03/05/2014
às 20:05
Leiam o que vai na VEJA.com. Volto ao assunto mais tarde.
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Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
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Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Ao mapear o caminho percorrido pelos mais de 10 bilhões de reais lavados pelo grupo comandado pelo doleiro Alberto Youssef, a operação Lava Jato, da Polícia Federal, encontrou um duto que abastecia diretamente políticos, partidos e campanhas eleitorais. Policiais e procuradores de Justiça já sabem que, para manter a influência e garantir contratos para “amigos”, o doleiro e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, destinavam grandes somas de dinheiro a autoridades.
Um levantamento feito pelo site de VEJA, a partir dos registros oficiais de doações de campanha, revela que, de 2006 a 2012, as empresas e seus diretores agora investigados por participação no esquema destinaram pelo menos 856 milhões de reais para financiar candidaturas. O PT lidera com ampla vantagem o ranking de doações do grupo, com 266,4 milhões de reais recebidos. Em seguida, estão PSDB (158,1 milhões), PMDB (149,8 milhões), PSB (70,7 milhões), DEM (43,9 milhões) e PP (34,2 milhões).
A
investigação começou a cruzar empresas, siglas, candidatos beneficiados e
contratos com a estatal. Um dos negócios esmiuçados pela investigação é
a construção da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, Pernambuco. Costa e
Youssef já viraram réus em processo por desvio de verbas da refinaria.
Dados bancários e fiscais obtidos pela polícia revelaram que o Consórcio
Nacional Camargo Corrêa (CNCC), responsável pela construção do
empreendimento, pagou comissões para a subcontratada Sanko Sider.
Parte do dinheiro, no entanto, foi parar na MO Consultoria – uma das empresas de fachada do doleiro. Pelo menos 26 milhões de reais foram desviados entre 2009 e 2013 para a firma de Youssef. A Sanko Sider, que forneceria tubos para a obra, fez doações para o PT pelo menos em 2006 – ano em que doou 6.000 reais para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Esta foi a única doação oficial registrada pela empresa desde então.
Parte do dinheiro, no entanto, foi parar na MO Consultoria – uma das empresas de fachada do doleiro. Pelo menos 26 milhões de reais foram desviados entre 2009 e 2013 para a firma de Youssef. A Sanko Sider, que forneceria tubos para a obra, fez doações para o PT pelo menos em 2006 – ano em que doou 6.000 reais para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Esta foi a única doação oficial registrada pela empresa desde então.
Já se sabe
também que outros doadores de campanhas, como OAS, Galvão Engenharia,
Jaraguá Equipamentos e Arcoenge depositaram recursos diretamente em
contas da MO Consultoria. Só a OAS repassou 1,6 milhão de reais para a
empresa de fachada, bem menos, no entanto, do que efetivamente registrou
em doações legais a campanhas políticas desde 2006 (131,3 milhão de
reais).
Entre as
empresas que Costa anotou como alvo de cobranças de doações, a Andrade
Gutierrez foi a que mais fez contribuições oficiais. De 2006 a 2012, o
conglomerado distribuiu 189,5 milhões de reais a políticos e partidos.
Nesse período, PT, PMDB e PP ficaram com 53% do total doado. Na gestão
dele, um único contrato rendeu 958 milhões de reais para a construtora
Andrade Gutierrez, depois de prorrogações e aumentos de gastos com 45
aditivos.
O segundo
maior doador oficial foi a Camargo Corrêa, que já tem conexão
identificada com o esquema de Youssef. O conglomerado doou 176,9 milhões
de reais para campanhas desde 2006. Só em 2010 foram distribuídos 56
milhões de reais – dos quais metade ficou com PT, PMDB e PP. No total,
em 2010, o grupo financiou oficialmente 83 candidatos a deputado
estadual, 70 candidaturas a deputado federal, 16 campanhas a governador e
25 candidatos a senador. O deputado federal Eduardo Cunha, líder do
PMDB e comandante dos rebeldes na base do governo, levou sozinho 500.000
reais para sua candidatura naquele ano.
A Polícia
Federal suspeita que o ex-diretor da Petrobras agia para abastecer o
caixa de políticos mesmo após deixar o cargo na estatal, que ocupou de
2004 a 2012. Em um caderno, ele tinha anotado nomes de sócios e
executivos de fornecedores da estatal e a situação de cada cobrança.
Aparecem nessa lista empresas como a Andrade Gutierrez, Mendes Júnior,
UTC Engenharia, Engevix, Iesa, Hope e Toyo Setal. Em 2010, Paulo Roberto
Costa fez, como pessoa física, uma doação de 10.000 reais ao Comitê
Financeiro Único do PT no Rio de Janeiro.
