domingo, 4 de maio de 2014

Fora de época: Propaganda eleitoral corre solta em Brasília

Políticos do Distrito Federal, em especial os que possuem mandatos e, por isso, com direito à imunidade parlamentar e foro especial na justiça, parece não temer ação da Judiciário e do Ministério Público Eleitoral.


Mesmo antes de os candidatos serem formalizados, a campanha já está na rua e, inclusive com a distribuição proibida de brindes, como as rosas de Olair Francisco, do PTdoB-DF.

A classe política do Distrito Federal, em especial aqueles que já possuem mandatos eletivos e, por isso, com direito à imunidade parlamentar e foro especial na justiça, parece não temer ação da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral.  São inúmeros e repetitivos os casos de propaganda eleitoral fora de época e antecipada e, em alguns casos, até custeados pelas chamadas verbas de divulgação do mandato, ou seja: dinheiro do contribuinte...

Nas festas de fim de ano, parlamentares se valem das cotas de correios pagas pelo contribuinte, para lapidarem suas imagens.

Natal, Páscoa, Ano Novo, Dia das Mães, das Crianças…, não importa a data, sempre aparece uma faixa fincada no gramado – o que também é proibido pelas normas depostura urbana da Capital Federal. Mesmo assim, não há notícias de que algum candidato tenha sido multado pela Agefis.

Período de festas também é motivo para o envio de cartões às residências dos potenciais eleitores – e com o selo pago pelo contribuinte.

A endemia de burla as normas legais não escolhe cor partidária: PT, PMDB, PTB, PT do B, as letrinhas vão se alternando e a irregularidade vai se mantendo ou até se multiplicando. Nas ruas, já é evidente o uso de adesivos e alguns não são nem disfarçados, com o truque de amigos de fulano ou de sicrano.

Eventos na cidades do DF, muitos turbinados com emendas parlamentares, sempre mantem acesa a lembrança de quem ajudou.

Pelas regras para as eleições de 2014, os candidatos e partidos só poderiam fazer propaganda eleitoral a partir de 6 de julho de 2014. Até lá, nada de santinho, folhetos, faixas, cavaletes etc. O início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão é sono dia 19 de agosto. Mas os candidatos ignoram as limitações legais e abusam na propaganda fora de época. Sabem que, no máximo, se forem pegos, pagarão uns R$ 5 mil de multa e este valor já está contabilizado nos custos totais da campanha fora de época.

As estruturas de Comunicação Social do GDF, que deveriam servir para a transparência dos feitos púbicos, em muitos casos, viram estruturas de campanha, contrariando o preceito constitucional de que a publicidade governamental deve ser impessoal. O desvio de conduta se percebe tanto no Palácio do Buriti quanto em algumas administrações regionais.


Ferramentas e recursos humanos das estruturas de comunicação institucional do governo são utilizadas para promover a pessoa dos mandatários.

Brindes
Desde a eleição de 2006, é totalmente proibida a confecção, utilização ou distribuição de brindes por partido, comitê ou candidato. Assim, na campanha eleitoral não pode haver o fornecimento aos eleitores de camisetas, chaveiros, bonés e outros brindes, outrora tradicionais. Eles podem até ser comprados pelos eleitores como forma de viabilizar aos partidos verba de campanha, mas receber de brinde não.

Os candidatos ainda nem estão oficializados e já tem deputado distrital fazendo entrega de rosas artificiais, acompanhada de santinhos, agradecendo o apoio eleitoral. O brinde é do deputado e empresário, Olair Francisco, do PTdoB-DF. A rosa vai acompanhada por um panfleto impresso na forma de boletim informativo, onde o deputado é clicado em nada menos do que 40 fotos distribuídas por quatro páginas. Em uma delas Olair Francisco é flagrado pela sua própria equipe de fotografia, panfletando no meio da rua, distribuindo material de campanha a garis.

O ato de Olair Francisco é rotulado como situação bastante grave, que pode ser considerada, inclusive, crime eleitoral (compra de votos – captação ilícita de sufrágio). Quem desrespeitar esta norma fica sujeito inclusive à cassação do registro da candidatura, do diploma ou do mandato, acaso eleito. Mas não existe temor entre os candidatos. Por que será que não temem a Justiça Eleitoral?


Este é um comportamento generalizado. Até mesmo o deputado Cabo Patrício, ex-presidente e hoje corregedor da Câmara Distrital do DF, a quem cabe zelar pelo correto, foi flagrado econdenado apagar R$ 9 mil por a fixação irregular de outdoors pelas vias de Brasília. Pena semelhante obteve o distrital Robério Negreiros, do PMDB. 

Também o vice-presidente da Câmara, Agaciel Maia, gosta de colocar as faixas deles em eventos públicos, alguns dos quais foram alvos de emendas parlamentares.
Não importa o partido, potenciais candidatos já estão em campo ferindo a legislação eleitoral.

Fiscalização

O que será que impede a Justiça Eleitoral de ser mais ativa e mais severa em suas punições?
O que será que falta ao Ministério Público Eleitoral para ser mais dinâmico em suas fiscalizações?
Por que será que a Agefis, ao encontrar propaganda política nas vias públicas, não multa os políticos e partidos envolvidos e não remete a propaganda eleitoral irregular à Justiça?
São políticas e regras de faz de conta, que estão lá, mas que ninguém as aplica com severidade, que ajudam a consolidar a imagem de sujeira, de vale-tudo, de falta de ética da política nacional.
Está na hora disso mudar.
Fonte: CHICO SANT’ANNA / Redação - 04/05/2014 - - 10:54:43  BLOG DO SOMBRA

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