domingo, 4 de maio de 2014

O governo confere uma incompreensível prioridade ao petróleo — que polui, é caro e importamos –, em detrimento da energia limpa em que o Brasil é campeão mundial. Vejam este exemplo



(Foto: BiorrefinariaTec)
Na cana, há riqueza até no bagaço, grande produtor de energia limpa (Foto: BiorrefinariaTec)

O descaso de que se queixam do governo os integrantes da cadeia produtiva sucroenergética — da cana-de-açúcar à geração de eletricidade — vem sempre recheado de exemplos do que o país perde por estar deixando de apostar num nicho no qual, a partir do Proálcool, em 1975, acabou sendo o mais avançado do mundo.

A ilusão com a abundância de petróleo proveniente do pré-sal, que ainda está longe de chegar, os estímulos à fabricação de automóveis para garantir emprego na indústria e outras medidas que significaram uma incompreensível do governo Dilma opção pela gasolina — que é cara, polui, é em parte derivada de importados e ainda tem preço mantido artificialmente, com custos ao Tesouro — bateram forte num setor importantíssimo da economia do país

Vejam só um único exemplo que diz muito sobre o que o Brasil pode fazer com o setor sucroenergético. Na safra passada, na região de Ribeirão Preto (SP), onde está o grosso da produção nacional de cana, açúcar e etanol, seis usinas da cidade de Sertãozinho venderam energia elétrica produzida com vapor de água movido por queima de bagaço de cana, num total próximo a 1 milhão de megawatts, o suficiente para atender 2,1 milhões de habitantes por um ano — ou o equivalente a 521 mil residências.

Só essas seis usinas geraram o equivalente a 1% do consumo residencial de eletricidade no Brasil, por ano. E, além disso, evitaram que 430 mil toneladas de CO2 — o gás mais nefasto para o efeito estufa — fossem emitidas.

 Ricardo Setti VEJA

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