domingo, 4 de maio de 2014

Hospitais: nada é de graça na saúde pública

Ao deixarem as unidades, pacientes do DF vão ser informados sobre os custos dos tratamentos médicos
 
Da Redação, com Agência Brasília
redacao@jornaldebrasilia.com.br


Qual é o custo de uma consulta médica ou de uma cirurgia na rede pública? Certamente você não sabe a resposta porque essas informações, ao contrário do que acontece na rede particular, nunca estiveram ao alcance da população. Mas essa realidade mudará em breve com o Conta Cidadão. O objetivo é que ao sair do hospital o paciente tenha em mãos o custo do tratamento.

Cinco hospitais do DF foram escolhidos para testar a iniciativa  do Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC), do Ministério da Saúde. A finalidade é promover o melhor uso dos recursos públicos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O desafio iniciado em Brasília   foi estendido a 52 mil unidades do Brasil. Apenas 13   conseguiram coletar os dados.

Unidades

Os hospitais selecionados para o projeto foram os hospitais Materno Infantil (Hmib), de Ceilândia (HRC), de Santa Maria (HRSM), de Taguatinga (HRT) e o de Base (HBDF). Ao assumirem o desafio, em 2010, os gestores  elaboraram a melhor fórmula para fazer o levantamento, que  resultou em um relatório com os custos detalhados de cada setor durante  2013.

Nada ficou de fora, desde material de almoxarifado, lavanderia e telefone até procedimentos mais complexos. Com os dados coletados é possível saber, por exemplo, que um dia de internação de um adulto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hmib tem custo médio de R$ 2,7 mil; e   no HRC é de R$ 2,4 mil. Já na UTI Neonatal esses valores passam para R$ 2,9 mil e 2,4 mil respectivamente.
“A saúde é de graça, mas tem custos”, ressalta  a gestora do  Hmib, Elenilde Costa.  Para ela, o paciente dará mais valor ao sistema ao saber quanto custou seu tratamento.


Maior despesa: pessoal
 

Para saber como seria a reação de pacientes e servidores, um painel com alguns custos foi afixado no Hmib. Nele constam gastos com lavanderia, exames, diária na UTI, entre outros. “Todos que param para analisar os itens ficam abismados. Até mesmo os funcionários se interessaram em saber quanto eles custavam. Essa é uma iniciativa simples que está dando muito retorno”, conta a gestora do  Hmib, Elenilde Costa.
 
Os números  confirmam um dado já trabalhado como média no Brasil, onde 80% dos custos de um hospital são voltados para os recursos humanos.  Em seguida estão os serviços terceirizados, com 12%, 10% e 32%, respectivamente.
 
Situação diferente vive a regional de Santa Maria. A unidade, antes mantida por   organização social,   passa por transição para a gestão pública. Os serviços de lavanderia, por exemplo, ainda são terceirizados, diferentemente das outras unidades, que possuem estrutura própria, entre outros pontos.
 
Comparação  se torna inviável

Rodrigo Rodrigues Miranda, subsecretário de Planejamento, Regulação, Avaliação e Controle (Suprac),  da Secretaria de Saúde, explica  que os valores não permitem que se comparem as unidades, devido a características diferenciadas. O Hmib e o HBDF, por exemplo, são voltados para casos de alta complexidade. Já o HRC trata patologias de média dificuldade. Além disso, elas se diferenciam pelo número de servidores, de atendimentos diários, equipamentos, dentre outros.
 
“Comparar é um impulso automático, porém, a conclusão não será acertada. Nossa UTI serve de exemplo. Ela necessita de equipamentos e leitos especiais, o que reflete em um custo mais alto em relação às demais unidades”, argumenta a chefe do Núcleo de Controle de Custos, do Hmib, Elenilde   Costa. 
 
 Mais sete hospitais   estão sendo inseridos no processo:  de Planaltina (HRP), de Brazlândia (HRB), do Gama (HRG), da Asa Norte (Hran), de Sobradinho (HRS), Hospital de Apoio e Hospital da Criança. A ideia é que todas as 16 unidades públicas   participem do programa. O próximo passo é incluir   as UPAs.  
 
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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