quinta-feira, 1 de maio de 2014

Escalado para exaltar a Copa do Brasil Maravilha, Gilberto Carvalho foi expulso do país habitado por gente farta de vigarices



01/05/2014


Augusto Nunes VEJA 



Atualizado às 10h55

Na chegada à sede do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, cenário da etapa carioca dos “Diálogos Governo-Sociedade Civil Copa 2014″, o sorriso confiante e a voz de orador da turma avisaram que o ministro Gilberto Carvalho estava em casa ─ e cercado por amigos de fé. 

Decerto imaginou que passaria as duas horas seguintes saboreando aplausos e carícias verbais da plateia amestrada, formada por integrantes dos “movimentos sociais”. Todos estavam ali para aprender que a Copa da Roubalheira, vista de perto, é outra soberba evidência de que o Brasil vai tão bem que, se melhorar, estraga.

Quebrou a cara, informa o vídeo acima. Já na entrada do auditório o sorriso morreu, esganado pela inscrição na faixa pendurada atrás da mesa no palco: NÂO VAI TER COPA. A voz começou a claudicar com as primeiras manifestações de hostilidade. 

E a autoconfiança foi dissolvida pela pancadaria sonora. Durante 15 minutos, a caixa preta ambulante lutou bravamente para sobreviver a vaias, apupos, risos debochados, apartes desmoralizantes, gargalhadas irônicas e cobranças de promessas ainda estacionadas no palanque.

Enfim rendido ao som da fúria, interrompeu o falatório, deu o encontro por findo, prometeu voltar em agosto e caiu fora da zona conflagrada. Até capitular, o camelô de embustes esforçou-se para vender à freguesia o conto da Copa. Jurou que a mina de dinheiro da Fifa, vista de perto, é uma usina de empregos para nativos. Lembrou que já trabalhou em favela, celebrou o Minha Casa, Minha Vida, culpou a oposição pelo atraso nas obras, pediu paciência aos presentes, fez o diabo. Nada funcionou.

Gilberto Carvalho preparou-se para uma festiva noitada no Brasil Maravilha. Só depois de consumado o fiasco descobriu que estava no Brasil real. É um país habitado por gente farta de vigarices. E é cada vez mais populoso.

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