Caixa dois
Investigadores desconfiam que os recursos angariados pelo doleiro e pelo ex-diretor da Petrobras tenham sido destinados ao caixa dois de partidos. Pelo endereço de email paulogoia@hotmail.com, Youssef indicou em 17 de agosto de 2010 uma conta bancária para que Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor da construtora Queiroz Galvão, depositasse uma série de valores para políticos e diretórios. Uma parte da lista bate com os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Youssef cobrou 500.000 reais para o PP da Bahia; 250.000 reais para o deputado federal Roberto Teixeira (PP); 500.000 reais para o deputado federal Nelson Meurer (PP); 100.000 reais para o deputado federal Roberto Britto (PP); e 100.000 para o ex-deputado federal Pedro Henry (PP), um dos condenados no escândalo do mensalão. Na Justiça Eleitoral, estes são exatamente os valores doados pelo grupo Queiroz Galvão.
Há outras
cobranças, no entanto, com valores divergentes entre o que foi proposto
pelo doleiro e efetivamente registrado – o que reforça a tese de que
havia também um esquema de caixa dois operado por Youssef. No caso do
diretório Nacional do PP, a cobrança era de 2.540.000 reais, mas foram
registrados 2.740.000. Há outros valores que, nos registros do TSE, são
superiores aos do email enviado pelo doleiro, como o pedido de 250.000
reais para a deputada federal Aline Corrêa (PP), que recebeu
oficialmente da empresa 350.000. Já para o PP de Pernambuco, a cobrança
era de 100.000, mas foram doados formalmente 1.640.000.
Youssef
também fez contato com Cristian Silva da Jaraguá Equipamentos para
cobrar dados e emitir recibos de doações. De acordo com os registros do
TSE, a Jaraguá doou 250.000 reais para o deputado federal Roberto
Teixeira (PP), 250.000 reais para a deputada federal Aline Corrêa (PP),
100.000 reais para o deputado federal Pedro Henry (PP) e 50.000 reais
para o deputado federal Roberto Britto (PP). Mas a operação Lava Jato
constatou, com base em dados bancários e fiscais oficiais, que a Jaraguá
fez depósitos em contas da MO Consultoria, de Youssef. A empresa pagou
1,94 milhão de reais. A polícia desconfia que esse valor foi distribuído
como propina para o esquema de Youssef e Costa.
Até o
momento, apenas o deputado federal André Vargas (ex-PT), amigo de
Youssef, foi diretamente atingido pelas revelações da operação Lava
Jato. A Polícia Federal suspeita que o doleiro e o deputado eram sócios
em operações, mas o retorno financeiro auferido pelo parlamentar ainda é
desconhecido. O Comitê Financeiro Único do PT no Paraná recebeu, na
campanha de 2010, pelo menos 1,6 milhão de reais de fornecedores da
estatal que aparecem entre os contatos do esquema.
Essas empresas garantiram mais da metade da arrecadação do comitê paranaense petista e esse órgão partidário injetou cerca de 20 mil reais na campanha de Vargas. O deputado teve de renunciar à vice-presidência da Câmara e se desfiliar ao PT para minimizar os danos ao partido. Pode também ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, porque há indícios de que ele ajudou a Labogen, um laboratório de fachada de Youssef, na assinatura de um contrato milionário com o governo federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se o envolvimento de Vargas com o doleiro deve ser investigado no âmbito criminal.
Essas empresas garantiram mais da metade da arrecadação do comitê paranaense petista e esse órgão partidário injetou cerca de 20 mil reais na campanha de Vargas. O deputado teve de renunciar à vice-presidência da Câmara e se desfiliar ao PT para minimizar os danos ao partido. Pode também ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, porque há indícios de que ele ajudou a Labogen, um laboratório de fachada de Youssef, na assinatura de um contrato milionário com o governo federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se o envolvimento de Vargas com o doleiro deve ser investigado no âmbito criminal.
A atuação
de Vargas para favorecer o doleiro no Ministério da Saúde respingou no
ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao governo de São
Paulo. Subordinados de Padilha assinaram o convênio que permitiria ao
laboratório de Youssef faturar até 31 milhões de reais. A operação Lava
Jato revelou também que Vargas recebeu a indicação de um ex-assessor de
Padilha para ser contratado como lobista da Labogen em Brasília. Em
conversa com o doleiro, o deputado federal diz que a indicação para o
posto partiu do ex-ministro da Saúde. E Youssef falava a interlocutores
como se tivesse capacidade de influenciar a nomeação de cargos em
eventual governo de Padilha, como revelou o site de VEJA.
Nos
palanques de candidaturas a governos estaduais, os estragos da Lava Jato
trazem mais riscos ao PT. Também no Paraná os nervos dos petistas estão
à flor da pele. Vargas era cotado para chefiar a campanha da senadora
Gleisi Hoffman ao governo paranaense. Ela também faz parte da bancada
que recebeu recursos de fornecedores suspeitos de contribuir em doações
intermediadas por Costa e Youssef. Oficialmente, Gleisi foi a candidata
ao Senado que mais recebeu recursos da Camargo Corrêa, com 1 milhão de
reais embolsados na última eleição. Conseguiu ainda doações de outras
empreiteiras na lista de Costa. A UTC Engenharia deu 250.000 reais para a
campanha da senadora e a OAS repassou 780.000 reais. Angariou ainda
100.000 reais da Contax, uma coligada da Andrade Gutierrez, para sua
candidatura.
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