Pois
é… A presidente Dilma Rousseff afirmou na Bahia, vejam post abaixo, que
será candidata com ou sem apoio dos aliados. E resolveu dar uma
filosofada, que é sempre a hora que mais temo, em que meu coração
verdadeiramente dispara, e meu cérebro entra em ebulição porque sei que
virá algo grande. Referindo-se a membros da base aliada que não a querem
candidata, afirmou: “Sempre, por trás de todas as coisas, existem
outras explicações”.
Pô, que
presidenta inteligenta! Talvez esteja citando Karl Marx — consta que ela
até deu aulas sobre marxismo na juventude; Jesus! —, segundo quem, se a
aparência das coisas coincidisse com a essência, a ciência seria
inútil. Mas vejam aonde isso nos leva, e posso imaginar os tumultos de
pensamento da governanta. O raciocínio em busca das causas não tem fim.
Ou tem: Dilma deve ter chegado a Santo Tomás de Aquino e a uma das
provas da existência de Deus, que é, como definiu o grande pensador, a
causa não causada das causas.
Mas pode
ser também que não estivesse pensando em imanências e só na forma como o
governo costuma alimentar a base aliada: com cargos, não é mesmo? Ou
seja: por trás de todo apoio, sempre há dinheiro público. Isso não é nem
Marx nem Santo Tomás. É só o jeito de o PT governar.
Agora
vamos pensar no conteúdo político da fala, para além da filosofada
presidencial. Ao afirmar que será candidata com ou sem o apoio da base
aliada, Dilma não está enviando um recado aos outros partidos, não, mas
aos petistas mesmo! Está é falando com a turma da sua legenda que está
engajada no chamado “Volta, Lula!”.
É evidente
que, ao fazê-lo, emite um sinal óbvio de fragilidade. Ninguém faz uma
afirmação nesse tom, com sotaque entre o heroico e o sacrificial, se
está bem na fita, não é?, se está forte, seguro, certo da vitória. Até
porque isso faria dela uma candidata invulnerável — e certamente não
haveria risco de deserções, como há agora.
Que fique
claro: a presidente tem se ressentido é da falta de entusiasmo dos
próprios petistas, o que levou Gilberto Carvalho, secretário-geral da
Presidência, nesta terça, a usar uma entrevista para convocar os
próprios companheiros a fazer a defesa de Dilma. A coisa está feia. Quem
diz que será candidata com ou sem o apoio da base aliada não será
candidata sem o apoio da base aliada. E ponto!
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