quinta-feira, 3 de abril de 2014

Caso Miguel: Confissão do padrasto que matou a criança só para a ex



Apesar de ficar calado durante depoimento, Daryell assume o crime à mãe do menino, diz polícia
 
Renan Bortoletto
renan.bortoletto@jornaldebrasilia.com.br


Depois de se entregar à polícia na noite de terça-feira, na companhia de dois advogados, o padrasto do pequeno Miguel Estrêla – morto violentamente enquanto a mãe estava fora de casa – teria confessado ontem, em conversa com a ex- companheira, que “o satanás entrou na sua mente e o fez perder a cabeça”. Instruído por advogados, o professor de artes marciais Daryell Dickson Menezes Xavier, 25 anos, afirmou que só falaria em juízo.

Ele será indiciado por homicídio doloso qualificado por motivo fútil sem direito de defesa e estupro de vulnerável. Se condenado, a pena do lutador pode chegar a 30 anos.

A mãe do menino que completaria dois anos na próxima sexta-feira conseguiu um momento frente a frente com o suspeito. Neste instante, ele teria confessado as agressões e dito que “mais adiante, ela e a família iriam entender tudo”.

Quando Daryell chegou à 38ª DP (Vicente Pires) para prestar depoimento por volta das 14h de ontem, cerca de 30 pessoas, entre familiares e amigos, protestaram pedindo a condenação do rapaz.

A avó de Miguel, Márcia Valéria Baptista, 44, era uma das mais revoltadas. “É um covarde, teve uma atitude inexplicável. Entrou e saiu sem falar nada, isso prova a culpa dele. Acho que não estou nem 20% satisfeita mesmo com a prisão dele. Queremos que ele pague, e pague caro”, declarou a avó, que adiantou que organizará um manifesto amanhã, em frente ao Instituto Médico Legal (IML), pedindo agilidade na conclusão do laudo que provará se houve ou não abuso sexual.

Agressões antigas

A delegada responsável pelo caso, Tânia Dias Soares, disse não ter dúvidas de que ele é o culpado. “Essa conversa entre a mãe e o acusado foi testemunhada por nós, e não temos dúvida de que ele provocou o traumatismo craniano no Miguel”, admitiu. A delegada disse ainda que peritos colheram sangue do acusado para fazer exames que possam comprovar se Xavier estava sob efeito de drogas. Ele já foi condenado a quatro anos de prisão por associação ao tráfico, mas cumpriu a pena em liberdade.

“O que chamou a atenção foram as múltiplas lesões no crânio da criança. O laudo trabalha com a hipótese de que estas agressões possam ter sido iniciadas muito tempo antes do que o próprio crime cometido no final de semana. Por ser lutador de artes marciais, ele sabia como golpear para machucar e até mesmo encobrir essas lesões”, acrescentou a delegada.

Descoberta do delito

Quando foi ouvido pela primeira vez pela polícia, Xavier disse que o menino teria caído próximo à porta do quarto do casal. Depois, teria dito que a lesão podia ter acontecido na escola onde Miguel estudava.


A polícia também pediu exames de corpo e delito do filho do lutador de quatro anos, que morava com o casal. Existe a possibilidade de que ele também tenha sido agredido.


Sumiço

O pequeno Miguel morreu às 8h do último sábado. A suspeita de que o namorado poderia ter sido o assassino da criança foi levantada pela própria avó, após conversa com as enfermeiras e médicos que cuidavam de Miguel. “Uma médica perguntou para minha filha e para mim quem costumava limpar  as necessidades da criança. Respondemos que a mãe, e foi então que ela revelou que havia uma fissura anal”, contou a avó.


Mesmo assim, Daryell passou a noite com a ex-namorada e a avó da criança no hospital, prestando apoio e consolando a família. No dia seguinte, ninguém mais teve notícias do lutador.

“Eu o repudio!”

Nas redes sociais, a mãe de Miguel desabafou novamente quando soube que Xavier tinha sido preso: “Agora nesse momento eu abro minha boca a todos. Não amenizei minha dor, mas comecei a fazer justiça à minha própria paz, ao meu próprio coração. Eu o repudio!”

