalhadores, éramos disputados”, diz.
Segundo Daniel, o mercado encontra-se em situação de razoabilidade e precisa de mudanças para voltar ao ritmo esperado. “A minha aposentadoria chega daqui a cinco anos, talvez essas mudanças não cheguem até mim, mas torço pelo futuro dos colegas”, conta.

Situação inversa vive Rodrigo Jesus Santos, 19 anos, recém-chegado ao setor. Segundo ele, a baixa ainda não o ameaçou diretamente. “Vejo o que os meus colegas falam e fico preocupado. Mas como estou há apenas um ano e meio trabalhando com isso, ainda não deu pra sentir”, relata. Porém, ele diz que já pensa em mudar de ramo. De acordo com Rodrigo, a renda de R$ 1,2 mil por mês tem sido suficiente para garantir o próprio sustento. 

Comércio desativado

A falta de regulamentação também atinge outros setores da economia. Segundo o presidente da Associação Comercial do DF, Cleber Pires, a queda do comércio é notória. 

“No DF existem mais de 10 mil lojas fechadas. São diversas dificuldades para conseguir alvará, além dos problemas de segurança”, pontua. Desse total, 19% estão no Plano Piloto, segundo o presidente. “Isso corresponde a cerca de 2 mil empresas desativadas. Precisamos alavancar o comércio”, argumenta. 

Ele destaca que a definição de diretrizes claras ajudarão na ascensão do setor comercial do DF.

De acordo com o economista Pedro Aguiar de Melo, o crescimento da construção civil é prejudicado pela falta de vontade política dos envolvidos. “Aprovar um projeto é uma árdua batalha. Há um excesso de burocracia e de entraves. Já vi casos em que projetos ficaram esperando anos para serem aprovados”, diz.

Segurança

Com a aprovação das legislações, o economista espera que haja mais motivos pra comemorar. “Haverá mais segurança para as construtoras e também  para os agentes fiscalizadores. Com a confiança dos consumidores, haverá um reaquecimento do setor”, pontua.

Saiba Mais

A votação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) acontece hoje, às 9h, após dois adiamentos, na sede da Secretaria de Habitação, localizada na Quadra 6 do Setor Comercial Sul. 
Com a retirada do restante do PPCub da pauta, o Conplan passou a analisar e a votar tanto os destaque dos conselheiros às emendas do Executivo à Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), quanto as próprias emendas.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


Comentario

Se o raciocino é esse devemos tambem cometer mais crimes para dar emprego aos policiais? Ficar mais vezes doentes para dar emprego aos medicos e hospitais? Ter mais acidentes de transito para dar emprego às concessionarias?
Não estaria havendo uma inversão de valores nesse raciocínio?


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