A
liturgia do poder diz que algo anda errado quando um visitante,
convidado ao palácio, não poupa de críticas ao seu anfitrião. Pior
quando os áulicos presentes ao salão não escondem a satisfação com o
desconforto do chefe.
Pois
tal cena se deu em pleno Palácio do Planalto, durante recente reunião
do Conselho Econômico e Social, o chamado Conselhão, que reúne governo,
empresários e sindicalistas para debater os rumos do país.
Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci de Oliveira (foto), para surpresa dos presentes, disparou críticas ao governo.
Protestou
contra promessas não cumpridas de verbas para mobilidade urbana. “O
governo foi a TV em junho passado e apresentou um investimento de R$ 50
bilhões. Mas o que estou observando é que, de lá para cá, a situação
não melhorou.”
Disse
mais “Enquanto isso, corte no Orçamento para fazer superavit, taxa de
juros nas alturas e exorbitantes transferências de recursos ao exterior
para pagamento de juros aos bancos estrangeiros.”
Dilma,
na mesa principal, ouvia tudo de semblantes carregado. Na plateia
Ministros e assessores faziam, protegidos dos olhares da chefe, gestos
de concordância. Teve quem sorrisse de satisfação. Talvez nem tanto pelo
conteúdo, mas pela coragem do convidado.
Ao
final Ubiraci foi efusivamente cumprimentado por colegas do Conselho.
Um empresário disse: “Mandou bem”. Da anfitriã ganhou um aperto de mão
seco.
O
sindicalista lavou a alma de muito assessor que já não aguenta mais a
descomposturas da chefe e de empresários que se cansam do jeito sabe
tudo de Dilma.
Enfim,
o estilo irascível da petista só joga contra ela própria. Leva ao
isolamento — tem um ministro que prefere evitar o Planalto – e sufoca a
criatividade de sua equipe. Algo que não combina nem um pouco com a
governança.
(artigo enviado por Mário Assis)
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