Dia do Trabalho, aquele feriado gostoso
em que poucos trabalham (?), ainda mais quando muitos vão emendar na
sexta e estender o fim de semana. Dia também de uma presidente sem
escrúpulos, anti-republicana, disposta a “fazer o diabo” para vencer,
anunciar benesses demagógicas sem se preocupar com seus efeitos. Dia
ainda de máfias sindicais realizarem festas e eventos com o “imposto
sindical” que somos obrigados a pagar.
Só não é dia de uma coisa: refletir
sobre a ética do trabalho. Infelizmente, o principal legado do
calvinismo não se entranhou em nossa cultura, e temos uma forte cultura
do diploma, dos esquemas com o governo, mas não do trabalho. Em 2012,
publiquei um artigo no GLOBO nessa mesma data falando sobre isso. Segue
abaixo:
A ética do trabalho
Vários
países celebram hoje o Dia do Trabalho. A data tem origem em uma
manifestação grevista ocorrida em Chicago no final do século 19, que
acabou em tragédia. Desde então, os socialistas utilizam o 1o de maio para manifestações de cunho ideológico contra o capitalismo. Mas faz sentido isso?
Quem fez
mais pelos trabalhadores: o capitalismo ou o socialismo? Quem permitiu
crescentes salários e melhores condições de trabalho: a concorrência de
empresas em busca do lucro ou os sindicatos?
Os
trabalhadores que desfrutam dos maiores salários são justamente aqueles
dos países mais capitalistas. Via de regra, há menos intervenção estatal
na economia desses países, assim como no próprio mercado de trabalho.
Vários desses países ricos sequer contam com salário mínimo, férias
remuneradas, 13o
salário ou outras “conquistas” celebradas por aqui. Entretanto, isso
não é impeditivo para rendimentos melhores. Qual o segredo?
Não há
mágica. Esses trabalhadores recebem mais porque são mais produtivos, em
boa parte pela melhor qualificação, e também porque há maior
concorrência entre as empresas. Quando muitos empregadores disputam a
mão de obra escassa, seu valor tende a aumentar. Faz sentido: se uma
empresa pagar um salário baixo para alguém eficiente, então outra
empresa poderá contratá-lo pagando mais e ainda assim lucrar com isso.
É o
capitalismo liberal o maior aliado dos trabalhadores. Sim, é verdade que
nos primeiros anos da revolução industrial a vida dos trabalhadores não
era nada fácil. Mas é preciso comparar isso com a alternativa da época.
Se na Inglaterra a vida era árdua, com longas jornadas e baixos
salários, na Polônia, distante do advento capitalista, a situação era
infinitamente pior.
O que hoje
vemos na China ilustra bem isso. As condições de trabalho ainda são
péssimas na média. Mas representam um enorme avanço frente ao passado
socialista. E se engana quem pensa que para melhorar bastam decretos do
governo e sindicatos fortes. Não se cria riqueza e produtividade com
canetadas estatais. O que a China precisa é justamente de mais
liberdade, de mais concorrência.
O país em
melhor situação na Europa é a Alemanha, com desemprego muito inferior
aos demais. Curiosamente, foi um governo de esquerda, de Gerhard
Schroder, que fez as reformas liberalizantes no mercado de trabalho. As
mudanças reduziram as restrições às demissões (o que facilita as
contratações) e cortaram os benefícios para desempregados que recusavam
ofertas de emprego ou participar de programas de treinamento. Os
sindicatos, sob pressão, aceitaram moderar suas demandas salariais.
A Alemanha
se tornou o país mais competitivo da região, enquanto vizinhos bem mais
camaradas nas leis trabalhistas enfrentam enorme desemprego,
especialmente entre os mais jovens. Na Itália, as máfias sindicais
impedem qualquer reforma que torne seu mercado mais competitivo, e até
assassinato já fez parte do rol de intimidação aos reformadores.
O Brasil,
infelizmente, parece com os países periféricos da Europa nesse sentido.
Para começo de conversa, o trabalho aqui nunca foi valorizado como
deveria. A Corte portuguesa considerava trabalho coisa de escravo.
Segundo conta Jorge Caldeira em seu livro sobre o Barão de Mauá, o
Imperador D. Pedro II jamais perdoou o empresário por tê-lo feito se
curvar com uma pá de prata em um gesto simbólico na cerimônia de
inauguração de uma estrada de ferro em 1852.
Nossa
língua fala em “ganhar” dinheiro para designar o salário, como se ele
fosse um presente, enquanto em inglês se fala “fazer” dinheiro,
denotando a necessidade de esforço e mérito. Muitos jovens sonham com um
bom “emprego”, de preferência estável em alguma repartição pública, mas
poucos enaltecem o trabalho meritocrático. Isso precisa mudar. Não é
necessário ser calvinista para reconhecer a importância de uma ética do
trabalho para o progresso de um povo.
Mas
existem ainda inúmeros obstáculos, além do cultural, que dificultam a
vida dos trabalhadores brasileiros. Eles são criados justamente pela
ausência de um modelo de maior liberdade econômica. Os encargos são
absurdos, a educação é precária e os sindicatos concentram muito poder. O
imposto sindical representa uma afronta aos trabalhadores. Qualquer
associação deveria ser facultativa. Somente assim os sindicatos terão
incentivos para representar efetivamente os interesses dos
trabalhadores.
Portanto,
trabalhadores brasileiros, uni-vos! Não temos nada a perder além dos
grilhões impostos pelo governo em conluio com as máfias sindicais.
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