Em seu segundo depoimento no Congresso sobre a compra da
refinaria de Pasadena (EUA), a presidente da Petrobras, Graça Foster, repassou
ontem para a presidente Dilma Rousseff a responsabilidade de esclarecer por que
Nestor Cerveró foi mantido em outro cargo em vez de demitido. Ex-diretor da área internacional da estatal, Cerveró foi
apontado por Dilma, em março, como autor do parecer "falho" que
baseou a aquisição da refinaria em 2006.
Na época, Dilma presidia o Conselho de Administração da
estatal que aprovou o negócio, que deu prejuízo de US$ 530 milhões. O caso
desencadeou suspeitas sobre a estatal e motivou a criação de uma CPI para
investigá-la.
Durante a audiência, Graça foi cobrada por oposicionistas
sobre por que Nestor Cerveró foi transferido para a diretoria financeira da BR
Distribuidora em vez de ser demitido em 2008, quando vieram à tona os problemas
com Pasadena. Cerveró foi demitido da BR neste ano, após as declarações de
Dilma. "Quem demite e quem aprova diretores da Petrobras e da
BR Distribuidora é o conselho, que é o mesmo [para as duas empresas]. Cabe
apenas ao conselho. Tem o presidente do conselho e os conselheiros, cabe a esse
presidente do conselho justificar a aprovação ou não de um diretor da nossa
companhia."
DESCULPAS
Graça também se desculpou aos funcionários da BR
Distribuidora por ter afirmado, em audiência no Senado há 15 dias, que a
transferência de Cerveró para a BR foi uma punição. Apesar da afirmação transferindo responsabilidade a Dilma,
na maior parte das quatro horas de depoimento Graça seguiu orientação do
Planalto e adotou um tom mais político e apaziguador.
Ela evitou críticas ao antecessor José Sérgio Gabrielli e
defendeu Dilma. Ainda neste tom, a executiva suavizou as declarações sobre a
compra de Pasadena, sobre a qual havia dito ao Senado que "não foi um bom
negócio". "De 2006 até 2008 era potencialmente bom. Pós 2008 era
um negócio de baixo retorno", afirmou. Segundo ela, as perdas de US$ 530
milhões com a compra de Pasadena podem ser revertidas caso haja melhorias no
mercado. (Folha de São Paulo)
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