30/04/14 -
Ao final do mês de
março último, em muitas reportagens veiculadas em jornais de todo o
país, membros da Comissão Nacional da Verdade afirmaram que há imperiosa
necessidade de serem reformulados os currículos das Escolas Militares,
principalmente no que tange ao ensino da disciplina História do Brasil
nos Colégios Militares. Considera a comissão que é "intolerável” que
ainda haja motivos para enaltecimentos à Revolução de 31 de Março de
1964.
De forma sutil, põem o Ministério da Educação na roda chamando-o à
polêmica, em decorrência da responsabilidade deste órgão em relação aos
currículos escolares que apresentem “falsas histórias”. A exposição
argumentativa posta nos artigos agride os princípios democráticos
constantes da nossa Constituição e permite, ainda, que fatos históricos
fiquem à mercê de pareceres e análises de cunho ideológico/partidário.
Esses membros poderiam pesquisar em outras fontes e, na mesma
intensidade, escrever a respeito de ensinos de teorias radicais de
esquerda nas escolas pertencentes à rede pública. Aliás, é oportuno
salientar a título de corroboração que, em algumas dessas escolas, já se
canta a "Internacional Socialista", uma ode ao comunismo. Os recentes
tumultos acontecidos no Rio de Janeiro, cujo ápice lamentável foi a
morte de um cinegrafista, revelaram, pelo menos, dois aspectos
significativos: um crescente radicalismo nos meios estudantis
secundarista e universitário protagonizado pelo grupo Levante Popular da
Juventude, e a aparição da ativista Sininho, que se vangloria ao dizer
que nasceu numa família petista.
Será que o Ministério da
Educação deve também, como sugerem tais comissões, atuar nesses
estabelecimentos de ensino público ou a atuação vale somente para as
Escolas Militares? Que opção seria melhor para a História do Brasil?
“Vaporizar” dos currículos das Escolas Militares a Revolução de 31 de
Março ou debater democraticamente o fato histórico?
Eis alguns
tópicos para a segunda opção. O Sistema Colégio Militar do Brasil
(SCMB), constituído de doze colégios, atualmente com 14.000 alunos
matriculados, destaca-se pela excelência do seu ensino. Tais colégios
herdaram de seus antecessores um legado que transcendeu gerações,
principalmente em relação aos corpos docente e discente. Os resultados
em exames divulgados nacionalmente comprovam a citada excelência,
oriunda da solidez, profundidade e amplitude de seu ensino. Seus alunos
se sobressaem muito bem em Olimpíadas Escolares e no Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM). O altíssimo índice (90%) de aprovação nas escolas
de ensino superior é uma das mais convincentes provas da competência dos
docentes, da dedicação dos alunos e da estrutura de ensino dos Colégios
Militares. A moldura deste quadro de que o Exército muito se orgulha é o
fato de muitos alunos dos Colégios Militares ingressarem em
universidades de renome mundial, tais como Harvard, Yale, Princeton e
Chicago.
É importante que nossa sociedade saiba que, ao fim do
ensino médio, nenhum aluno é obrigado a seguir a carreira militar e que
somente trinta por cento (30%) optam pelo prosseguimento. Nesse caso,
ainda têm de transpor uma barreira difícil: um exame de âmbito nacional,
junto com candidatos civis oriundos de outras escolas congêneres.
Os
princípios e condutas que nós, os militares, continuamos a cultuar e
cultivar, embora sejam tidos nestes tempos de permissividade como
valores ultrapassados, evidenciam dois detalhes que não constam dos
currículos e que são de capital importância para a formação de nossos
jovens em todas as Escolas Militares. O primeiro é a educação pelo
exemplo, cujos fulcros principais são a disciplina, o respeito ao
professor, o culto à verdade, a observância de horários e planejamentos,
a responsabilidade e a ausência de greves.
O segundo, muito
específico, é o fato de a profissão militar conseguir criar dentro das
Forças Armadas uma "grande família". Seus membros convivem
diuturnamente, desde os bancos escolares até as várias guarnições de
nosso país, unidos pela amizade, fraternidade e respeito. A experiência
adquirida nos anos vividos nas Escolas Militares contribui muito para o
fortalecimento desta convivência. Na era da informática este elo está
comprovadamente revigorado.
Já faz muito tempo que recebemos em
silêncio, uma carga enorme de notícias desfavoráveis e de inverdades a
respeito do período dos governos militares. Entretanto, nossos
familiares são as principais testemunhas dos nossos exemplos de
sacrifício, de conduta honesta e de abnegação não somente para com a
Instituição, mas, sobretudo, para com o Brasil. Sabem que nós fomos
envolvidos em uma luta fratricida — que não desejávamos e não iniciamos
— com o objetivo único de evitar a instalação de uma ditadura
comunista ou de uma "democracia" que até hoje as esquerdas não
conseguiram definir. Sabem, também, que lutamos, tivemos nossos mortos e
não nos beneficiamos de execráveis indenizações ou abjetas benesses,
cujo exemplo maior está na concessão das famigeradas "bolsas -
ditadura". Sabem, ainda, que erros foram cometidos pelos dois lados e
que só um deles é tido como vilão.
O segmento militar, com esta
unidade de pensamento e com esta conduta, deixa surpreendidos e
encabulados os intelectuais e ideólogos de esquerda. Em defesa desses
louváveis resultados educacionais, não permitiremos que currículos
escolares de nossas Escolas Militares sejam modificados unicamente para
que caprichos ideológicos contrários à vocação democrática do nosso
Exército sejam atendidos. Por isso, quando o assunto for currículos de
Escolas Militares, seria muito bom que os entusiasmados membros da CNV
não fossem além das sandálias.
Ao encerrar, como um passo à
frente do que propõem as tais comissões e os ideólogos da esquerda, o
governo poderia criar cargos de confiança para o acompanhamento e
sanções que julguem necessários para as nossas Escolas Militares. Seriam
similares aos cargos de “comissários políticos”, tão comuns em países
que professam ou professaram ideologias autoritárias, como a Rússia,
China, Cuba e Venezuela. É o caminho que parece ser o sonho daqueles que
hoje nos governam: a ditadura do saber nas escolas!
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