23 de abril de 2014 • 08h01
Estudo aponta que beneficiários do programa representavam 7,3% dos microempreendedores individuais do país
No Bolsa Família, uma das portas de saída – ou seja,
medidas que podem levar as pessoas a deixarem de depender do benefício –
é o empreendedorismo, em especial com a formalização dos negócios por
meio do Microempreendedor Individual (MEI). A avaliação consta de um
artigo do analista técnico Rafael Moreira, do Sebrae Nacional, numa
publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O artigo de Moreira debruça-se sobre a Pesquisa de
Perfil do Empreendedor Individual, elaborada pelo Sebrae com o
Ministério do Desenvolvimento Social. O levantamento apontou que, em
2011, as pessoas inscritas no Bolsa Família representavam 7,3% do total
de microempreendedores individuais do Brasil. Em números absolutos,
102.627 beneficiários criaram micronegócios regulares.
A figura da MEI, diz Moreira, possibilita formalizar uma
enorme parcela de beneficiários do Bolsa Família que exerciam seus
trabalhos na informalidade. Mas, para o microempreendedorismo realmente
se tornar uma porta para o benefício viável, “é preciso que haja um
esforço de governos e instituições de apoio para a capacitação técnica e
em gestão”.
Cruzando dados da pesquisa do Sebrae com o perfil de
quem recebe o Bolsa Família, Moreira encontrou resultados interessantes.
Por exemplo, os beneficiários que são microempresários individuais têm
um desejo de ascensão econômica. Pelos dados, 87% deles têm a intenção
de se tornar um microempresário, o que representa subir um degrau na
escala de tamanho de empresa.
“Percebe-se neles uma aspiração de
crescer”, afirma o texto, intitulado “Empreendedorismo e Inclusão
Produtiva: uma análise de perfil do microempreendedor individual
beneficiário do Programa Bolsa Família”, um dos artigos apresentados em
abril do ano passado na 25ª edição da Radar, publicação periódica do
Ipea.
Moreira observou que a distribuição setorial entre os
beneficiários empreendedores é muito parecida com a dos MEIs em geral:
42% atuam no comércio (no total dos MEIs são 39%), 31% em serviços
(contra 36% no total), 18% na indústria (mesma proporção do universo
total) e 9% na construção civil (contra 7% no total).
“Uma possível explicação para essa menor participação do
setor de serviços é o baixo grau de escolaridade dos MEIs-PBF”, escreve
Moreira, referindo-se aos que estão no Programa Bolsa Família. Ainda
assim, os dois grupos compartilham as duas atividades mais frequentes
entre pequenos empreendedores individuais: comércio varejista de
vestuário e cabeleireiros.
Entre os MEI do Bolsa Família, há mais mulheres (50,2%,
contra 45,3%), o que, avalia o especialista, pode estar relacionado à
maior participação do sexo feminino entre os inscritos no programa de
transferência de renda.
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