quinta-feira, 3 de abril de 2014

'Não estamos totalmente prontos', diz Valcke sobre a Copa Mas o secretário-geral da Fifa diz que não há mais tempo para mudar os planos

Fifa  VEJA


O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em sua última visita às obras do Itaquerão, em São Paulo


O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em sua última visita às obras do Itaquerão, em São Paulo 

 
"É triste porque um trabalhador morreu há poucos dias e o resultado é que o trabalho foi interrompido no estádio, onde muitas coisas precisam ser feitas", disse Valcke sobre o Itaquerão


Faltando pouco mais de dois meses para o início da Copa do Mundo, a Fifa afirma publicamente que o Brasil "não está totalmente pronto" para o evento. Em viagem à África do Sul, na quarta-feira, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, citou dois estádios que descumpriram os prazos: o Beira-Rio, em Porto Alegre, e o Itaquerão, em São Paulo. 

Além deles, há a corrida para terminar as obras na Arena da Baixada, em Curitiba, e na Arena Pantanal, em Cuiabá – que abriu as portas ao público pela primeira vez na noite de quarta, mas ainda tem muitas pendências que precisam ser resolvidas até o Mundial.

 "Se você quer que eu resuma, não estamos prontos. Temos dois estádios onde precisamos trabalhar", disse Valcke, em referência à instalação das estruturas provisórias nos estádios da Copa, um assunto que se transformou na principal preocupação do cartola francês.





Valcke voltou a comemorar a aprovação de uma medida que resolveu o impasse em torno do custo das instalações provisórias. "Em Porto Alegre, um acordo foi feito entre as diferentes partes para garantir que as instalações sejam financiadas, então agora falta apenas a implementação dessas decisões." 

Ao comentar a situação de São Paulo, Valcke lamentou mais uma morte no canteiro de obras do Itaquerão. Fábio Hamilton da Cruz, de 23 anos, morreu no sábado, ao cair de cerca de oito metros de altura enquanto trabalhava na montagem das arquibancadas móveis do estádio.

 "É triste porque um trabalhador morreu há poucos dias e o resultado é que o trabalho foi interrompido no estádio, onde muitas coisas precisam ser feitas", disse ele. Em Zurique, a Fifa se esquiva de marcar uma data para a inauguração – só diz que os primeiros testes acontecerão em "meados de maio".

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deu outra avaliação. "O Itaquerão está pronto. Falta apenas concluir algumas coisas de acabamento", disse. Apesar do otimismo de Rebelo, o Ministério do Trabalho enxerga problemas de segurança na reta final da obra – e o Ministério Público de São Paulo divulgou nota oficial na quarta-feira prometendo pedir a interdição do estádio – até mesmo durante a Copa – caso as falhas não sejam resolvidas.


Segundo ele, não há qualquer possibilidade de retirar a abertura da Copa de São Paulo. Nisso, ele e Valcke concordam. 

"Não há como adiar o jogo de abertura", disse o francês. "Temos um calendário e ele vai até 13 de julho. Portanto, não há como ter atrasos. Talvez teremos coisas que não estarão totalmente prontas no começo da Copa. Mas o mais importante para os 32 times são os campos de jogo e centros de treinamento, e isso estará lá para garantir que teremos futebol."

O que ficou só na promessa para a Copa

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Estádios privados

 

O Estádio Nacional de Brasília: o custo se aproxima dos 2 bilhões de reais em verba pública
 
O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas.

Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.


Cumprimento dos compromissos

 
 O Itaquerão, palco da abertura: obra deverá ser concluída apenas às vésperas da estreia

Quando os críticos da Copa apontavam o risco de o país repetir velhos vícios e entregar as obras em cima da hora, pagando mais do que o prometido por elas, o governo prometia seguir os planos à risca, mostrando que o Brasil é capaz de fazer as coisas conforme o combinado.


Mas ele não é. Todos os estádios estouraram o orçamento, e os prazos estabelecidos pela Fifa foram repetidamente ignorados.


Revolução na infraestrutura

 

Trem-bala japonês: a versão brasileira foi adiada por tempo indeterminado em agosto de 2013

A Copa foi usada como pretexto para a discussão de projetos há muito sonhados - como, por exemplo, o trem-bala que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, possivelmente com extensões aos aeroportos de Cumbica e Viracopos.


Os palcos da abertura e da final do Mundial, no entanto, seguem sem ter essa ligação rápida e prática.

Aeroportos modernizados


 
Obra do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal: projeto demorou a decolar
 
Há investimentos no setor, mas eles são muito mais tímidos do que o governo insiste em anunciar.

Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que, até abril de 2013, a Infraero utilizou apenas 18% dos recursos previstos neste ano para melhorias e obras nos aeroportos. Num ranking de qualidade com 142 países, nossos aeroportos estão na 122ª posição.

Transporte público de qualidade



VLT de Brasília: projeto era muito bonito no papel, mas não vai virar realidade

Na Matriz de Responsabilidade, documento que lista os compromissos da União, estados e municípios em relação à Copa, a previsão inicial era de um investimento total de 11,9 bilhões de reais em projetos de mobilidade urbana nas doze cidades-sede.

Com o fracasso de pelo menos seis projetos, 3 bilhões de reais foram cortados.

Combate ao supérfluo

 


O Maracanã, palco da final: atuação do TCU impediu desperdícios multimilionários na obra
O governo falava em realizar uma Copa dentro das possibilidades dos brasileiros, sem despesas desnecessárias. Essa cautela, porém, não existiu.


O Tribunal de Contas da União (TCU) conseguiu identificar gastos excessivos em obras de mobilidade urbana, estádios, aeroportos, portos e telecomunicações. Sua atuação provocou economia de 600 milhões de reais.

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