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília




Padrasto é suspeito de matar menino

Criança sofreu traumatismo craniano. A hipótese é de que o garoto teria sido espancado pelo rapaz
 
Estela Monteiro
estela.monteiro@jornaldebrasilia.com.br


A Polícia Civil expediu mandado de prisão temporária contra Dyrell Dicson Menezes Xavier, 25 anos. O rapaz, professor de artes marciais, é suspeito de matar o enteado Miguel Estrela Massena, de um ano e 11 meses. O crime ocorreu na última quinta-feira (27), em Vicente Pires.


De acordo com a polícia, a mãe do menino, Gabrielli Baptista Estrela, 23 anos, deixou ele com o padrasto e o meio-irmão de 4 anos - filho de Dyrell – e saiu. 

Cerca de 40 minutos depois, ela recebeu uma ligação do marido. 

Segundo ele, a criança teria caído e estava desacordada. 

Miguel foi levado para o Hospital Anchieta, em Taguatinga, com convulsões. Lá, a equipe médica identificou um traumatismo craniano e acionou a polícia. 

Um laudo preliminar apontou que a lesão foi causada por uma ação contundente, o que indica que o garoto teria sofrido uma agressão externa. Na manhã de sábado (29), o garoto faleceu após uma parada respiratória. 

O casal prestou depoimento na 38ª Delegacia de Polícia na sexta-feira (28). De acordo com a delegada Tânia Dias Soares, a hipótese de queda foi descartada, tanto pelo laudo, tanto pelos depoimentos de testemunhas. 

Ela explica que o garoto não apresentava lesões visíveis, mas o laudo apontava traumatismo craniano grave. “Uma lesão muito grave e que não deixou vestígios. O exame indica que o causador do trauma seria um fator externo, por uma força extrema”, afirma a delegada.

Durante o depoimento, o padrasto do garoto reforçou várias vezes a hipótese de queda e afirmou que “manteria a sua versão até o fim”. Foi quando a polícia suspeitou de que havia algo errado. 


Segundo ela, Dyrell em nenhum momento foi acusado de ter batido no garoto, mas mesmo assim, negava que isto tivesse ocorrido. Além disso, um familiar da vítima teria afirmado que o garoto ultimamente rejeitava o padrasto. “Ela disse que teve que ficar com a criança, três dias antes do ocorrido, porque ela não queria voltar para casa”, conta a delegada.

O filho de Dyrell, de 4 anos, foi encaminhado para perícia. O exame constatou algumas lesões pelo corpo do garoto. O menino teria contado a mãe que sofreu agressões por parte do pai. Ele será ouvido, pela delegacia especializada, como testemunha do crime. 

Abuso sexual

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal indicou também uma fissura anal, mas não indicou a causa da lesão. A delegada Tânia Dias afirma que ainda é cedo para considerar um suposto abuso sexual. “Esta lesão pode ter sido causada por qualquer coisa. Até mesmo uma prisão intestinal. É preciso aguardar resultados para afirmar que houve abuso”, explica. O laudo deve ficar pronto em 15 dias.

Até o momento, Dyrell é suspeito apenas de ter matado Miguel. “Nós temos todos os indícios de que houve um homicídio doloso e o padrasto é o principal suspeito”, afirma a delegada. “Pela natureza da lesão, pela a força que teria sido aplicada, e até mesmo com uma certa técnica, já que não deixou nenhum vestígio externo, acreditamos que foi o padastro o autor do crime. Até porque, ele estava sozinho com a criança”, completa Tânia.

Foragido

Desde a noite de sexta-feira (28), Dyrell está desaparecido. Ele também não compareceu ao enterro do enteado, que ocorreu no domingo (30). A delegada afirma que ele já foi convocado para prestar depoimento novamente, mas que não compareceu. Os familiares também não sabem do paradeiro do rapaz. 

Como a polícia já expediu mandado de prisão temporária, Dyrell é considerado foragido. A delegada disse que está preparando também o indiciamento do rapaz.

Dyrell pode responder por homicídio doloso, além do suposto abuso sexual. A pena para o crime de homicídio é de 12 a 30 anos de reclusão.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília



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