quinta-feira, 3 de abril de 2014

Eleições 2014: Saia-justa para deixar o governo


Filiado ao PR, secretário do Trabalho teria de virar oposição ao deixar pasta
 
Suzano Almeida
suzano.almeida@jornaldebrasilia.com.br


Ainda sem ter decidido se  deixa a Secretaria de Trabalho para se descompatibilizar do cargo e disputar as eleições de outubro, o bispo Renato Andrade (PR) ainda terá que enfrentar o dilema de, provavelmente, ter de apoiar um candidato de oposição ao governo de que faz parte. 

 Filiado ao PR há 20 anos, o secretário afirma que vai aguardar a convenção do partido, prevista para junho, mas que o caminho mais provável será a obediência à legenda.
Bispo Renato esteve boa parte do atual governo à frente da Secretaria de Trabalho, mas em outubro do ano passado foi surpreendido com a filiação do ex-governador José Roberto Arruda (PR), que anunciou no início deste ano sua candidatura ao Buriti com o apoio do também ex-governador Joaquim Roriz, hoje no PRTB.


Mesmo passando ao controle de  adversários do governo Agnelo Queiroz, o PR não pediu o afastamento do secretário do governo petista. 

“Em momento algum o partido pediu a minha saída da Secretaria de Trabalho e mesmo com a chegada do Arruda, em nenhum momento, fui constrangido por qualquer pessoa do governo ou do PR”, garante.

Quanto ao fato de apoiar ou não a candidatura de seu companheiro de partido, Andrade é enfático: “Primeiro vou aguardar a decisão do partido, que ocorrerá na convenção, para depois decidir o que vou fazer”.

O mal-estar pode influenciar na decisão, inclusive, da saída da secretaria. De acordo com secretário, a decisão só deverá ser tomada no final da tarde de hoje, já que ele tem até amanhã para deixar a pasta. “Há a possibilidade de eu não sair da secretaria, mas sou pré-candidato a deputado distrital”, declara.

Não se afastou

Políticos próximos ao bispo Renato garantem que ele estará ao lado de Arruda, caso a candidatura do ex-governador se concretize. “Não tem lógica ele fazer parte de um partido e apoiar o candidato de outro. Ele sempre deixou claro que foi o Arruda que chegou depois e que ele já estava no PR”, afirma um parlamentar próximo.

Para o político houve incoerência do PR ao declarar oposição ao governo e não pedir que o bispo Renato deixasse o cargo. “O PR está na oposição, mas em momento algum pediu para o secretário sair ou qualquer membro do partido. Era o mínimo que eles deveriam ter feito. Onde está a coerência? Será que, caso não dê certo com o Arruda, o partido não vai apoiar o governo depois?”, indaga o político.


Substituição de Sandro Avelar é um mistério
 

Assim como em outras secretarias, a partir de amanhã a cadeira de secretário de Segurança Pública do DF também estará vaga. Sandro Avelar (PMDB) já definiu que seu destino será a disputa de uma das oito vagas à Câmara dos Deputados. A decisão sobre quem o substituirá, porém, está guardada a sete chaves. O que sabe é que não se considera a Secretaria como objeto de política partidária, embora possa até   permanecer  nominalmente nas mãos do PMDB.
 
Fontes da própria secretaria afirmam que nem os servidores mais próximos de Avelar sabem quem será o próximo nome a assumir o posto, chamado pelo distrital Patrício (PT) de “Rainha da Inglaterra”. A decisão deverá ser pessoal, do governador Agnelo Queiroz (PT).
 
Três nomes na pole position
 
Em meio a tantas especulações, três nomes estão colocados. O do diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, do secretário-adjunto, Paulo Roberto, e do ex-delegado-chefe da 1ª DP Pedro Cardoso.
 
Mais cotado, Jorge Xavier nega que tenha sido procurado pelo governador ou qualquer membro do Buriti e afirma que não pensou na possibilidade. “Ninguém conversou nada comigo. Estou muito satisfeito onde estou”, declarou o diretor-geral. “Quem é agente público não escolhe onde trabalha. Não sou carreirista e só cumpro o meu dever, mas não acredito que seja eu”. Os demais não foram encontrados.
 
Candidatura ainda não foi discutida

Segundo o presidente do PR, Salvador Bispo de Oliveira, até o momento nem ele, nem o partido foram procurados pelo secretário Renato Andrade para tratar sobre a candidatura.
 
Salvador Bispo disse que, caso Andrade se descompatibilize, o partido vai ver qual será a decisão dele e, aí sim, decidir o que vai acontecer.
 
Um político próximo ao Bispo Renato afirma que, mesmo com fidelidade incondicional ao PR, o secretário poderá encontrar problemas internos no partido por conta de sua estreita ligação com o Partido dos Trabalhadores, do governador Agnelo Queiroz.
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


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