quinta-feira, 27 de março de 2014

PT deseja Paulo Costa como bode expiatório, isolando-o do governo, da Petrobras e da Odebrecht

quinta-feira, 27 de março de 2014




Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net


A manutenção da prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras apanhado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, apavora o governo e um dos maiores grupos econômicos brasileiros, a transnacional baiana Odebrecht. 


Além de conselheiro da BR Distribuidora, Costa também ocupou uma vaga no conselho de administração da Braskem – ponta petroquímica da Odebrecht, focada na produção de resinas termoplásticas, e parceira da Petrobras em vários empreendimentos. Os negócios de Costa também mexem com os nomes dos grupos Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. 


Por isso, o plano é isolá-lo para transformá-lo em bode expiatório. A tentativa é reeditar uma espécie de Marcos Valério, no caso do Mensalão. Se condenado, o agora vilão Paulo Roberto Costa assume todas as broncas, sem redistribuir a culpa a ninguém. 


O principal objetivo é evitar que Costa seja seduzido por alguma proposta de delação premiada que acabe envolvendo gente importante do governo, da Petrobras e do empresariado parceiro do capimunismo petralha. A mesma tática valerá para Nestor Cerveró, destituído da direção financeira e do conselho da BR Distribuidora, que se encontra na Europa, cuidando da vida...  


Tudo indica que Costa vai para o sacrifício, para poupar o governo e a Petrobras. Evidência dessa manobra defensiva foi o ataque direto da presidente da estatal, Maria das Graças Foster, ao justificar a criação de uma comissão interna da companhia para apurar o caso Pasadena. Ainda mais porque o escândalo mexe diretamente com a melhor amiga de Graça, a Presidenta da República Dilma Rousseff, ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras na gestão presidencial de Lula da Silva – que aprovou a desastrada aquisição da refinaria texana.

Graça alvejou Paulo Roberto Costa: “As últimas discussões sobre a relação eventual do diretor Paulo Roberto (Costa, ex-diretor) com Pasadena. Eu descobri (segunda-feira), não sabia que existia um Comitê de proprietários de Pasadena no qual o Paulo Roberto era representante da Petrobras. Esse comitê era acima do board (conselho de administração). Depois que entramos em processo arbitral esse comitê deixou de existir”. 


Graça fez questão de frisar que ficou PT da vida com a surpreendente descoberta: 


"Eu não posso saber disso dois anos depois de estar na presidência da Petrobras. Eu não posso ser surpreendida com informações que me dão o desconforto necessário para que eu busque uma comissão para apuração". 


Na entrevista exclusiva concedida ao jornal O Globo, Graça Foster coloca em prática a ação defensiva da Petrobras para tentar o milagre de isolar a companhia das ações de Costa – agora em desgraça judicial: “Tudo é surpreendente. E nos deixa muito reativos no sentido de que somos uma empresa de 85 mil empregados. 


De uma empresa que tem uma dedicação inquestionável às causas da companhia. E estamos em pé e trabalhando dedicadamente independentemente de questões que nos entristecem e que nos deixam tão apreensivos. 


Num caso desse que entendo que vai ser julgado, e não sei qual é a situação do ex-diretor, um caso desse não representa a Petrobras, definitivamente. Então, a gente espera como vai ser o desdobramento. O ex-diretor, quando julgado, não representa a Petrobras. Com certeza, me surpreendi. 


E tenho dito à companhia que estamos em pé trabalhando fortemente num ano de prosperidade da Petrobras, pois o ano de 2014 é o ano de prosperidade. Trabalhamos tanto para o aumento de produção, para que a Rnest (Refinaria Abreu e Lima) tenha os custos controlados. Há dois anos que a gente segura a Rnest para controlar os custos. No Comperj, fizemos dezenas de simplificações para que coloque o Comperj em pé. 

É algo que emociona”.

As emoções realmente prometem ser fortíssimas... Tanto que, ontem, o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, confirmou a decisão do juiz Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, e negou habeas corpus e manteve a decretação da prisão preventiva de Paulo Roberto Costa. 


O principal argumento da Justiça foi que Costa, além de incriminado por interceptações telefônicas legalmente feitas pela Polícia Federal, tentou obstruir as investigações, junto com familiares que retiraram grande quantidade de documentos dos locais de busca e apreensão pela Operação Lava Jato.


As emoções devem subir a pressão sob a Petrobras – ameaçada por uma CPMI que a base aliada deve transformar em mais um espetáculo político de impunidade, diante de uma oposição sempre vacilante, que agora só posa de valente pela proximidade da eleição de outubro. 


Realmente será emocionante conseguir o milagre de dissociar o agora “vilão” Paulo Roberto Costa e seu parceiro de maldades, o doleiro Alberto Yousseff, das obras superfaturadas da Refinaria Abreu e Lima. Segundo o Tribunal da Contas da União, apenas na primeira fase, a parceria mentirosa de Lula com o falecido venezuelano Hugo Chávez teve um superfaturamento de R$ 69,597 milhões. O sobrepreço equivale a cabalísticos 13% do total do contrato, que era de R$ 534.171.862,30.


Haja emoção... O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, confirmou a existência de documentos demonstrando pagamentos vultosos do doleiro Yousseff a Costa, entre 2011 e 2012, relacionados às obras da refinaria pernambucana. 


Caso isto se comprove, principalmente com pagamentos a terceiros, se configuraria crime de corrupção passiva. A grande chave das investigações e do processo será identificar quem são os tais “terceiros” beneficiados pelo esquema. A mágica desejada pelo governo e pela cúpula petista é que, nos bastidores, por falta de provas, providencialmente já destruídas, fique difícil ou impossível culpar mais gente importante.


Agora, sem a menor emoção, não será surpresa se, em nome da sempre alegada “governabilidade e do interesse maior da Nação”, o tal Lava Jato (que identificou uma lavanderia ilegal de uns R$ 10 bilhões, igualando o velho Mensalão a um roubo de galinha) acabe em mais um “Jato Leve” de impunidade, que vai demorar uns 10 anos ou mais para chegar a alguma conclusão final nos tribunais.

Negociações abertas

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